Eu Sou Mais Eu (2019) entrega um filme padrão, sem mais nem menos e faz, dentro do esperado, uma produção divertida e extremamente caricata que tenta mostrar uma releitura dos anos 2000 de uma forma cômica, mas que não se preocupa muito com detalhes ou até mesmo ser uma história autêntica e original.
Aqui nessa comédia, se o espectador viu o trailer, já sabe o que esperar. Eu Sou Mais Eu não se leva nada a sério e isso é muito importante. Assim, a produção entrega um filme como uma brisa numa tarde ensolarada de verão, aquelas que não incomodam, mas também não ajudam a espantar o calor, fica no meio termo sabe?
Protagonizado pelos atores Kéfera Buchmann e João Cortês, essa comédia brinca com conceitos de viagens no tempo, troca de corpos e dramas escolares no melhor estilo das comédias americanas dos anos 90, como Feitiço do Tempo (1993) e Sexta-Feira Muito Louca (2003). Mas, Eu Sou Mais Eu, beira a simplicidade em quase tudo, desde da escolhas das posições das câmeras pelo diretor Pedro Amorin, passando pelo roteiro de L.G. Bayão e Angélica Lopes que desenvolve a trama sem muitas surpresas ou rebuscamento, até mesmo as atuações do elenco de maneira em geral.
Claro, a comédia se apoia no grande timing cômico e na química que surge entre seus protagonistas. Cortês, como o excêntrico Cabelo, está hilário e ajuda a elevar a atuação de Buchmann que fica muito mais focada nas caras e bocas do que efetivamente ser engraçada. Assim, a dupla ajuda Eu Sou Mais Eu, a contar uma história de aceitação e de ser mais você mesmo, onde o filme acompanha momentos engraçadinhos com passagens vergonhosas para nos mostrar a jornada de Camila (Buchmann), uma mega pop-star brasileira que volta no tempo para a sua versão mais jovem, do tempo de escola, numa época que sofria bullying e não era aceita pelos colegas. Como bons filmes sobre o ensino médio não é mesmo?
Eu Sou Mais Eu, então, não entrega nada de novo, as coisas acontecem no automático, na hora que sabemos exatamente, quando e como irão se desenvolver. Nessa comédia, o espectador é carregado pela trama com resoluções fáceis e previsíveis.
O elenco de apoio, até ajuda a dar uma levantada no astral do filme, mas não faz milagres. A onipresente nas comédias nacionais, Giovanna Lancellotti, faz de Drica, uma típica vilãzinha de série adolescente, mas fica um pouco travada, pelas limitações do roteiro que parece nunca querer desenvolver a personagem. Arthur Kohl, como o avô Décio, faz cenas com uma dramaticidade na medida certa e que ajudam novamente Buchmann a também embarcar no arco narrativo apresentado entre os dois personagens.
No final, Eu Sou Mais Eu, diverte, mas não chega a empolgar, é como se a produção sempre jogasse seguro, sem se arriscar muito e apostar em alguma coisa menos pré-feita. Mas fórmulas dão certo e existem para isso não é mesmo?
Eu Sou Mais Eu chega nos cinemas em 25 de janeiro