domingo, 22 dezembro, 2024
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Em Ritmo de Fuga | Crítica

Um filme mesmo com uma narrativa simples que consiga unir um bom elenco e ainda cair nas graças do público e da crítica é uma das coisas mais difíceis hoje em dia, afinal todos querem um blockbuster ou uma franquia com contrato para mais de 5 produções para chamar de seu. Quando aparece alguma coisa com um ar de novo, os nossos olhos chegam a brilhar como uma criança esperando o presente no Natal chegar.

E é mais ou menos assim que funciona o filme, Em Ritmo de Fuga (Baby Driver, 2017). Por mais que tenhamos uma produção mais low-profile, o longa se destaca por suas excelentes atuações, atores muito bem escalados, uma ótima trilha sonora e claro sensacionais sequências visuais que te deixam maravilhado na cadeira do cinema.

Em Ritmo de Fuga
Em Ritmo de Fuga | Crítica – Foto: Sony Pictures

Com direção e roteiro de Edgar Wright, Em Ritmo de Fuga faz uma grande sequência musical, mas não é filme um cantado como se fosse um musical. O seu maior acerto é fazer com que a trilha sonora seja parte do desenvolvimento do longa, e que ao assistir o filme, sentimos que as músicas  nos abraçam como um personagem dentro do filme. Talvez, seja por esses motivos, que fazem de Em Ritmo de Fuga ser uma das melhores produções do ano até agora.

Agradável e que faz o espectador gostar dele logo de cara, Em Ritmo de Fuga entrega uma das melhores experiências cinematográficas de 2017, e faz uma bela homenagem aos sons, melodias, e claro para as músicas ao utilizá-las para dar partida e acelerar a trama em diversos momentos. Com um ritmo ágil, mas que não confunde quem assiste, o roteiro de Wright é moldado em torno de sua trilha sonora, e isso fica claro, na ótima cena de abertura quando seu personagem principal sai para buscar café ouvindo seu mp3 player e batucando pela cidade.

O roteiro é simples e mistura uma trama de assalto com uma deliciosa comédia “garoto conhece garota”, e não tem medo de ousar em viradas interessantes em sua história, e que completamente necessárias para o seu  desenvolver. Com falamos, a trilha é interessante demais de se acompanhar, com algumas músicas (destaque para David McCullum com The Edge e The Commodores com Easy e Barry White com Never, Never Gonna Give Ya Up) que se encaixam muito bem aqui, e servem para Em Ritmo de Fuga variar seus momentos de tensão nas cenas de fuga com as cenas românticas, e claro, nas partes mais dramáticas.

Na trama, Baby, isso mesmo B-A-B-Y (Elgort) é um motorista com um problema de audição que anda com seu iPod para lá e para cá baixo para abafar um zumbido devido a um problema que aconteceu com ele quando era criança. Então para cada humor e cada situação ele tem uma trilha sonora própria. E cara, Ansel Elgort está absolutamente ótimo no papel e realmente fantástico na composição do personagem. O carisma e leveza de Baby faz o ator realmente mostrar um trabalho bem diferente que tudo que ele já fez e que possivelmente deverá ser um marco em sua carreira. O Baby de Elgort tem uma inocência e frescor incrível, mas sem ser bobo, ou caricato pelo ao contrário o personagem é esperto, ousado e confidente.

Como motorista ele trabalha para o mafioso, Doc (Kevin Spacey) que reune equipes para realizar diferentes tipos de assaltos. Doc e Baby tem uma parceria de sucesso há anos e que dá certo principalmente por conta das habilidades na direção do motorista em se livrar da polícia a cada assalto. O chefão do crime então contrata novas pessoas para formar uma equipe do zero para juntos realizarem um roubou ao banco. Assim, somos apresentados ao esperto e boa pinta Buddy (Jon Hamm), a explosiva Darling (Eiza Gonzalez) e ao nervoso Griff (Jon Bernthal) que juntos vão aplicar o golpe e dividir o dinheiro.

Baby sabe que não pertence esse mundo e tem seus motivos para trabalhar com Doc. Razões essas que o levam a ficar cada vez mais decido a abandonar essa vida, principalmente depois de conhecer a garçonete Debra (Lily James). Agora ele tem alguma coisa a perder e a medida que os eventos se complicam, e um novo e mais pirado membro se junta a gangue (Jamie Foxx), Baby precisa decidir, escolher um lado e parar de ficar em cima do muro fazendo vista grossa com tudo que está ao seu redor.

Em Ritmo de Fuga
Em Ritmo de Fuga | Crítica – Foto: Sony Pictures

Para quem é fã de filmes de assalto, máfia e comédias com piadas ácidas e pontuais, Em Ritmo de Fuga faz um mix de todas essas coisas e que acerta, e muito, ao juntar tudo numa mesmo produção. A parte criminosa/mafiosa do filme acaba sendo melhor que o lado romântico mesmo que a produção, no final, consiga acertar em todas as frentes. Talvez Lily James não consiga entregar ou estar no mesmo nível que Ansel Elgort no filme, afinal sua personagem é a menos desenvolvida entre todos na história e às vezes parece que que a atriz tenta deixar seu visual dizer mais que sua atuação.

Mas quando os dois atores estão juntos em cena claramente é possível ver uma faísca (pouca) rolando.O veterano Spacey também está muito bom (como sempre), e tem uma forte presença, com voz marcante e ameaçadora Realmente foi uma ótima escolha para esse papel, já Hamm está literalmente possuído, de verdade rouba todas as cenas com seu personagem e realmente sabe deixar sua marca na produção mesmo em um papel menor.

Jaime Foxx nesse filme está duzentos tons acima do normal, exagerado e louquíssimo, e realmente entrega uma atuação memorável e tem ótimas falas e momentos engraçados. Outros destaques acabam sendo para o sobrinho criança de Doc (Brogan Hall) que em duas cenas consegue te arrancar boas risadas e com o pai adotivo (CJ Jones) de Baby que é mudo e passa uma realidade incrível em tela e uma interação fantástica com Elgort.

Visualmente falando Em Ritmo de Fuga é um dos filmes do ano, e entrega uma das melhores sequências feitas de perseguição de carros. O longa consegue capturar bem momentos dramáticos e de tensão. Cheio de estilo e focado em detalhes, o longa tem cenas muito bem filmadas, capturadas, escolhidas e claro editadas que merecem palmas para o diretor Edgar Wright.

Com algumas longas e interessantes tomadas que ajudam muito a contar a história, temos aqui uma produção criativa que nos entrega um longa com um ar de novidade, cheio de originalidade e que sem dúvida entra na galeria de grandes produções do ano.

Engraçado na medida certa, com uma ótima trilha sonora que se encaixa em corretamente em diversos momentos ao longo das quase duas horas, um personagem principal carismático que te faz torcer por ele do começo ao fim e apoiado com excelentes personagens secundários Em Ritmo de Fuga É o filme da temporada. E que não deve ser perdido.

Nota:

Em Ritmo de Fuga estreia em 27 de Julho com algumas pré-estreias pagas no próximo final de semana.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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