Felicidade por um Fio, novo filme da Netflix e recentemente adicionado ao catálogo do streaming no Brasil, narra a história de Violet Jones (Sanaa Lathan), uma mulher obcecada pela perfeição estética, profissional e amorosa desde que era criança, sempre influenciada por Pauletta, sua mãe (Lynn Whitfield). Após a então frustração de esperar o pedido de casamento de seu namorado Clint (Ricky Whittle) e o dia nunca chegar, Violet decide focar em si mesma, conhecer seus prazeres sem a influência de fatores externos como familiares e a constante necessidade de ser “perfeita”, descobrindo sua própria definição da palavra.
Em tempos que os padrões de beleza vêm sido questionados e felizmente desconstruídos, Felicidade por um Fio expõe uma bela premissa e tenta transmitir uma mensagem de auto aceitação, especialmente feminina, além da destemida escolha de definir uma mulher negra como a protagonista. A história, porém, opta por não se aprofundar nessa questão. São detalhes como estes que talvez o filme poderia ter ido mais longe.
Um grande ponto positivo da história é a preocupação com a mensagem de entender o que é beleza para (e em) uma mulher, uma vez que Violet trabalha com o meio da publicidade que se utiliza da confiança feminina. Ela, porém, nada mais é do que o oposto disso. Ela sente a necessidade de uma espécie de máscara que a convença de que é perfeita, ao invés de aceitar sua própria beleza em como ela, de fato, é.
O desenvolvimento da autodescoberta da protagonista em termos de beleza estética, sucesso e felicidade são bem satisfatórios, entretanto a questão de Violet ser uma mulher negra acaba sendo rasa na narrativa, o que é uma pena. Se a história se aprofundasse no fato de que minorias sofrem o dobro para se encaixarem aos padrões de nossa sociedade – já que escolheram dois destes detalhes para caracterizar Violet – o filme se mostraria ainda mais corajoso e socialmente relevante.
A necessidade de se encaixar às “normas” atuais não está apenas o cabelo e no jeito de se vestir para conseguir o status desejado. É muito mais difícil se destacar em termos de carreira uma vez que se é uma pessoa de cor e ainda mais somado com ser uma mulher. O filme, apesar de adicionar em seu roteiro e produção, não cuida destes elementos.
Apesar do descuido com alguns detalhes – e também que devo chamar atenção para a triste utilização, em pleno 2018, da homossexualidade como fonte de piadas incansáveis ao longo do filme, Felicidade por um Fio consegue fazer uma mulher tentar se conscientizar e questionar o significado de certas definições do mundo feminino.
https://youtu.be/3xh9XFxo2Hg
Felicidade por um Fio está disponível no catálogo da Netflix.