domingo, 22 dezembro, 2024
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Guardiões da Galáxia Vol. 3 | Crítica: Uma despedida emocionante, mas que pouco ousa

“I’m hooked on a feeling
I’m high on believing
That you’re in love with me”
– Blue Swede (Guardiões da Galáxia: Vol. 1)

A mixtape que o diretor James Gunn trouxe com Guardiões da Galáxia foi uma muito interessante se compararmos com os tipos de produções que a Marvel Studios tinham lá em 2014. E depois disso, esses personagens mais desbocados sempre estiveram lá no cantinho, mais para a extremidade do que era o MCU, onde ficou claro que eles eram mais os garotos punk rock, em relação aos colegas pop.

 Pom Klementieff, Chris Pratt, Dave Bautista, Karen Gillan em cena de Guardiões da Galáxia: Vol. 3
Foto: Photo courtesy of Marvel Studios. © 2022 MARVEL.

E Gunn parecia ter carta branca com esse grupo de desajustados que foram apresentados nos cinemas, afinal, eram personagens pouco conhecidos dos quadrinhos, e com sua introdução nos cinemas e no Universo Cinematográfico da Marvel deram muito dinheiro para o estúdio, e se transformaram em queridinhos do público.

O tom do texto mais ácido, essa ideia de quase heróis, ou heróis em formação, que os Guardiões da Galáxia apresentaram nos primeiros filmes parece que logo depois foi um pouco diluído na medida que a própria Marvel não sabia muito bem o que fazer com eles fora do mundinho que tinha sido criado por Gunn. E por terem caído no gosto do público, os Guardiões começaram a pipocar em outros projetos, agora junto com o resto do MCU, seja nos grandes eventos como Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Ultimato (2019), quanto ainda em participações como outros filmes dos heróis do MCU como em Thor: Ragnarok (2022).

Mas demorou para termos os Guardiões na frente de um projeto novamente. Seja por conta da agenda desses atores, alçados a grandes estrelas em Hollywood, por conta da pandemia, ou as polêmicas de bastidores que aconteceram e que impossibilitaram termos novos filmes da franquia por um tempo. Mas Guardiões da Galáxia:Vol. 3 (Guardians Of The Galaxy Vol. 3) chegou, e é o filme final de Gunn na Marvel, pelo menos por um bom tempo.

Não sei dizer se Gunn vai embora da Marvel no auge, e que Guardiões da Galáxia Vol. 3 vá embora com estalo que merecia, fazendo o barulho que merecia, mas o Volume 3 foca no emocional e na conexão que criamos com esses personagens durante anos, sem dúvidas. 

Para os fãs mais hardcore desses personagens, separem um lencinho pois Guardiões da Galáxia Vol. 3 vai te causar emoções. Afinal, o filme celebra esses personagens que passaram por poucas e boas ao longo dos anos. Em uma passagem do longa, o Senhor das Estrelas, Peter Quill (Chris Pratt) até comenta, e relembra, tudo que esse grupo passou em uma das cenas para um outro personagem, onde esse tipo de humor, mais ácido e afiado, marca registrada da franquia e do próprio Gunn dentro da Marvel, continua firme e forte em Guardiões da Galáxia: Vol. 3 que tem roteiro do mesmo.

E aliado com uma história extremamente sombria, e que realmente revela um lado mais maluco e pirado dessa galáxia, Gunn garante que Guardiões da Galáxia: Vol. 3. consiga realmente aproveitar para contar uma história desse grupo, mais como uma família, do que como um grupo mesmo, nessa nova aventura. Mas também sinto que faltou um pouco de ousadia para Guardiões da Galáxia Vol. 3 conduzir sua trama, e contar essa nova aventura para esses personagens. 

Zoe Saldana em cena de Guardiões da Galáxia: Vol. 3
Foto: Photo courtesy of Marvel Studios. © 2022 MARVEL.

Sem entregar muito em spoilers (aliás nem posso, Kevin Feige tá de olho), mas sinto que o longa introduz, desenvolve e finaliza os arcos de diversos personagens de uma forma segura, e extremamente fácil para muitos deles. Claro, algumas coisas são extremamente bem-vindas como o fato que agora vemos como Groot (voz de Vin Diesel no original) amadureceu e temos uma nova versão diferente das outras que vimos nos filmes anteriores como Baby Groot e adolescente Groot, mas o “I am Groot” continua.; temos um pouco mais da relação entre Mantis (Pom Klementieff) e Drax (Dave Bautista) que realmente aflorou por conta dos eventos do especial de Natal (disponível no Disney+); e ainda a chegada de Cosmo, o Cão Especial (voz de Maria Bakalova que realmente está maravilhosa), e claro, a forma como Gunn trabalha para introduzir na trama a outra Gamora (Zoe Saldana, no seu melhor momento com a personagem e o destaque do longa), a versão de outra linha do tempo que deu as caras em Vingadores: Ultimato, e como Peter (Pratt) vai lidar quando a personagem, totalmente diferente de como a sua Gamora agia com ele.

Uma das partes mais legais de Guardiões da Galáxia: Vol. 3 claramente fica quando essa história realmente nos mostra o quanto esses personagens mudaram desde de quando foram introduzidos, até os eventos que são retratados agora, quando vemos eles formarem essa família improvisada e que compartilham moradia em LugarNenhum.

É o caso de Nebulosa (Karen Gillan) que passou de vilã pau mandado do “pai” Thanos para a “tia” desbocada e está completamente bad-ass com um novo braço no melhor estilo Exterminador do Futuro e que garante ótimas cenas, tanto para a personagem quanto para Gillian que realmente achou o tom certo, e também de Kraglin (Sean Gunn) que a assume a função que foi de Yondu (Michael Rookie), mesmo que realmente nunca faz parte do time oficialmente.

O longa coloca então esses personagens para enfrentar uma ameaça bem pessoal na medida que descobrimos mais sobre o passado de Rocket (voz de Bradley Cooper) e seu envolvimento com um personagem conhecido dos quadrinhos da Marvel chamado Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji, ótimo e extremamente ameaçador). Entre os rankings de vilões do MCU, Iwuji interpreta esse vilão com uma mistura de excentricidade e teatralidade bem interesse, quase no mesmo estilo que vimos com Jonathan Majors como Kang, mesmo que as intenções desse cientista são mais malucas e estranhas.

Os flashbacks da criação de Rocket, permeiam a trama, ao mesmo tempo que nos tiram um pouco do foco da ação, na medida que o roteiro de Gunn faz com que esses personagens embarcarem em diversas missões ao longo do filme para resolver uma situação caso de vida ou morte. 

Rocket em cena de Guardiões da Galáxia: Vol. 3
Foto: Photo courtesy of Marvel Studios. © 2022 MARVEL.

E em termos de narrativa, Guardiões da Galáxia: Vol. 3 realmente se mostra ser o filme mais maduro dos três. O melhor da trilogia? Acho que nada supera o primeiro por seu frescor e originalidade, mas o Volume 3 realmente tem seus momentos, tanto em termos de desenvolvimento desses personagens, como passagens extremamente bem feitas visualmente e de efeitos visuais. Se você sentiu incômodo com os efeitos de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania ou em Thor: Ragnarok, deixo claro que em Guardiões da Galáxia: Vol. 3 eles estão bem melhores.

E Gunn capricha não só na trilha sonora do Volume 3, como nos visuais que são uma mescla de terem cenas super coloridas, para outras extremamente escuras e que dão um tom quase de suspense/terror para diversas passagens. Ao levarem esses personagens em diversas missões para ajudarem uns aos outros, o longa acaba por mostrar a importância dessa família escolhida por eles e como seus destinos estão selados agora que eles fazem parte desse grupo e que precisam enfrentar novas ameaças, na forma do ser dourado, mega poderoso e cheio de energia cósmica Adam Warlock (Will Poulter, um alívio mais cômico por conta de seu personagem se parecer com uma criança) e de antigos inimigos como a também douradona Ayesha (Elizabeth Debicki).

Guardiões da Galáxia: Vol. 3 lida com temas e conceitos extremamentes pesados e que levam discussões importantes mesmo que fiquem um pouco diluídos nas cenas de ação, nas peripécias desses personagens, e no humor do texto que realmente acaba por ser marca registrada desse grupo e do próprio Gunn dentro da Marvel, como falamos.

O clima de despedida, uma certa imprevisibilidade na história e no que pode acontecer, onde todos esses personagens que não estão 100% salvos, e um tom emotivo para contar essa história, marcam o Volume 3 e tira um pouco o gosto ruim que muitos fãs tem sentido em relação aos projetos anteriores lançados.

Mas, no final, fica claro que Gunn, e a Marvel, apostaram no seguro para esse novo, e eventual capítulo final para esses personagens que antes eram o símbolo de rebeldia e subversidade. Não dá para dizer, com total certeza que com Guardiões da Galáxia:Vol. 3, os dias de cão na Marvel terminaram, mas pelo menos caminham para momentos mais tranquilos com esse filme.

Avaliação:

Avaliação: 3 de 5.

E onde assistir Guardiões da Galáxia: Volume 3?

Guardiões da Galáxia: Vol. 3 chega em 4 de maio.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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