Já chego aqui para avisar os fãs de Elite que esse início da temporada de Elite fez a série voltar aos eixos e se toda a temporada for assim, nesse mesmo nível, temos uma que realmente vale a pena assistir.
Como vocês viram, já fazia um tempo que não tinha nada de conteúdo da série aqui no site justamente por que acho que depois da segunda temporada a atração perdeu um pouco do seu brilho e do sentimento de empolgação lá do primeiro ano. Os mistérios apenas foram se arrastando e as relações dos personagens, e as dinâmicas entre eles, ficaram apenas desinteressantes na medida que os personagens avançam nos anos do colegial do colégio Las Encinas.
E a ideia era que a cada nova temporada teríamos a entrada de novos personagens que chegariam para movimentar a trama. Mas se nem os antigos e veteranos conseguiram se conectarem mais comigo, os novos então, não me fizeram ter vontade de assistir os novos episódios. Deixei meu uniforme de lado e segui a vida. Mas com esse início do quinto ano as coisas mudaram.
Talvez seja o distanciamento com a atração, ou a rápida maratona do que eu tinha perdido para chegar nessa 5ª temporada, mas basicamente tudo que os criadores Darío Madrona e Carlos Montero apresentaram até agora no novo ano me agradou. Elite mantém a sua fórmula de apresentar os personagens sendo interrogados no futuro sobre um novo crime (haja terapia para esse grupo hein?) onde temos um corpo misterioso, e claro, alguns deles encobrindo a verdade para outros na medida que vemos fragmentos do que aconteceu.
É a volta para o básico lá das primeiras temporadas. Elite continua a se apoiar em mostrar os relacionamentos entre esses personagens, esse grupo de estudantes, e tenta fazer o público adivinhar quem dentre eles foi que bateu as botas e quem foi o responsável. (Se bem que uma dessas respostas parece que já vem logo no começo).
Com a saída de diversos personagens do grupo original, Elite se concentra nos personagens que sobraram dos primeiros anos como o esforçado (mas ainda chato) Samuel (Itzan Escamilla) e o queridinho do público Omar (Omar Ayuso) que ainda continuam na escola e que lidam com os seus novos colegas com dinheiro e cercados de privilégios. Estão no novo ano, a bad-girl com bom coração Rebeka (Claudia Salas sempre ótima) e Cayetana (Georgina Amorós) continuam com suas tramas de onde o final da temporada anterior parou e precisam tomar novas decisões sobre seus futuros, seja profissionalmente ou em suas vidas pessoais que continuam atribuladas.
O mesmo vale para a família do diretor linha dura Benjamin (Diego Martín) que no novo ano continua sua vigilância rígida, e seus filhos Mencia (Martina Cariddi), Ari (Carla Díaz) e o rebelde Patrick (Manu Ríos, um melhores entre o grupo no novo ano) que passaram poucas e boas no último ano. Os quatro personagens movimentam mais uma vez trama, cada um em sua maneira e com certos níveis de intensidade, mas parece que a cada vez que Elite introduz novos personagens, eles ficam de lado, para dar chance para ver se os novatos caem no gosto do público.
É o caso da argentina Valentina Zenere e do brasileiro André Lamoglia que são os destaques do novo ano de Elite e fazem entradas que chamam atenção. Zenere chega para ocupar o lugar deixado por Ester Expósito (a Carla) como a loira malvada da temporada na medida que a influencier e herdeira vai atrás de tentar um relacionamento com o Príncipe Cancelado Phillipe von Triesenberg (Pol Granch). Já Lamoglia (muito bem aqui) chega com um arco narrativo que envolve o pai ser um jogador de futebol super famoso, para movimentar a trama dos irmãos Blanco, e garantir que cenas mais ousadas continuem a serem mostradas na série.
As interações de Lamoglia com Rios deixam o novo ano por pegar fogo em termos da sedução que só Elite consegue entregar. E é bom ver Lamoglia soltar frases em português ao longo dos episódios e parece que os fãs nacionais da produção foram agraciados com a presença de um brasileiro na trama.
Assim, Elite novamente se apoia nesses relacionamentos que a princípio começam com muita libido envolvida, mas depois só mostram que esses personagens são tão vulneráveis e precisam amadurecer num mundo real e competitivo que são jogados. Cercados de festas (tem uma no começo que é muito boa), eventos sociais (maratona de filmes de Almodóvar) e pegações sem tamanho, Elite se volta para destrinchar essas relações e fazer o espectador se indagar sobre o que, e como, levou esse grupo de jovens a tomarem atitudes tão pesadas que os levaram a se meterem (mais uma vez) em um caso policial.
No final, entrega um começo interessante, satisfatório, e que coloca a série de volta aos eixos. E digo isso de alguém que basicamente pulou 2 temporadas inteiras.
Elite retorna em 8 de abril na Netflix.