sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Hellboy e o Homem Torto | Crítica: Ruim, mas pelo menos não é mais uma história de origem

Nem parece que há pouco tempo atrás estávamos lá em 2019, o ator David Harbour tinha sido escalado para ser o novo Hellboy já que estava no auge da popularidade por conta de Stranger Things e um reboot estava para sair. Mas, uma pandemia global, e duas greves de sindicatos em Hollywood depois, um novo Hellboy está para sair, sim, só que agora é o reboot do reboot.

Lembrando que esse projeto de 2024, chamado Hellboy e o Homem Torto (Hellboy: The Crooked Man, 2024) não tem nada haver com o projeto de 2019, não. e nem com os primeiros filmes. É uma outra equipe, outros atores, e um outro ângulo que a história vai focar para levar o demônio vermelho gigante que usa casacos sem nada por baixo para as telonas mais uma vez.

Adeline Rudolph e Jack Kesy em cena de Hellboy e o Homem Torto. Foto: Imagem Filmes

Depois de Ron Perlman e Harbour, é a vez do relativamente novato Jack Kesy assumir o manto, a tinta vermelha e os chifres raspados e interpretar o personagem. E Hellboy e o Homem Torto agora baseia sua história nos quadrinhos de Mike Mignola e meio que já assume que o espectador já conhece quem é Hellboy, como ele surgiu, sua função naquele mundo e tudo mais.

Não que isso efetivamente ajude o filme, que também não é lá essas coisas, mas pelo menos não é mais uma longa com uma história de origem de um personagem de quadrinhos. O roteiro de Christopher Golden, Brian Taylor e do próprio Mignola é perspicaz em, logo de cara, logo no início, já jogar o espectador em uma aventura de Hellboy, sem muita explicação. Mas se isso funciona de certa forma, essa ideia também acaba por ser um problema para o longa de maneira geral e, principalmente, para o ritmo do projeto. 

Afinal, em Hellboy e o Homem Torto as coisas acontecem do nada. E não estou exagerando aqui não. Do nada, somos apresentados para a figura do demônio vermelho que está em missão com a colega, a oficial novata, Bobbie Jo (Adeline Rudolph vinda da série da Sabrina), onde vemos eles dentro de um trem, na parte de carga, com a porta aberta e com uma grande caixa que precisam proteger.

Rapidamente, vemos em seguida que o que eles precisam proteger é uma aranha com habilidade de aumentar de tamanho (feita por efeitos visuais meio capengas, sim), acabar com um colega e ainda fugir para o meio de uma floresta. Assim, do nada também, a dupla logo de cara também já cruza caminho com uma família, onde rapidamente são convidados para entrar no casebre e no piscar de olhos já estão íntimos deles, da população do vilarejo e já tão por dentro dos problemas que essa comunidade vive e quem é boa gente e quem não é.

E se o ritmo e o texto não são nada sutis, ou que não levam um tempo para construir essa trama, Hellboy e o Homem Torto pelo menos não perde tempo para já apresentar tudo de uma vez e consegue fazer o longa ficar pelo menos dinâmico em se assistir. Fica claro e a sensação que passa é que a ideia dos roteiristas, da direção, e da produção era de correr o máximo possível com a história para não dar tempo, de nós, os espectadores percebemos tudo de ruim que está tudo que o longa tem entregado até aqui. Palmas para a edição?

Por outro lado, tecnicamente falando, Hellboy e o Homem Torto até consegue criar uma ambientação sombria para contar essa história, sobre um demônio que aterroriza uma pequena comunidade e o diretor Brian Taylor usa bem a câmera para dar uma sensação um pouco mais claustrofobia para as passagens escuras.

Particularmente, acho que tem uma cena onde os personagens precisam esperar o retorno de um outro personagem no casebre que eles tão escondidos e que vemos um corpo murcho e sem vida, encher novamente depois de estar vazio é muito boa e bem feita. Mas também só viu? Ao apresentar as figuras chaves dessa história e seus contextos para essa trama, tudo soa tão batido, já visto, desinteressante, e meio que não é entregue com a certa empolgação que deveria.

Jefferson White e Jack Kesy em cena de Hellboy e o Homem Torto. Foto: Imagem Filmes

Afinal, os efeitos especiais também não são lá grande coisa, nem as atuações, já vi melhores nas piores séries da The CW, e tudo mais. E nem mesmo, o tom investigativo que a trama parte quando faz questão de esconder algumas questões narrativas e nos deixar com essas perguntas enquanto Hellboy, Bobbie Jo e o morador local Tom (Jefferson White) precisam ir atrás de respostas que surgem depois que a jovem possuída Cora (Hannah Margetson) os indaga sobre diversas questões.

O trio vai para igreja local, onde eles buscam a ajuda do padre Watts (Joseph Marcell) para conseguirem vencer esse mal, o demônio conhecido como O Homem Torto. Na medida que o trio luta contra diversos seres, ameaças, e, talvez, o diabo encarnado em um grande pássaro, o longa segue sem pregar nenhum susto, ou efetivamente causar qualquer tipo de reação que poderíamos ter em filmes do gênero. 

E por mais realista e pé no chão que seja, Hellboy e o Homem Torto até flerta com as divagações sobrenaturais e dá uma bela enrolada para chegar no seu clímax e ato final. Mas, também quando chega, o longa entrega momentos finais igual fez ao longo do filme todo. Corrido, apressado e é isso então, beijos, tchau, até a próxima e Hellboy e Bobbie Joe partem para a próxima missão.

E nem vou comentar na tentativa de criar uma espécie de flerte e relacionamento amoroso entre os dois, né? O que é isso? A Bela e a Fera? No final, fica claro que a tentativa dos produtores era de querer que Hellboy e o Homem Torto fosse um início de uma nova franquia cinematográfica e episódica para o personagem. Mas vendo o que foi entregue aqui, não dá para deixar de se perguntar: será que não era mais fácil fazer uma série de streaming? Com esse elenco, com essa narrativa, com esses efeitos especiais, eu não vejo uma força para Hellboy e o Homem Torto nos cinemas. Mas talvez para quem for muito fã, o filme empolgue.

Nota:

Hellboy e o Homem Torto chega nos cinemas nacionais em 5 de setembro.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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