segunda-feira, 23 dezembro, 2024
InícioFilmesCríticasGhostbusters: Apocalipse de Gelo | Crítica: Franquia é deixada, sem casaco, no...

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo | Crítica: Franquia é deixada, sem casaco, no inverno

Mesmo com um tom divertido Ghostbusters: Apocalipse de Gelo faz a franquia Caça-Fantasmas ser deixada no inverno.

E quem você vai chamar? Claramente, não o time atual dos Caça-Fantasmas. E isso fica claro, ao assistir Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Ghostbusters: Frozen Empire, 2024).

Não que o filme não seja divertido, ou que não entregue boas passagens, mas parece que de Caça-Fantasmas só temos o nome, mesmo. Afinal, a forma como a Sony Pictures tenta revigorar a franquia Caça-Fantasmas desde do relançamento da franquia com Ghostbusters: Mais Além, lá em 2021, só mostra como o estúdio ainda não sabe muito bem como trazer esses personagens, e essa temática, para a época atual.

Carrie Coon,, Paul Rudd, Carrie Coon, Finn Wolfhard Mckenna Grace e Ernie Hudson em em cena de Ghostbusters: Apocalipse de Gelo. Foto: Photo by Jaap Buitendijk – © 2023 CTMG, Inc. All Rights Reserved.

A cada filme, fica claro que é preciso um trabalho gigantesco de, basicamente, balançar na cara do espectador a participação dos atores originais nos novos filmes para atrair a antiga geração, ao mesmo tempo, que também precisa trabalhar para desenvolver os novos personagens introduzidos no filme anterior para se criar uma nova base.

Mas com Ghostbusters: Apocalipse de Gelo, o filme não acerta em nenhuma dessas coisas e a impressão que fica é que a franquia foi deixada, sem casaco, no inverno congelante. Claro, o carisma do elenco, serve como uma brisa quente para não deixar Ghostbusters: Apocalipse de Gelo querer congelar seu cérebro, principalmente aqui com o sempre divertido Paul Rudd e Mckenna Grace que contam também com a entrada do hilário Kumail Nanjiani na franquia.

Mas ao mesmo tempo, o longa tem toda uma série de personagens já apresentados, e que também estão de volta, e , infelizmente, não tem nenhuma narrativa que faça valer a pena o tempo de tela deles. É o caso da desperdiçada Carrie Coon que tem poucas cenas como Callie, e quando aparece, está sempre a serviço de outros personagens e narrativas, de Finn Wolfhard que fica preso a uma única piada o longa todo junto com o fantasmas Slimer (que também está de volta, e sim ainda mora no prédio dos bombeiros da franquia), e claro, os personagens da formação original que aparecem apenas para dizer uma, ou duas, frases de efeito, que alguém, da época dos filmes originais, vai lembrar e dar uma risada isolada no meio da sala.

Assim, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo entrega sim momentos divertidos, mas extremamente apoiados na nostalgia de uma época que convenhamos nem vai voltar. 

O roteiro de Gil Kenan (que aqui assume a direção do longa) e Jason Reitman (filho do falecido Ivan Reitman) até brinca com essa questão, de fazerem os Caça-Fantasmas serem chacota em Nova York, mesmo que continuam a salvar a população dos fantasmas e aparições sobrenaturais ao longo dos anos. 

É preciso de uma bola de metal misteriosa, uma história de um ser do mal que remonta há anos, uma organização secreta que há anda por aí para proteger o mundo dessa ameaça, e um monstrengo que solta gelo para fazer com que a cidade de Nova York e o prefeito (William Atherton de volta para a franquia) linha dura que não reconhece o trabalho dos Caça-Fantasmas para fazer a trama de Ghostbusters: Apocalipse de Gelo girar. O único problema é que a franquia cai nas armadilhas do mundo moderno. Eles salvam a cidade e o mundo? Mas a destruição que deixaram de lado? E o fato que a jovem Phoebe (Grace) ainda é menor de idade? Ela pode trabalhar? Ou até mesmo que o quartel dos caça-fantasmas já tá lotado de fantasmas no subsolo depois de mais de 40 anos caçando os mesmos e agora eles precisam que Winston (Ernie Hudson) financie um novo lugar cheio de cientistas trabalhando com o sobrenatural ? 

Annie Potts, Bill Murray, Ernie Hudson e Dan Aykroyd em cena de Ghostbusters: Apocalipse de Gelo. Foto: Photo by Jaap Buitendijk – © 2023 CTMG, Inc. All Rights Reserved.

Sinto que a franquia deixou o lado jocoso, fantasioso, para se deixar levar para o lado científico da coisa. Tudo tem uma justificativa científica, principalmente com a introdução de um bibliotecário interpretado por Patton Oswalt e de um cientista chamado Lars ( James Acaster) que é o sabichão da vez.

Claro, é muito bom a franquia ser liderada por uma garota, inteligente, e tudo mais, mas sinto que parece que os envolvidos não conseguem deixar o passado de lado, e nem avançar com a trama com esses novos personagens. Parece que tudo fica no tal limbo, o mesmo lugar que a fantasminha camarada da jovem Melody (Emily Alyn Lind) quer ir quando ela cruza caminho com Phoebe e as duas desenvolvem uma amizade, assim por dizer, e a jovem é a única efetivamente com um arco interessante. Mas, talvez, ao mesmo tempo, seria interessante demais para a franquia ter uma jovem garota na liderança e ainda ela fosse uma jovem lésbica? Talvez. 

E no final das contas, toda a tentativa do grupo de impedir que a criatura do mal transforme a cidade de Nova York, e em consequência o mundo, em um reino gelado, é só uma desculpa para reunir o elenco novo do filme anterior, mais os novos introduzidos aqui, junto com Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson e Annie Potts, todos na mesma cena, para enfrentar uma ameaça, igual rolou com o último Jurassic World.

A diferença aqui é que querendo, ou não, dinossauros oferecem mais ação para esse tipo de filme, e são mais interessantes do que um ou dois fantasmas que acabam por entregar mais uma aventura para toda família que é o que a franquia Ghostbusters se tornou. Se tornou um fantasma de si próprio.

No final, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo até diverte, mas fica claro que o novo capítulo é, mais um filme que vai entrar na lista de sequências mais ou menos que vieram depois de Caça-Fantasmas (1984). A musiquinha tema vai continuar na sua cabeça, sem dúvidas, mas não seria melhor só voltar e assistir o longa original no streaming e fazer as pazes que o filme foi lançado em uma determinada época e deixar por lá? Talvez, seja a hora de aposentar os macacões e as máquinas de prótons. Ou pelo menos tentar uma série de tv.

Nota:

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo chega em 11 de abril nos cinemas nacionais.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

Artigos Relacionados

Deixe uma resposta

Newsletter

Assine nossa Newsletter e receba todas as principais notícias e informações em seu email.

Mais Lidas

Try Apple TV

Últimas