Ai ai tem algumas produções que a gente de longe já sente o cheiro da bomba… E Encontro Fatal (Fatal Affair, 2020), só pelo trailer, já tinha deixado claro que não era para o espectador esperar muito desse filme, mesmo que sempre há chance de nos surpreendemos, não é mesmo? Mas Encontro Fatal tá longe de fazer isso…. e parabéns para a Netflix por fazer o mínimo e pelo menos entregar um filme dentro dos padrões ideais para que consigamos chamar de produção cinematográfica.
Com uma trama de traição completamente clichê e sem pé nem cabeça, um romance barato e um mistério enfadonho, Encontro Fatal faz um daqueles filmes que só servem para darmos risadas de nervoso, ou para deixar a Tv ligada enquanto fazemos alguma coisa. Em ritmo de quarentena pode até ser bom enquanto lava uma louça ou varre a casa. O roteiro de Peter Sullivan e Rasheeda Garner por mais que tente se garantir em algumas reviravoltas aqui e ali entrega mais uma produção fraca para a lista do serviço de streaming.
Encontro Fatal tem a profundidade de um pires, e isso já fica claro logo na sua sinopse. Na trama, Ellie (Nia Long) se muda para uma casa no litoral com o marido Marcus (Stephen Bishop) na tentativa de consertar seu relacionamento. O novo lar seria como um novo começo para o casal, afinal Ellie irá começar sua própria firma em alguns dias. Antes de sair da empresa, a advogada encontra com um ex-colega de colégio, chamado David (Omar Epps), e resolve sair com o rapaz para um happy hour.
Depois disso ela irá descobrir que David é mais perigoso e instável do que ela imaginava. Toda a espiral de obsessão e jogos mentais que o filme apresenta apenas deverá deixar o espectador com a sensação de “o que será que está acontecendo aqui?” com as peripécias e loucuras que a trama de Encontro Fatal arma. São situações completamente surreais em que vemos Ellie e David envolvidos até mesmo para um filme do gênero e que coloca Obsessiva (2009), aquele filme com a cantora Beyoncé e Idris Elba, no chinelo.
Epps, que é um bom ator, nunca encontra o tom certo para seu personagem, sabemos desde do início que David tem problemas, mas o filme parece querer brincar com a dúvida de que será que ele é um cara ruim ou não? Na primeira sequência de ligações e mensagens de texto de David para Ellie (Long que é a melhor coisa do filme) depois que uma saída para tomarem umas bebidas leva para um breve flerte entre eles, já sabemos que as coisas irão de mal a pior para a advogada.
O roteiro flerta com diversas possibilidades e, ao mesmo tempo, parece também ficar com preguiça para desenvolver certas tramas e nunca vai a fundo em algumas delas, principalmente aquelas sobre o envolvimento de David com casos suspeitos, como a morte de sua ex-esposa, ou do acidente de Marcus que motiva a ida do casal para o interior. Encontro Fatal se apoia cenas de teor mais picante para esconder os furos que tem em sua história e quando o filme abraça totalmente o lado stalker e maluco de David, nem mesmo a sequência de crimes do protagonista ajudam a história a ficar moderadamente interessante, pois afinal, tudo é muito mal construído e desenvolvido ao longo do filme.
Encontro Fatal é o segundo filme do diretor disponível na Netflix, depois do desastroso Obsessão Secreta (2019), e já estamos no aguardo do que vem por aí em um possível terceiro filme para completar a trilogia dos filmes ruins no serviço de streaming.
No final, a produção é fatalmente uma perda de tempo com sequências de perseguições na praia, tramas que começam e não são concluídas, e mortes de personagens coadjuvantes que ninguém se importa. O grande suspense que Encontro Fatal faz, é saber quanto tempo irá levar para o espectador desligar a TV depois que o filme começou, (tem que ser antes dos dois minutos para não contar como visto pela Netflix hein?), tamanha a falta de qualidade visto nele.
Encontro Fatal disponível na Netflix.