Bonita. Inteligente. E Rica. A história de Jane Austin sobre a jovem Emma já teve diversas adaptações para o cinema, algumas mais fiéis como a versão de 1996 estrelada pela atriz Gwyneth Paltrow, e ainda outras mais modernas como As Patricinhas de Beverly Hills que marcou época. E todas elas mostram essa variedade de personagens que estão em busca de amarem alguém, e claro, serem amados.
E basicamente é assim que a versão de 2020 de Emma se desenrola, sem muitas surpresas, nessa adaptação da Universal Pictures que chegou ao Brasil diretamente no streaming.
O grande destaque fica com a atriz Anya Taylor-Joy que entrega uma Emma deslumbrante, ácida e sarcástica e que rouba todas as cenas com seu cabelinho enrolado marcante, e suas roupas solares. Outro ponto extremamente positivo em Emma, fica com seus figurinos incrivelmente bem escolhidos e criados para o filme, e que servem para ajudar na ambientação da época em a história se passa, numa zona rural da Inglaterra nos anos 1880.
Mas tirando isso, Emma entrega uma história modesta e cansativa ao longo de suas quase 2 horas. Claro é divertido ver as peripécias que a jovem socialite apronta ao utilizar sua influência, na tentativa de acabar um pouco com o seu tédio, mesmo com uma vida sem poucas preocupações. A Emma em Emma é a menina malvada original, onde todas as outras garotas gostariam de sentar com ela e andar pelas ruas da cidade.
E basicamente é assim que a trama se desenrola, sem muitas surpresas, em que Emma brinca com os sentimentos das mulheres, e dos homens, que a cercam nesse pequeno povoado inglês. Ao bancar a casamenteira, Emma vê seus planos darem certo, como quando junta a srta. Taylor (Gemma Whelan) com o Sr. Weston (Rupert Graves), ou muito errado, quando o Sr. Elton (Josh O’Connor) acha que ela gosta de dele e não de sua amiga Harriet Smith (Mia Goth).
Assim, Emma acaba por servir também como uma história de amadurecimento para a personagem que vê seus esquemas, e manipulações, afetarem a vida de todos ao seu redor. Emma entrega uma história sobre ela disse, ele disse, gigante, numa grande trama de fofocas, e intrigas que movimentam a trama. A desconstrução da figura de Emma para os olhos do espectador é notada, e sentida, mesmo que o longa fique inserindo diversos novos personagens na hierarquia imposta na sociedade do local.
Vemos a chegada do senhor Knightley (Johnny Flynn), da Sra. Elton (Tanya Reynolds), e do senhor Churchhill (Callum Turner). E aqui, a cada introdução de um novo personagem a dinâmica do filme muda, e Emma precisa se livrar das consequências que sua boca grande tem na vida dessas pessoas.
Claro, o filme tem passagens divertidas, e como falamos, Taylor-Joy está incrível no papel, assim como seus colegas, o novato Johnny Flynn está muito bem, como a única pessoa que bate de frente com Emma, e Mia Goth diverte como a avoada e sonhadora amiga, mas o longa parece que estende demais para contar sua história, e o roteiro oscila entre drama, e comédia de uma forma simples e que falta uma certa ousadia para se contar essa história que já foi contada várias vezes.
As idas e vindas dos romances, as fofocas, os piqueniques e os bailes deixam Emma com um visual caprichado esteticamente e que acabam por fazer o espectador cair de cabeça intensamente na trama contada. As horas de Emma devem pesar para espectador, onde o longa acaba por não entregar um fator de empolgação como foi visto em na série Dickinson da AppleTv+ que fala sobre a escritora Emily Dickinson.
Emma conta com visual pomposo, e atuações um pouco exageradas para contar a história de uma jovem rica e mimada que ao tentar bancar a mestre dos marionetes vê sua mão se machucar com as farpas da madeira.
No final, Emma faz uma história moderadamente divertida, e que acaba por valer a pena, apenas pela jornada de desenvolvimento dos personagens, e principalmente pelas figuras conhecidas que o elenco tem.
Emma disponível no formato digital.