sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Argylle | Crítica: Para os fãs de mistério, um bom divertimento.

Quem é o verdadeiro Agente Argylle? O roteiro meio mirabolante, meio caótico, mas divertido em sua própria forma de ArgylleO Superespião (Argylle, 2024) deixa essa pergunta no ar à medida que assistimos o novo filme de ação do diretor Matthew Vaughn (da franquia Kingsman) que chega aos cinemas antes de estrear no AppleTV+. 

Cercado de mistérios tanto dentro, quanto fora das telas, e no próprio filme, Argylle se mostra um bom, instigante e colorido quebra-cabeça de se montar. E talvez ter um elenco de estrelas, e nomes conhecidos de Hollywood, ajude o espectador a embarcar nessa doideira que envolve espiões na ficção, espiões na vida real, basicamente espiões em toda a parte, e tudo mais.

Sam Rockwell e Bryce Dallas Howard em cena de Argylle. Foto: Courtesy of Apple. All Rights Reserved.

O roteirista Jason Fuchs (Mulher-Maravilha, A Era do Gelo 4) então abusa dos mistérios e das reviravoltas para deixar o ritmo do filme bastante ágil, e o diretor Matthew Vaugh aproveita a deixa para entregar cenas de ação que fomentam a curiosidade para sabermos o que vem aí na próxima curva que a história vai dar. E olha que são muitas. Algumas mais previsíveis, outras mais interessantes.

Das cenas de perseguição na Grécia, para explosões na Inglaterra, e depois uma fuga pelo interior da França, a história apresentada em Argylle entrega uma aventura bem maluca para se assistir, mas acho que quando as peças começam a se encaixar e tudo começa a fazer um mínimo de sentido, o filme decola.

Sinto que Argylle tem um paralelo interessantíssimo com a série do Cavaleiro da Lua lançada no Disney+ no 2022. E acho que isso é o máximo que consigo falar da trama de Argylle, sem dar muito spoiler. 

Afinal, é bacana assistir o filme e desvendar como essa história se desenrola. E no meio de tanta coisa, tanta reviravolta, no meio do filme me bateu o sentimento que Argylle poderia ser muito bem uma minissérie, afinal, sua estrutura narrativa dá margens para isso, e deixam o longa com quase 2h20 de duração com a sensação que muita coisa acontece de uma vez, muito rápido, e que poderíamos ter mais desenvolvimento de personagens, situações e muito mais coisas. 4 episódios de 1 hora tava excelente.

Mas para os fãs de mistério, Argylle, como um filme, entrega um bom divertimento ao conhecermos a tímida e inteligente Elly Conway (Bryce Dallas Howard) uma autora de livros de espionagem que fazem bastante sucesso no mundinho literário com um protagonista espião chamado Argylle (interpretado aqui por Henry Cavill) e suas diversas missões ao longo do mundo. Conway terminou o quarto livro da franquia e agora parte para finalizar o quinto, até que ela sofre um tipo de bloqueio e finaliza a história com um gancho. 

E por se tratar de um livro, a forma como as páginas saltam em tela para nos contarmos essa história é um recurso interessante para nos beneficiarmos dos visuais para entendermos essa história. E também muito importante para o desenrolar da trama. 

Afinal, quando Conway cruza com um excêntrico fã num trem e ele se mostra ser um espião de verdade, fica claro para ela que Aiden (Sam Rockwell) é completamente diferente da versão idealizada do profissional que ela imaginou. E assim, Conway e Aiden precisam fugir de uma organização criminosa que se espelha bastante com a organização dos livros de Conway.

Henry Cavill, Dua Lipa e John Cena em cena de Argylle. Foto: Courtesy of Apple. All Rights Reserved.

Argylle, então, faz ficção virar realidade, na medida que um dispositivo (chamado de master file), cheio de informações confidenciais e descrito na série de livros da autora, vira objeto de desejo nas mãos de uma organização secreta de espionagem. 

Enquanto os personagens da versão literária de Conway saltam dos livros para as telas e parece a cada cena serem de um livro de ruim, mal escrito e com personagens ruins que são apresentados para nós, desde do espião que leva o título do filme, para o parceiro nas operações (John Cena), a pessoa de TI (Ariana DeBose) e até o alvo de uma missão (Dua Lipa), o longa trabalha em nos mostrar o motivo dessas cenas mais caricatas existirem e que ajudam Conway na medida que os bandidos estão atrás dela.

Argylle faz de tudo para explicar todas as decisões narrativas ao longo do filme na medida que Conway, munida com seu gato de estimação e sua inteligência, precisa desvendar os próximos passos dos vilões como se estivesse em um capítulo em branco do seu próximo livro.

Assim, o truque aqui é que Argylle se auto-referencia, é metalinguístico, brinca com a própria trama e com os livros de espionagem tanto de Conway quanto os aqui de fora no mundo real. Estou falando com vocês fãs dos livros de Código DaVinci.

E uma das partes mais bacanas do longa, talvez, fique com a quantidade de rostos conhecidos que pipocam em tela. Seja da mãe de Conway, interpretada pela hilária Catherine O’Hara, ou de Bryan Cranston como o chefe da organização mega evil que também está em busca do drive, ou até mesmo de Samuel L. Jackson como um espião aposentado. Todos eles aparecem em tela em algum momento e fazem parte da parte da aventura maluca que a autora dos livros Argylle é metida na medida que ela precisa salvar sua vida e ainda decifrar pistas junto com um debochado espião. 

E com um elenco gigante, alguns atores se destacam mais. É o caso de Howard que ganha um arco narrativo bem interessante e que mostra uma boa versatilidade aqui. E sim, deixa o salto de lado mais uma vez para correr por aí. O mesmo vale para Cavill que mais e mais tem apostado no seu timing cômico nos seus projetos e aqui está divertidíssimo. Talvez o penteado estranho ajude a compor esse retrato mais camp que ele, história dão para o espião. E também o vencedor do Oscar, Sam Rockwell garante as melhores piadas e alguns dos momentos mais sem noção do longa. E claro, não poderia faltar o gato Alfie que rouba as cenas em diversos momentos, seja dentro da estilosa mala que ele está ou andando por aí. He’s a movie star.

Assim, fica claro que o humor de Argylle não seja para todo mundo, mas Vaughn, os atores, o roteirista parecem terem se divertido nessa história com tom de sátira, um toque de comédia, e como muitas cenas de ação, explosões e tudo mais. A clássica busca por impedir que uma organização do mal coloque as mãos em um dispositivo perigoso, típica de produções do gênero, nunca foi tão estilosa e divertida.

No final, a questão é: você vai conseguir reunir as pistas dadas ao longo do filme e descobrir quem é o verdadeiro agente Argylle antes que o filme te conte? Para saber, acho que só indo assistir mesmo. E não, não é a cantora Taylor Swift.

Ps: O filme tem uma cena pós-crédito.

Nota:

Argylle chega nos cinemas nacionais em 1º de fevereiro.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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