Super Mario Bros – O Filme finalmente estreou nos cinemas e o time de dubladores eram um que os fãs dos jogos estavam super curiosos para saber quem seria e como seria essa dublagem.
E lá no começo de Mario, a Universal Pictures confirmou que os dubladores Raphael Rossato e Manolo Rey seriam as vozes dos personagens Mario e Luigi, respectivamente, no longa.
Super Mario Bros – O Filme | Crítica: Extremamente divertida, animação é como pegar a estrela da invencibilidade por alguns momentos
O que animou muito dos fãs que desde do lançamento do primeiro trailer, movimentaram as redes sociais com a campanha #MarioSemStarTalent nas redes sociais, ou seja, que os personagens fossem dublados em português por profissionais da área e não nomes conhecidos do grande público.
Como as cenas pós-créditos de Super Mario Bros. O Filme podem influenciar o futuro?
Assim o Arroba Nerd bateu um papo com Rossato e Manolo Rey sobre Super Mario Bros – O Filme, sobre o processo de dublagem e outras curiosidades dos bastidores da versão brasileira da animação.
Confira:
Arroba Nerd: Uma das coisas mais legais de toda a jornada da dublagem de Super Mario Bros – O Filme deve ter sido ver os nomes de vocês nos créditos finais no lugar dos nomes das vozes americanas. Particularmente, acho que isso mostra um trabalho de preocupação gigante da parte da Universal Pictures Brasil com a questão. Como foi para vocês ver isso na telona?
Manolo Rey: Sim, é isso, a Universal Pictures tem feito isso bastante em vários outros filmes também, e é uma valorização do profissional que tá ali pondo a voz e tal e dessa vez surpreendeu da seguinte maneira…. a gente estava na terça-feira na pré-estreia e tudo mais. E eu não sabia que ia ser dessa forma, porque eu não vi [o filme] finalizado assim né? Aí tá, chegou ali e eu olhei para o lado, e o Pedro Azevedo [que dá voz para o Donkey Kong] tava chorando e falou: “Eu nunca vi isso. Nunca tive meu nome assim. Nossa, eu não tô acreditando.”
Ele tava emocionadíssimo porque o trabalho dele ficou muito bom, eu curti e quando chega no fim você vê lá, “Pô, meu trabalho tá legal, né?” Eu penso assim, aí vem aparece o nome, ai ele chorou de emoção, eu fui junto, chorei, aí eu olhei para o lado, o pessoal também tá segurando [o choro], tinha outros colegas, mas foi uma emoção muito grande, você vê essa valorização pelo trabalho porque infelizmente existem dublagens que não são assim né? você não tem um estudo da da história da da criação do personagem é só a voz…
Mas o que a gente procura fazer… é passar a verdade, estudar, vamos ver como é que é esse personagem, como é que é essa história, de onde vem?
O que que a gente quer entregar e eu acho que a gente conseguiu alcançar isso, né? É dar esse resultado verdadeiro porque você acredita que o Mario Bros é assim, né? Tem hora que você tá vendo, você não sabe se você tá vendo alguém jogar, tá tudo lá se movimentando sem você mexer a mão, você não sabe se tá num joystick, ou se você tá vendo filme porque a sensação que você tem é que você tá ali diante do jogo, numa tela gigante, né? É emoção demais ver os nomes ali basicamente a coroação dos nossos esforços.
Raphael Rossato: Cara foi igual a ele, eu chorei feito criança. Eu já tava emocionado, tipo já venho emocionado [já um tempo durante todo o processo], dessa essa emoção ao longo desse tempo, desde do teste, até saber que eu passei no teste, a gravação do filme, poder assistir o filme e quando chegou aquele final. Acho que foi só a cerejinha do bolo ali para desabar, né?
É foi lindo cara, foi lindo depois de ver o filme, depois de ver como ficou o trabalho, porque eu tava com um frio na barriga, assim, imenso, porque é um personagem, um dos personagens mais icônicos, é o personagem mais famoso dos videogames, eu acho.
E aí chegando aquele final ali aparece meu nome com a fonte, a do Mário, cara, foi, foi incrível. Eu fique feliz pra caramba mesmo e tô muito feliz [até agora].
Vocês poderiam comentar um pouco quanto tempo levou todo o processo de dublagem do filme de maneira geral? E o quão diferente era a primeira voz que vocês tinham fechado para o filme em comparação a voz que efetivamente vimos, e ouvimos, na versão final de Super Mario Bros. – O Filme que está nos cinemas?
Manolo Rey: Sempre que pegamos um trabalho como esse, não dá para fazer o primeiro trailer, e falar “A voz é essa” até o fim, porque aí você, beleza tem o trailer, bacana, aquele trailer e tal, mas depois no filme não vai ficar verdadeiro.
Então você tem que ir numa crescente e o Raphael, ele chegou a fazer dois testes, ele fez o primeiro, e ele já vinha fazendo os trailers com uma voz de um jeito, aí fez o teste [para o papel no filme], eu fiz só com ele porque eu falei, eu quero ele, eu acho que é ele, é o Chris Pratt [Rossato é o dublador do ator Chris Pratt, que dá voz original para o Mario, no Brasil] vai identificar bastante, vai ficar bom.
E não aprovaram, eu falei. “Eita e agora?” aí pediram pra testar com três outros, eu falei deixa eu testar ele novamente, deixa eu tentar, então vou testar com mais dois, aí os outros dois fizeram teste assim num nível absurdo.
E eu falei Raphael, é assim [como a gente quer que seja a voz do Mario]. Então eu dei uma referência para ele, que ele vai vai lembrar, é “Cara pensa na tarantela”, porque a voz que a gente quer, pensa no Martinet [dublador do Mario nos jogos], pensa na tarantela, [a famosa dança italiana] pensa no tãntãtntã e ele é um cantor, maravilhoso, músico maravilhoso, e ele pegou o estalo, o jeito.
E continuou a fazer os trailers, mas a gente apreensivo né? E foi então que veio o nome dele [aprovado da matriz] “Ok, Raphael”. Aí eu “Ufa” porque era minha primeira opção desde o início desde o trailer, eu falei, eu quero ficar com ele.
Eu não sei os outros, eu vou, eu vou trabalhando aqui, tanto que teve alguns que no trailer tá de um jeito aí depois foi mudando, e assim a construção dele foi legal, porque a gente trabalhou junto, eu como diretor, ele como dublador para chegar lá.
Raphael Rossato: Eu fiz o primeiro trailer antes de fazer o teste, né? Porque, enfim, a gente tinham pressa para fazer o trailer, e ainda não sabiam quem ia ser a voz do Mario e como eu dublo o Chris Pratt, eles me chamaram de cara ali para fazer o trailer, né?
Depois eu fiz o teste, assim de cara, no teste, eu já tive bastante fala, mas no trailer foi mais fácil, porque era tipo duas, três, falinhas curtas. Então você segurar uma voz diferente, um pouco mais caricata, com sotaque era mais fácil. E a gente fez o teste, sei lá uns seis meses antes de gravar o filme, cinco meses antes de gravar o filme, então foi aquela apreensão assim para ver o que que tinha rolado, e rolaram muitos testes. Eu fiz teste duas vezes, na primeira vez, não tinha sido aprovado, aí pediram pra eu fazer o teste….
Mas acho que o maior desafio para gravar o filme foi exatamente esse lance da voz porque eu não tinha essa referência de Mário vindo do original, né do Mário que eu digo o Mário que a gente tá acostumado, o do Charles Martinez, o Chris Pratt lá fora foi orientado a fazer de uma forma, e a gente aqui comprou uma certa briga na hora de fazer o teste, de gravar para fazer de outra forma, da forma que a galera conhece, mais próximo possível, então acho que o desafio foi esse, de tá ouvindo de uma forma, e tendo que reproduzir de outra, e segurando aquela voz caricata e o sotaque o filme inteiro, né?
Porque uma coisa é você fazer duas três falinhas, outra coisa você segurar um filme inteiro, com falas grandes e tal foi o grande desafio e o que me deixou mais com frio na barriga também, porque depois que a gente grava, depois a gente não assiste. A gente não tem esse tempo. Então eu não sabia como tinha ficado, até assistir o filme pela primeira vez, eu tava com muito frio na barriga, tava bem ansioso e nervoso pela reação do público, mas enfim estou recebendo muitos comentários legais, eu acho que a galera gostou e eu tô feliz com o resulto.
Manolo Rey: E depois teve, o processo da minha voz que eu acabei fazendo teste para o Luigi por se eu que dublo o Charlie Day [que dá voz para o Luigi no original].
E na hora de dublar eu falei cara, eu não vou dublar… mas aí depois, eu também “Tá eu vou dublar, mas quem vai estar sentado ali [me dirigindo]” Aí eu chamei Andréa Murucci [diretora de dublagem] e falei Andréa “Me dirige”, aí ela “Não…” e eu “Me dirige, pelo amor de Deus, porque assim eu quero alguém que pega um chicote, cara. Vamos lá, vamos juntos. Vamos nessa pegada.”
Aí ela me dirigiu, a gente fez um trabalho bem legal, ela não pode ser mais assim, ela é maravilhosa também, ela fez a mãe [do Mario e Luigi].Aí quando eu vi que tinha terminado o último loop [trecho do filme que normalmente tem no máximo uns 20 segundos] sob a direção dela, eu falei. “Ah agora eu tô confiante”, porque eu sozinho ali eu ia ficar perdido então assim eu não fiz solto, né? Não foi assim, “Ah o Manolo dublou, depois olhou”, não, tinha uma pessoa ali exigindo para eu chegar nos padrões, você tem que chegar nesse padrão, então foi bem legal.
Tem alguma história que você lembra assim de cabeça que vocês tiveram que adequar alguma fala, ou diálogo, que veio do original, mas que vocês tiveram que mudar para ficar mais legal ou mais interessante de ouvir quando adaptamos para a versão brasileira?
Manolo Rey: Então tem duas… porque eu eu gosto muito de trabalhar com humor quando me dá um comédia eu fico assim: “Ah, é sério, vocês vão deixar comigo, tá bom? Olha tem certeza? Não vai mudar de ideia? porque aí eu me divirto mesmo com comédia, quando me dão filme de Adam Sandler eu falo: “Ah pára sou eu? aí vou lá nossa”, fiz vários dele, eu adoro, então assim, comédia é comigo e eu sei que a comédia as pessoas têm uma visão errada. Tem muita gente chega, “não tem que ficar muito engraçado o filme”…. sim. O filme [como um todo], às vezes dá para ficar muito engraçado, quando tem pouco com humor.
Aí você vê, por exemplo. o Super Mário é um filme muito engraçado, tem dois momentinhos ali que o público se mata de rir, né? Tem a canção do Browser, então mas tem um momento que ele fala, que foi uma adaptação, foram duas adaptações… ele fala: “Ah eu vou casar com a Peach!” e todo mundo assim [confuso], aí um deles faz. “Eeeeita!”, tipo vai dar m* sabe?, vai dar problema…
O cinema foi abaixo [de rir], e tem um um outro que é uma hora que a a Peach, faz um negócio, eu não vou contar a história e eu tive que botar um uma piadinha, uma coisinha ali porque ele falava uma coisa no original. Eu falei cara, esse daqui é o momento de quebrar a atenção porque é uma coisa que ela faz, tá beleza? Por isso ninguém vai rir, mas eu acho que aqui cabe uma coisinha, aí botei uma uma expressãozinha lá, e foi isso, o cinema vem abaixo, foram uns dois, três minutos rindo…
E eu falo. “Putz consegui!. Isso é importante, você saber botar o humor no ponto certo e na quantidade certa, não pode poluir.
O Toad que o Oberdan Junior fazia maravilhosamente bem muito bem, era na série animada, então cabia todas aquelas piadas… Para esse Toad [do Eduardo Drummond] não cabia, tanto eu, tentei eu falei vamos aqui. Hum, tá forçado… Acho que não precisa do texto engraçado, a cara dele é ótima, o que ele faz é ótimo, então se você ainda colocar mais uma piada de texto, eu acho que sabe fica manchado, fiquei exagerado porque ele por si só já engraçado, então a gente não carregou tanto nele, mas quem sabe depois num outro pode ser que dê para carregar, né?
O que é mais difícil para você dar um voz para um personagem live action, como o Chris Pratt nos filmes de Jurassic World ou para um personagem em animação como aqui em Super Mario Bros. O Filme?
Raphael Rossato: Eu acho que é que a dificuldade é a mesma, todos os dois têm o seu nível de dificuldade, né? A dificuldade da animação, geralmente é por conta da boca, hoje em dia não tanto, porque eles procuram fazer os movimentos labiais bem bem próximo, né do das palavras ali no idioma original da animação, mas acho que na animação geralmente é isso porque a boca geralmente bate um pouco mais fora e você tem que adaptar mais as palavras, mas a dificuldade é a mesma porque a gente também faz uma adaptação nos Live actions para poder pegar o mais perfeito possível ali as labiais e as terminações para realmente não parecer que o filme tá dublado, né?
Porque o interessante da dublagem é quando você assiste um filme dublado e não se dá conta que você tá vendo no filme dublado. Esse é o grande barato, né?
Pelo que tudo indica, talvez, tenhamos um Super Mario Bros. – O Filme 2, né? Quem vocês gostariam de ver, dos personagens dos jogos, que poderiam ter aparecer em uma, possível, sequência?
Manolo Rey: Aí eu acho eu acho que eu acho que nesse próximo e eu queria mais do Diddy Kong né? Eu acho que ele poderia ter umas trapalhadas com ele e o Yoshi eu acho que todo mundo tá esperando o Yoshi, né?
Então assim são dois e não só isso. Eu acho que teria que entrar mais personagens, mas se bem que pode poluir muito se você botar todos, assim botar Wario e não sei quê eu acho que vai poluir sabe? Eu acho que pode ser bem por aí entrar o Yoshi e o Diddy Kong, e mais alguém.
Raphael Rossato: Galera do mal ali também, né? O Wario né? O Waluigi, eu acho que eles são muito importantes. Acho que seria muito muito bacana ver eles, né nas animações, mas realmente o que aparece ali na cena pós-crédito, é o que todo mundo tá esperando mesmo e é o que eu mais espero também ver.
Eu espero que esse universo se expande que venham muitas coisas, né, cara não só exatamente do Mário, mas enfim spin-off também, né? Tem tem potencial para ter muita muito material, né? Daqui para frente, eu espero que eles estejam pensando nisso e que eles possam trazer aqui para gente.
Completam o elenco de dubladores os profissionais Carina Eiras (Princesa Peach), Márcio Dondi (Bowser), Eduardo Drummond (Toad), Pedro Azevedo (Donkey Kong), Léo Rabelo (Cranky Kong), Marco Ribeiro (Kamek) e Filipe Albuquerque (Spike).
O roteiro fica com Matthew Fogel e a dupla Aaron Horvath e Michael Jelenic cuidam da direção.
No elenco de vozes originais temos os atores Chris Pratt como Mario, Anya Taylor-Joy (Princesa Peach), Charlie Day (Luigi), Jack Black (Bowser), Keegan-Michael Key (Toad), Seth Rogen (Donkey Kong), Fred Armisen (Cranky Kong), Kevin Michael Richardson (Kamek) e Sebastian Maniscalco (Spike).
Super Mario Bros – O Filme em cartaz nos cinemas.