segunda-feira, 28 abril, 2025
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Código Preto | Crítica: Um classudo quebra-cabeça

Com excelentes Cate Blanchett e Michael Fassbender, Steven Soderbergh entrega um classudo quebra-cabeça de espionagem em Código Preto. Nossa crítica.

O maior segredo a ser desvendado em Código Preto (Black Bag, 2025), talvez, fique em como Steven Soderbergh tenha conseguido reunir um elenco com esse, aqui nesse de drama de espionagem.

Mas também, essa resposta acaba por ser uma ELEMENTAR de adivinhar meu caro leitor, já que fica claro que definitivamente, o diretor conseguiu recrutar todo mundo ao seduzir todos os envolvidos com o roteiro que David Koepp entrega aqui e que faz um classudo quebra-cabeça de espionagem.

Afinal, Código Preto nos presenteia com um pensamento: “É a Cate Blanchett, com a arma, na sala de estar!” em uma das cenas e só isso já vale a pena de se assistir. E não, não é um spoiler do filme ou da trama, afinal, a passagem até está no trailer (veja abaixo), mas, sim, é isso que podemos esperar do longa na medida que conhecemos um casal de espiões que vê seu relacionamento ser testado logo quando o nome de um deles aparece numa lista de potenciais suspeitos (e que tinham acesso de inteligência, claro) de roubar um artefato poderosíssimo que tem a possibilidade de destruir e acabar com milhares de vidas. 

A princípio, a trama de Código Preto pode soar batida e mais do mesmo, mas não se engane com esse “plot” aparentemente simples. É por conta do roteiro de Koepp, em uma nova dobradinha com Soderbergh no ano (e o terceiro junto com Kimi), onde eles também tem Presença (que saiu nos EUA em janeiro e aqui no Brasil, risos, ficou para Abril), que o filme mostra para que veio.

Afinal, aliado com esse texto robusto, cheio de camadas e algumas reviravoltas, os atores têm um prato cheio para entregarem bons personagens em uma história que ficamos tentando descobrir os comos, porquês e “quems” na medida que somos apresentados para todos eles nessa trama de espionagem.

Se o novo James Bond tiver um pingo de carisma e sagacidade que Código Preto teve, já vai dar para saber que a Amazon fez bem em assumir os direitos da franquia. Afinal, quando somos apresentados para os chefes de departamento dessa agência de inteligência britânica e também casados, Kathryn (Blanchett) e George (Michael Fassbender), para seus outros colegas de trabalho, e também casais, Freddie (Tom Burke) e Clarissa (Marisa Abela) e também James (Regé-Jean Page) e Zoe (Naomie Harris), dá para saber que vamos embarcar em um drama de espionagem daqueles.

Elegante e com uma trama que apenas cresce e escalona na medida que vamos por descobrir as pistas basicamente através de todos personagens, Código Preto é um grande jogo de adivinhação que convida o espectador a fazer parte da trama. E para os fãs do gênero isso é um prato cheio. Afinal, a história nunca brinca e tenta fazer o espectador de besta, e sim constrói essa narrativa ali juntamente conosco.

Afinal, do momento em que George recebe um papelzinho com a informação de um colega (Gustaf Skarsgård numa rápida participação) que contém uma lista de potenciais nomes envolvidos com o roubo de um programa chamado Severus, Código Preto urge que o espectador se concentre com o filme  para tentarmos descobrir quem da lista é o culpado e principalmente se Kathryn poderia ser a responsável por tudo isso.

E o trabalho de Fassbender e Blanchett é impecável aqui. Os dois atores esbanjam charme, dualidade e estão muito bem em cena. O personagem dele vem do que ele entregou em O Assassino de David Fincher e Blanchett sabe fazer uma personagem ambígua como ninguém visto o que ela entregou nos últimos projetos como Tár e Difamação*.

Código Preto apenas se beneficia de ter os dois, dois dos atores mais versáteis em Hollywood atualmente, como protagonistas e a dupla arrebenta e entrega excelentes  passagens. Na medida que a investigação de George continua e também precisa contemplar outros nomes na lista, Código Preto embarca no mundo de inteligência enquanto também apresenta debates sobre o lado humano, passional, dessas pessoas que querendo ou não são treinadas para precisarem tomar decisões rápidas, precisas e que se baseiam em informações e que podem impactar diversas outras vidas e o cenário político e econômico de países inteiros.

E enquanto mais Koepp desata um fio desse novelo de lã bagunçado e intrigante que Código Preto se apresenta, mais vemos George, Kathryn e os outros em rota de colisão com eles mesmos e com esse inimigo misterioso. Em uma das passagens, por exemplo, Soderbergh coloca todos eles num jantar cheio de discussões calorosas (graças a uma substância que faz todo mundo falar a verdade!) onde a câmera roda e gira na medida que  as farpas saem e as palavras ferem mais que levar um tiro (o tiro acontece mas só lá mais para frente). 

E se Fassbender e Blanchett são no seus ápices, o resto do elenco também está muito bem. De Abela que vem da biografia de Amy Winehouse e apaga qualquer dúvida que ela é um nome em ascensão e para se prestar atenção, para Harris que retorna depois de um desvio no mundinho dos super-heróis em Venom, mas aqui está totalmente de volta, para Burke que está com tudo após roubar as cenas em Furiosa, e até de Page que mostra que conseguiu deixar seus tempos de Bridgerton de lado.

E na medida que cartas são colocadas na mesa, satélites são desviados por minutos e uma grande confusão envolvendo potências nucleares se apresenta, Código Preto guia o espectador para as respostas que George tanto quer, e precisa descobrir, onde Soderbergh apenas usa as atuações desses atores para criar uma atmosfera de suspense extremamente convidativa e que faz uma das grandes surpresas do ano. 

E com um elenco desses não tinha como dar errado, e nosso feeling não estava errado de apostar no longa. Assim, como George e Kathryn vão ao cinema em uma das cenas do filme e um ingresso achado por acaso é a causa disso, no final, é a mesma coisa que recomendo para você leitor. Afinal, Código Preto tem afiados 1h30min de duração.

Avaliação: 4 de 5.

Código Preto chega nos cinemas nacionais em 13 de março.



Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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