domingo, 22 dezembro, 2024
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Glass Onion: Um Mistério Knives Out | Crítica: Sem mistério nenhum, um novo acerto de Rian Johnson no gênero

Agatha Christie popularizou o gênero Quem matou? na literatura, mas graças ao diretor  Rian Johnson com Entre Facas e Segredos, lá em 2019, vimos a proliferação de produções com a temática tanto no cinema, quanto no streaming, ter seu maior boom.

E não foi por menos, com um sucesso em mãos (indicado ao Oscar na categoria de Roteiro Original), e com a necessidade de se afastar da franquia Star Wars, Johnson assinou um contrato multimilionário com uma das principais plataformas de streaming do mundo, e a sequência, e o retorno do detetive Benoit Blanc de Daniel Craig, sai como um dos grandes lançamentos do ano na Netflix, num competitivo momento para os streamings, para Hollywood e o conceito da experiência de se ir aos cinemas.

Glass Onion
Daniel Craig e Janelle Monáe em cena de Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Foto: Courtesy of Netflix.

E com Glass Onion: Um Mistério Knives Out (Glass Onion: A Knives Out Mistery, 2022), Johnson se vê no melhor dos mundos: uma plataforma com alcance global, um cobiçado lançamento de final de ano, onde os cinemas estão dominados por um único blockbuster, e claro, com mais dinheiro para contar essa história de Quem Matou?. Fica claro aqui, então, que o diretor e escritor tira o maior proveito disso tudo e, sem mistério nenhum, entrega um novo acerto para o gênero.

Glass Onion: Um Mistério Knives Out é um filme para se ver na telona, coisa que a filial nacional da Netflix privou o espectador de fazer. Claro, mais gente para ver o filme na sua plataforma, mas mesmo assim. Afinal, Glass Onion: Um Mistério Knives Out é uma super-produção com ares de cinema, e também é exagerado, é envolvente e Johnson se supera mais uma vez com um mistério muito interessante de se acompanhar e tentar desvendar.

Aqui, Johnson não só se mostra totalmente conhecedor da fórmula Quem Matou? mas de uma forma incrivelmente surtada brinca com o gênero, se diferencia do primeiro longa em termos de estrutura e do que esperar para o uma sequência de uma história fortemente apoiada em revelações que podem estragar a experiência do espectador. Assim, o diretor entrega uma trama que se desenvolve cena após cena como se fosse uma cebola e suas diversas camadas, desculpa o trocadilho, mas é isso mesmo. As pistas do que esperar de Glass Onion: Um Mistério Knives Out estão por toda parte, no título, no material de divulgação, e principalmente nos seus personagens, em que mais uma vez Johnson reúne nomes fortes em Hollywood e os coloca no que poderia ser só um filme de adivinhar um mistério em alguma coisa muito mais interessante com uma crítica social para a sociedade americana e para o momento atual que vivemos no mundo como um todo.

Se o primeiro longa tinha uma forte ambientação de um EUA Trumpista, Glass Onion: Um Mistério Knives Out pega o maior evento dos anos 2000, a pandemia, e também coloca uma lupa nas relações dos 1%. Não tem como, é tema central de Hollywood dos últimos tempos: eat the rich! E aqui Johnson coloca um grupo de bilionários e pessoas influentes (os auto-intitulados disruptores pelo CEO Miles Bron de Edward Norton) para passarem alguns dias numa ilha remota na Grécia em plena pandemia. A ideia da reunião já tradicional desse grupo? Nesse ano, é desvendar a morte do próprio Miles. Figurativamente falando ou de verdade? É uma das questões que permeiam o começo do longa, afinal, a presença de do detetive Benoit Blanc com o grupo levanta suspeitas, mas não é a coisa mais estranha que domina o ambiente de Glass Onion: Um Mistério Knives Out.

Glass Onion
Kate Hudson, Leslie Odom Jr e Kathryn Hahn em cena de m cena de Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Foto: Courtesy of Netflix.

No começo de Glass Onion: Um Mistério Knives Out as coisas parecem estarem um pouco fora de sincronia com o que vimos Johnson entregar no primeiro filme. Mas como falamos, tudo faz parte de uma trama maior que o diretor e roteirista cozinha para o público e aqui, ele tem várias cartas escondidas na manga, ou se você preferir, no terno de linho com um lenço estilizado que Blanc usa no verão europeu.

E claro que entre as surpresas estão as revelações dentro das revelações (que não vamos dar spoiler aqui) que Glass Onion: Um Mistério Knives Out se apresenta. É como se estivéssemos por abrir a caixa de surpresas que Bron (Norton muito bem) entrega para cada um dos convidados como chave para o convite para a festinha na Grécia.

E assim, Johnson garante que Glass Onion: Um Mistério Knives Out não caia no lugar comum, no já debatido gênero que Hollywood espremeu adoidado, após o primeiro filme, e também em maior volume na pandemia: o tipo de produção que coloca um grupo de pessoas juntos no mesmo local para vermos suas relações ditarem a trama. Foi assim com a série The White Lotus, com O Menu, com Triângulo da Tristeza, todos em 2022, e agora com Glass Onion: Um Mistério Knives Out que encerra o ano de uma forma espectacular de se assistir.

E Johnson garante que o longa tenha um gostinho especial e realmente têm. Glass Onion: Um Mistério Knives Out foge dos padrões do esperado para um filme do gênero, e tem personagens completamente carismáticos liderados por atores dos mais conhecidos em Hollywood. Os destaques ficam com a presença de Kate Hudson como a modelo cabeça de vento falida Birdie, com Janelle Monáe como Cassandra Brand, a ex-colega de empresa de Bron que a tirou do comando da organização no melhor estilo A Rede Social, e do próprio Craig que dá para o espectador mais uma camada, uma mais pessoal, para seu detetive que não vimos no primeiro filme.

A sempre ótima Kathryn Hahn, até que está bem, eu adoro Kathryn Hahn, mas sinto que a atriz foi má escalada no filme e para o papel. Sua personagem, a governadora Claire Debella é boa no papel, no roteiro, mas no filme passa um sentimento que Hahn não foi bem utilizada nem pela trama e nem por Johnson. O mesmo vale para outros personagens que só servem para darem um volume na lista de potenciais suspeitos do crime como Leslie Odom Jr. como o cientista Lionel Toussaint e Dave Bautista como um YouTuber conservador chamado Duke Cody.


No final, Glass Onion: Um Mistério Knives Out entrega um mistério imperdível, mais uma vez entregue pela mão de Johnson, que se prova que realmente existe uma franquia para o detetive Benoit Blanc e que Knives Out não foi um único acerto de primeira viagem.

A must-watch do final do ano. Pelo menos na Netflix.

Avaliação: 4 de 5.

Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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