domingo, 22 dezembro, 2024
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Entre Estranhos | Crítica: Tom Holland entrega personagem perturbado em mistério que intriga

Nova York. 1979. No meio de uma praça lotada, dois jovens estão envolvidos num tiroteio, entre eles Danny Sullivan, interpretado por Tom Holland dos filmes do Homem-Aranha da parceria Sony Pictures e Marvel Studios. Corta para Danny já na prisão e que começa a ser investigado por Rya Goodwin (a vencedora do Emmy Amanda Seyfried), onde durante uma série de entrevistas, vamos descobrir mais sobre o que levou Danny a estar naquela praça, naquele dia, com uma arma de fogo em mãos. 

Tom Holland em cena de Entre Estranhos (The Crowded Room).
Foto: Courtesy of Apple. All Rights Reserved.

Esse é o início de Entre Estranhos, a nova minissérie da Apple que chega com três episódios iniciais no dia 9, e tem esses dois nomes conhecidos de Hollywood numa atração marcada por esse mistério: o que aconteceu com Danny Sullivan?

Baseada em um livro de mesmo nome (The Crowded Room que dá o título no original), a atração tem cara de ser melhor aproveitada se você não souber muita coisa, ou até mesmo, nada, sobre a trama. Eu particularmente só vi um trailer e sabia a sinopse por cima, e talvez, seja por isso que a trama tenha me prendido desde do começo, onde acho que o mistério até parece ser um pouco óbvio no começo, mas o seriado sabe bem trabalhar com as hipóteses e com os questionamentos que surgem na medida que a investigadora conduz as entrevistas com Danny. 

Particularmente eu esperava que o seriado teria uma ambientação mais tensa e sombria no estilo de Black Bird (outra atração da Apple lançada no ano passado), mas fica claro que em Entre Estranhos vamos seguir por outro caminho. É como se tivéssemos um olhar minucioso sobre o passado, a infância, e os acontecimentos da vida de Danny antes do incidente, num estilo Coringa – A Origem sabe? Faço esse paralelo, talvez, mais por conta que o visual de Holland na atração lembra muito o de Joaquin Phoenix no longa que deu o Oscar para o ator lá em 2020. É o cabelo comprido, com aspecto de sujo, o olhar maníaco, mas com uma certa humanidade perdida, as roupas batidas, e tudo mais.

E junto com isso, temos a atuação de Holland que realmente chama a atenção nas cenas mais dramáticas e intensas que Entre Estranhos apresenta. É um dos papéis mais interessantes de Holland fora do universo Homem-Aranha, onde junto com o longa Cherry (também da Apple), Holland quer mostrar que é mais que Peter Parker.

Amanda Seyfried e Tom Holland em cena de Entre Estranhos (The Crowded Room).
Foto: Courtesy of Apple. All Rights Reserved.

E depois de assistir os episódios iniciais da série, fica claro que o ator quer se distanciar cada vez mais do papel que o alçou para o estrelato. E ele realmente tá super bem aqui ao contar como o jovem extremamente criativo, mas tímido, Danny vivia sua vida em uma cidadezinha. Ele mora com a sua mãe Candy (Emmy Rossum), o padrasto Marlin (Will Chase), que vivem uma relação abusiva e complicada, já no colégio ele até tem amizade com dois rapazes, o jovem Mike (Sam Vartholomeos) e Jonny (Levon Hawke), mas vive por sofrer bullying dos outros colegas, e também tem uma quedinha pela colega, uma garota popular chamada Isabel (Emma Laird).

Uma típica história do underdog americano. Certo? É que a investigadora Ray quer descobrir. O quão envolvido Danny esteve nos eventos na praça em Nova York. E leva um tempo para Entre Estranhos apresentar esse contexto, tudo é bem explicado e lentamente mostrado, e se você espera ação, ou respostas logo de cara, pode esperar bastante que o seriado não é um marcado por agilidade.

E por conta de que vemos Danny contar a sua história para Rya fica claro que o personagem não é o narrador dos mais confiáveis, afinal, em vários momentos a atração nos tira dos flashbacks de uma forma brusca, onde vemos a investigadora questionar o preso sobre o que ele a conta. E isso, faz, com que nós, os espectadores, começamos a nos questionaram também sobre a veracidade dos eventos que Danny narra.

E isso fica claro, principalmente nos capítulos seguintes após o primeiro episódio, onde Danny deixa a casa da mãe e vai morar num casarão abandonado no final da rua e se vê na presença de um imigrante de Israel chamado Yitzhak (Lior Raz) que o protege dos garotos da escola, e que também abriga uma outra jovem, a impulsiva e espírito livre Ariana (Sasha Lane, incrível de boa) no local. E ao começar a interagir com essas pessoas é que temos o começo dos eventos que vão se desenrolar lá para as cenas do começo da atração, onde vemos que Ariana também estava com Danny na praça durante o tiroteio, só que tanto ela, quanto Yitzhak desapareceram, deixaram Danny sozinho.

Algumas cenas parecem meio truncadas, ou ruins, mas é tudo por conta de ser contadas por Danny naquilo que Danny quer acreditar. É como se Entre Estranhos fosse a contrapartida não super-herói de Cavaleiro da Lua. Quem viu sabe! Ou até mesmo de Mr. Robot com o vencedor do Oscar Rami Malek. 

Tom Holland e Sasha Lane em cena de Entre Estranhos (The Crowded Room).
Foto: Courtesy of Apple. All Rights Reserved.

Assim, o mistério sobre o envolvimento dessas pessoas que populam as histórias de Danny e que ganham vida na sala juntamente com o rapaz e a investigadora são o foco na medida que Rya começa a cavucar e pedir detalhes do que aconteceu com eles no passado, e no tempo que eles passaram na casa (os mais felizes da vida de Danny, segundo ele), a ida para Nova York, e tudo mais. 

Entre Estranhos constrói o mistério aos poucos, e vai numa crescente de pequenas reviravoltas, pequenas pistas que dão dicas do realmente está acontecendo com Danny e o que aconteceu de fato com esse rapaz e tudo mais. Talvez 10 episódios, de quase 1 hora, sejam muito, mas pelo menos o seriado tem tempo de desenvolver tudo, em uma série que constrói sua narrativa migalha por migalha até que explode em uma grande virada na trama e que faz as peças todas se encaixarem na história.

É a história que é contada aqui de um jeito, e não, o que nós queremos que ela fosse. E isso que é tão perigoso para histórias com mistérios e questionamentos igual em Entre Estranhos, é que às vezes, as nossas teorias, os nossos pensamentos sobre o que é introduzido, e as possibilidades que a trama da atração pode ir, é que acabam por serem mais interessantes do que é o que o filme, ou a série, quer contar. Mas isso é fruto apenas da nossa imaginação fértil, onde, às vezes, é melhor ficar no mundo da fantasia e das ideias do que enfrentar a dura e cruel realidade do mundo. Certo, Danny? 

Entre Estranhos (The Crowded Room) estreia com 3 episódios no dia 9 de junho e exibe depois 1 episódio por semana até o final da temporada.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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1 COMENTÁRIO

  1. Entre Estranhos
    Haja fôlego (e estômago) para assistir tamanho suspense psicológico nessa minissérie estrelada pelo Tom Holland.
    É seu jeito tímido, com cabelo comprido, aspecto de sujo, o olhar maníaco e assustado, mas com uma certa humanidade perdida, que faz a gente mergulhar de cabeça na sua história.
    É uma narrativa cruel, onde sua família, seus amigos, sua comunidade inteira falham com você. E, assim, você se estilhaça em pedaços. Em pequenos fragmentos que pouco a pouco vamos descobrindo sua assombrosa origem.
    Uma atuação impecável do Tom, porém o final poderia ser um pouco melhor. Senti que poderiam ter trabalhado mais aqueles minutos finais, principalmente a parte do julgamento em si…
    Mesmo assim, super indico a minissérie e, como eu disse no começo, prepara o coração aí pra tamanha crueldade que o mundo pode se mostrar…

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