Paulo Gustavo ficará para sempre marcado na história da cultura nacional. E o documentário Filho da Mãe, que chega no Prime Video, é a imortalização desse legado e sua principal mensagem como obra audiovisual.
O ator e comediante era uma força da natureza, e sua perda, é uma perda que apenas se agrava por conta das circunstâncias dos acontecimentos, onde Filho da Mãe não passa em branco esse momento, e não diminui a importância, e a gravidade, do que aconteceu com o artista. A morte de Paulo Gustavo foi um dos momentos mais tenebrosos da gestão Bolsonaro em termos de como o governo lidou com a pandemia, afinal, passou a mensagem de que se nem Paulo Gustavo, um dos artistas mais conhecidos e com recursos se livrou da doença, o que o brasileiro comum poderia fazer naquele momento crucial de combate ao coronavírus.
Mas Filho da Mãe também celebra, faz uma homenagem, e mostra o quão Paulo Gustavo era em vida, quem ele era como pessoa, fora da persona comediante. Ao trazer cenas inéditas de bastidores, o longa, comandado por Susana Garcia, faz uma recapitulação dos últimos meses da vida da artista com seu show ao lado da mãe Déa Lúcia, dos colegas de trabalho, e tudo mais. Assistir Filho da Mãe é ver Paulo Gustavo no seu auge criativo, da fama, na vida pessoal e tudo mais, e nos apresenta uma figura humana do comediante, sem deixar de ser quem ele era, um homem alegre, esforçado, membro da comunidade LGBT.
O maior trunfo é esse acesso íntimo que a produção nos dá para o artista, mesmo que na frente das câmeras com essa função documental, onde ao assistir o que foi separado e editado, o espectador ri, chora e se emociona com os depoimentos e com os bastidores da vida do ator e quão corrido estava para ele tanto na sua vida pessoal, quanto profissional.
Filho da Mãe então passa por todos os momentos mais importantes da vida de Paulo Gustavo, o início da sua carreira ao lado de nomes hoje também conhecidos como Fabio Porchat e Samantha Schmutz, as inspirações para a composição de seu maior personagem, a Dona Hermínia, que começou nos palcos (sempre lotados!) e depois passou para os cinemas, com 3 filmes e com o marco histórico de levar mais pessoas aos cinemas com um filme nacional.
Do lado profissional até a vida pessoal com o relacionamento com Thales Bretas, o documentário abrange todos essas fases da vida, e mostra também o início da composição de uma família com a chegada dos 2 filhos, onde Paulo Gustavo e a mãe faziam uma última apresentação da peça e as crianças nasciam nos EUA. Filho da Mãe navega por esses momentos chaves da vida de Paulo Gustavo e que dão um panorama muito maior e mais profundo para o artista, e a pessoa, que ele foi.
Estruturalmente, Filho da Mãe trabalha com dois lados completamente opostos de sentimentos. O documentário tem seus momentos mais impactantes quando Garcia começa a avançar na linha do tempo que o longa apresenta, e a parte alegre se torna triste com os acontecimentos no final de 2020 e 2021. Mesmo com uma não tão incômoda barriga narrativa que garante quase 2 horas para o documentário, o tom muda rapidamente nos seus momentos finais e garantem em refletir a importância de tudo que aconteceu.
Depoimentos de Mônica Martelli, da irmã de Paulo Gustavo, Ju Amaral, estão entre os mais poderosos e devastadores, outros nomes também dão as caras como o apresentador Pedro Bial, e do comediante Marcus Majella. Já outros são sentidos, por não aparecerem em tela, como da comediante Tatá Werneck, mesmo que no final, tudo é bem representado para mostrar Paulo Gustavo em seus diversos núcleos.
E no final, fica claro a importância de Filho da Mãe para celebrarmos a vida e a importância de Paulo Gustavo para a cultura brasileira, onde ele entrou na casa de milhares de brasileiros com um humor acessível e que debateu temas importantes para a sociedade brasileira com aquele jeitão debochado e único que só Paulo Gustavo tinha, e que faz, e fará, muita falta. Uma linda celebração.
Filho da Mãe disponível em 16 de dezembro.