Gran Turismo: De Corredor A Jogador | Crítica: Um filme rápido em todos os sentidos possíveis

A Sony Pictures e a Playstation já vem, há algum tempo, na tentativa de criar uma sinergia maior entre as duas divisões da Sony Corporation e trabalharem juntos em projetos baseados em jogos para os cinemas. Começou com o longa Uncharted (2022) e agora temos a nova empreitada da divisão com Gran Turismo: De Corredor A Jogador (Gran Turismo: Based On a True Story, 2023) parece que enfim entregar mais um acerto na divisão.

Antes de mais nada, dá para dizer que o longa de Neill Blomkamp, entrega um filme extremamente divertido justamente por compreender que realmente é um que não quer inventar a roda. E ao mesmo tempo também fica claro que Gran Turismo: De Jogador A Corredor faz um filme rápido em todos os sentidos possíveis. E olha que o longa tem mais de 2 horas de duração hein? Afinal, o roteiro da dupla Jason Hall e Zach Baylin precisa acelerar para contar a história desse jogador de Gran Turismo (jogo de Playstation, claro!) que virou um corredor profissional.

A história é real, por mais surreal que possa ser, e aconteceu de verdade. E aqui, por um tempo, logo no começo, pareceu que o tínhamos era um longa muito no estilo “vamos focar só nos aspectos positivos” e fazer mais um filme que soasse propaganda do que um produto cinematográfico propriamente dito.

E talvez, seja por isso, que Gran Turismo: De Jogador A Corredor precise ser um filme rápido. Afinal, mira um público extremamente jovem, e acostumado com a franquia Velozes e Furiosos, mas tem também muita história para contar, muitas narrativas para passar e também muitas corridas para se percorrer na medida que conhecemos o jovem Jann Mardenborough (Archie Madekwe) nesse coming of age moderno que o longa se constrói a partir dessa premissa curiosa. 

E é com o carisma sem tamanho, maior que a curva do Senna em Interlagos, de David Harbour que o longa se garante, se apoia, diverte. Ao lado de Madekwe, é Harbour que faz Gran Turismo: De Jogador A Corredor sair de ser um filme da Playstation para vender mais jogos para ser um filme, filme mesmo. Harbour como o treinador Jack Salter entrega uma humanidade para o longa extremamente importante e necessária para Gran Turismo: De Jogador A Corredor não ficar só focado em ser um filme wikipédia e cumprir os fatos que aconteceram com Jann, desde de quando é selecionado, e começa a treinar na Academia Gran Turismo, até ser um piloto de verdade.

Basicamente Gran Turismo: De Jogador A Corredor se desenrola como um grande filme de superação, se divide em três grandes arcos narrativos bem definidos e que não queimam a largada em nenhum momento e que estão ali em suas posições para ajudarem a contar essa história da melhor forma possível. Dentro das limitações que o longa oferece, claro. Não esperem nada muito rebuscado, para isso assistam Ford V Ferrari (2019).

“Baseado em uma história real”, o longa é bem estruturado, dramaticamente bem desenvolvido e que aproveita para entregar picos de adrenalina que correm por aí basicamente a cada 15 minutos, onde Gran Turismo: De Jogador A Corredor sabe bem o público que quer atingir e faz isso com uma precisão gigante.

E tirando a parte técnica, as posições onde a câmera fica capturar cada frame, cada segundo, a parte visual e os impressionantes aparatos de efeitos visuais são realmente os grandes destaques, afinal, nos fazem parecer estar a jogar o jogo, ou estarmos na posição que Jann ou os outros pilotos estão durante as corridas.

Assim,Gran Turismo: De Jogador A Corredor tem em seu elenco, e em seus atores, uma chance de sair do lugar comum para esse tipo de filme. De Harbour como o treinador meio rebelde e com um passado curioso, de Orlando Bloom com um executivo de marketing que arrisca sua carreira nesse projeto, ou até mesmo Josha Stradowski como o maior rival do protagonista, o piloto adolescente ricaço Nicholas Capa, todos eles estão bem e desempenham muito bem seus papéis no longa. 

Ao focar nas corridas e nas etapas que Jann precisa passar para atingir seus sonhos, Gran Turismo: De Jogador A Corredor passa sinal por sinal por elas para contar essa história na medida que vemos o longa debater as questões envolvidas por trás disso tudo, as consequências, as responsabilidades, dessa decisão e o que representa para esse garoto fazer parte desse mundo. 

Desde da parte do personagem querer provar para a família, principalmente para o pai Steve (Djimon Hounsou) e o irmão Coby (Daniel Puig) que ele é bom no que ele faz, da parte que o longa foca nos treinamentos da Academia que seleciona um jogador de Playstation para ser um piloto de verdade, e até mesmo nas corridas classificatórias para Jann conseguir tirar sua licença e enfim realizar seu sonho. E também na parte ruim, quando um acidente muito bastante coisa na trama dá a chance para a ex-Spice Girl Geri Horner mostrar seu lado mais dramático como a mãe de Jann no longa. 

E não só na parte profissional, Gran Turismo: De Jogador A Corredor realmente é um filme sobre um adolescente entrando no mundo adulto que por acaso é um mundo de alta velocidade e competição. Mas o mais interessante é que o roteiro, e o filme, nunca esquece que Jann ainda é um jovem inexperiente, seja em corridas reais, ou em questões da vida, mesmo como por exemplo chamar a garota (Maeve Courtier-Lilley) que tem um crush para sair e tudo mais. 

Assim, Gran Turismo: De Jogador A Corredor faz um filme que se apoia no carisma desses atores para entregar um longa de superação divertido, cheio de boas piadas e realmente um agrado para os fãs do jogos que devem aproveitar as diversas passagens, em diversas pistas, até vermos esses personagens na lendária corrida na pista em Le Mans, uma das mais famosas e perigosas do circuito automobilístico. No final, Gran Turismo: De Jogador A Corredor faz uma corrida pelos sonhos de um jovem garoto que é bem representado em tela e acerta ao entregar um combo certo entre comédia e drama. 

Onde assistir Gran Turismo: De Jogador A Corredor?