A busca por propriedades intelectuais, os famosos IPs, continuam na Walt Disney Company que precisa povoar o catálogo com novos filmes e séries no Disney+. E para o final do ano nada de apostar com contos de fada e fadas madrinhas atrapalhadas, e sim o que temos em 2021 é revisitar um dos maiores clássicos de Natal: Esqueceram de Mim com Macaulay Culkin.
E calma calma, ninguém aqui quer “acabar com a sua infância”, o novo longa da franquia Esqueceram de Mim No Lar, Doce Lar (Home Sweet Home Alone, 2021) entrega uma história simpática, sem dúvidas nenhuma, que diverte em certos momentos, eu mesmo me peguei rindo em diversos momentos, e que funciona como um filme próprio, apenas se você desconsiderar o original dos anos 90.
E aí que fica o problema, tanto positivamente, quanto negativamente de Esqueceram de Mim No Lar, Doce Lar. O longa pega as mais diferentes cenas do longa dos anos 90 e replica na cara dura, aqui com uma roupa nova, só que mais colorida, mais millennial, e descoladinha. Temos as cenas que o protagonista deseja ficar sozinho em casa no Natal? Sim Temos a mãe chorando e dando barraco no aeroporto por que precisa voltar para casa? Sim também. Temos também legos no chão, peripécias que envolvem fogo e baldes de tinta sendo jogados, e claro, o chão molhado numa noite fria que faz os intrusos tropeçarem.
E assim, Esqueceram de Mim No Lar, Doce Lar tem tudo isso, e que às vezes chega a irritar, às vezes é legal de se acompanhar, onde é como se o longa prestasse uma homenagem muito muito interessante para o filme original, onde veja só, as suas produções se passam no mesmo universos. Isso já foi mostrado no trailer, mas o longa, explica muito bem a situação, sem spoilers aqui, e que dá um charme maior.
O que realmente funciona na nova versão? A presença do ator mirim Archie Yates (visto em Jojo Rabbit) que realmente acerta no tom e entrega um personagem na altura de Kevin McCallister, bem mais que o Alex D. Linz conseguiu fazer em Esqueceram de Mim 3, a outra tentativa da finada 20th Century Fox de fazer um reboot da franquia lá em 1997. Yates estrela o longa como Max Mercer, um jovem bem mais inteligente do que sua idade aparenta que não chega a ser bem o foco do filme que parece mudar algumas coisas do original e colocar um pouco do selo Disney nessa produção da agora chamada 20th Century Studios.
E o que muda? Saí uma dupla de bandidos inescrupulosos, malvados, mas não muito inteligentes, e aqui entra um casal, Jeff (Rob Delaney) e Pam McKenzie (Ellie Kemper), que ganha um pouco mais de foco na trama, diferente do filme anterior, na medida que eles estão prestes a perder sua casa, afinal, Jeff perdeu o emprego com o avanço da tecnologia e o armazenamento de informações na nuvem. E para não contarem para os filhos antes do tempo sobre a mudança repentina, a dupla coloca a casa no mercado com um dos corretores mais irritantes dos últimos tempos (Kenan Thompson, péssimo) e a trama de Esqueceram de Mim No Lar, Doce Lar começa efetivamente.
Afinal, o mundo dos McKenzie e o mundo dos Mercer se juntam quando temos a primeira família em busca de um objeto desaparecido que vale uma boa grana e os ajudariam a resolver seus problemas financeiros e a segunda que parte para o Japão em viagem com toda família onde somos apresentados para a caótica véspera onde todos os parentes estão no local, Carol (Aisling Bea fazendo o papel de Catherine O’Hara no filme original, mas sem o mesmo chame) está no telefone, as crianças gritam, as pizzas chegam, e adultos pisam em lego. Mas dessa vez nenhum alarme saiu da tomada, afinal, estamos nos anos 2021 e temos aparelhos eletrônicos que controlam a casa (já vou, Alexa pera aí).
Acho que os roteiristas Mikey Day e Streeter Seidell conseguem bem apresentar esses novos personagens, mesmo que o introduzem na mesma dinâmica de Esqueceram De Mim. Ao mesmo tempo que o longa se torna sua própria história, na medida que Max fica sozinho e precisa “defender” sua casa da chegada do casal, as semelhanças com o original apenas vão ficar ainda maiores. E isso se completa na medida que Buzz McCallister (Devin Ratray de volta para a franquia), o irmão mais velho de Kevin (Macaulay Culkin que não retorna, aliás, se é isso que você queria saber) dá as caras como um policial desleixado.
Na medida que as peripécias são criadas, e as armadilhas são feitas, tanto Max quanto Jeff e Pam se preparam para seu encontro e embate final, Esqueceram de Mim No Lar, Doce Lar se torna apenas uma sequência de cenas de ação eufóricas e descontroladas. O casal além de lidar com todos os seus problemas precisam ainda ter que lidar com os familiares que estão em sua casa para as festas, o irmão de Jeff, o canastrão Hunter (Timothy Simons), sua esposa troféu Mei (Ally Maki) e o filho deles, o jovem Ollie (Allan Wang) e que realmente apenas servem para colocar a dupla em situações das mais constrangedoras, seja na igreja na véspera do Natal, ou na feira natalina.
No final, Esqueceram de Mim No Lar, Doce Lar consegue divertir com muitos asteriscos envolvidos nessa frase. Como filme isolado, empolgado aqui e ali, como filme dentro da franquia, nada substitui o original, que olha lá, está um clique de distância, no mesmo Disney+ que o novo longa está. Essa Disney né?
Esqueceram de Mim No Lar, Doce Lar chega em 12 de novembro no Disney+.