Determinação e a busca por justiça. Home Before Dark faz a adaptação das aventuras de jornalista mirim Hilde Lisko, e aqui, talvez, a principal ideia para que a série desse certo seria a escalação da sua protagonista. E para isso, a AppleTv+ escolheu a atriz mirim Brooklynn Prince que cativou o mundo no longa Projeto Flórida há alguns anos. E realmente Prince é, de longe, a melhor atuação da série, desbancando quase todos os outros nomes adultos, e o motivo para você dar uma chance para a produção do serviço de streaming da Apple.
E depois que o espectador comprar a ideia de uma jovem de 9 anos andar pela cidade de Erie Harbor, fazer perguntas cabeludas por aí, escrever para um jornal on-line comandado por ela, e investigar um caso fechado há mais de 30 anos, é que podemos aproveitar a série realmente.
Aqui, Home Before Dark faz uma série policial como qualquer outra, e aborda os mais batidos temas como corrupção na polícia, casos de desaparecimento, e moradores com segredos, onde quase tudo não é o que parece ser. Mas o diferencial da série é que no centro disso tudo temos a jovem Hilde (Prince), com sua mente investigativa e seu faro jornalístico que irá movimentar a pacata cidade depois que ela e sua família se mudam de Nova York para o local.
Home Before Dark brinca com todos os estereótipos de cidade pequena para construir uma trama de investigação que aos poucos vai por desvendar um caso que movimentou a cidade há anos: o do desaparecimento de Richie Fife (Kiefer O’Reilly). O sumiço do garoto movimentou a cidade toda em sua busca há anos, e até hoje é um assunto que a comunidade não comenta muito. Sam Gillis (Michael Greyeyes) foi preso, e está na prisão pelo crime desde então, mas um grupo de moradores acredita que ele não é o verdadeiro culpado, afinal, o corpo do garoto nunca foi encontrado.
Assim, Hilde e seu pai, o jornalista Matt (Jim Sturgess), que trabalhou durante anos em um jornal investigativo no Brooklyn, começam a olhar para o caso novamente na busca de pistas. Matt está um pouco desacreditado na profissão, e Home Before Dark demora para fazer o personagem encontrar sua essência novamente, e, pelo menos nos primeiros capítulos, cabe a jovem Hilde começar a procurar pelas pistas, e assim, incansavelmente, ela persiste nessa busca.
Home Before Dark tenta ao longo de seus episódios criar um mistério e aponta para todos os lados atrás de respostas, principalmente sobre os inúmeros segredos que a cidade esconde. Algumas decisões da equipe de roteiristas para o desenvolvimento da história são difíceis de serem compradas em alguns momentos, mas quando vemos a trama pelo olhar da garotinha as peças começam a fazer sentido, é como se Hilde tivesse um olhar de raio x para as coisas que os adultos não vem, e às vezes se mete em confusões e consegue estar em lugares que se passa desapercebida, e aí, talvez, que fica a graça da série.
Assim, Home Before Dark faz uma série quadradinha em termos de desenvolvimento de seus arcos narrativos e de seus personagens. Os roteiros ficam sempre na ideia de que Hilde é muito mais inteligente que os adultos, o que acaba por ficar um pouco maçante ao longo da temporada.
A trama também acaba por ficar um pouco inflada ao precisar criar sub-tramas ao longo dos episódios que apenas desviam um pouco do caso principal, mas que agregam para o espectador conseguir entender e se ambientar com a história contada. Como o caso de Matt, e toda sua culpa por abandonar o pai Sylvester (Reed Birney) quando adolescente, de Izzy (Kylie Rogers), a irmã mais velha que sofre com a rejeição das colegas de escola, e ainda de Briget (Abby Miller), a mãe que fica ali pelas beiradas de fora do relacionamento jornalismo de pai e filha, ao mesmo tempo que precisa salvar seu casamento já desgastado, e tentar voltar com sua carreira como advogada de defesa.
Na medida que a investigação encontra novas pistas, seja uma fita de vídeo da cena do crime, uma tatuagem enigmática, ou ainda a van usada no sequestro do garoto, Home Before Dark fica ainda mais pessoal para os personagens envolvidos com o garoto desaparecido, seja ele o próprio Matt, e para o detetive Frank Jr. (Michael Weston), os melhores amigos de Ritchie na infância e que estiveram com ele na noite do desaparecimento, ou ainda para a diretora Kim (Joelle Carter), e Frank Senior (Louis Herthum), o chefe de policia que encobertou grandes informações durante a primeira investigação há muitos anos atrás.
Home Before Dark faz uma produção água com açúcar em relação as outras séries policiais e de investigação, com episódios longos de quase 1 hora, onde parece que a série se estica mais do que deveria, o que pode cansar os espectadores. A trama realmente engata depois do episódio 5, e entrega bons episódios como o combo 1×06 – 88 Miles an Hour, 1×07 – Search Party, 1×08 – The Future Is Female, e o final de temporada 1×10 – Bigger Than All of Us.
No final, dentro das opções do catalogo da Apple TV+, Home Before Dark talvez chame a atenção por conta de sua protagonista, mas realmente não é a melhor série disponível na plataforma.
Home Before Dark está disponível na Apple TV+.
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