Eu acho que não me divertia tanto com um filme no estilo de Drop: Ameaça Anônima (Drop, 2025) desde, sei lá, Voo Noturno (Red Eye) com a Rachel McAdams, e Cillian Murphy lá em 2005. Já faz bastante tempo, mas foi esse projeto que logo me veio a mente quando estava nos primeiros minutos desse filme aqui estrelado por Meghann Fahy e que chega nos cinemas de forma tímida agora em Abril.
Se lá tínhamos a trama em um avião, aqui no novo da Blumhouse temos uma história que se passa majoritariamente em um restaurante 5 estrelas, onde uma mãe solo, viúva e ainda em luto, vai para um primeiro encontro depois de anos e vê sua a noite com um casinho ser atrapalhada por mensagens de texto anônimas e ameaçadoras.

Como pode alguém pelo celular consegue irritar a Meghann Fahy pelo celular dela? E é isso que acontece em Drop: Ameaça Anônima. Piadas a parte, Fahy é quem é o grande chamariz desse aqui, onde a atriz vem do sucesso em The White Lotus e da série O Casal Perfeito e no longa mostra que consegue fazer o salto do streaming para o cinema muito bem, coisa que diversos outros colegas atores tem sofrido para fazer ao longo dos anos.
Em Drop: Ameaça Anônima, Fahy está muito bem, obrigado. Talvez, seja também pela ajuda de ter um bom material que vem com o roteiro da dupla Jillian Jacobs e Chris Roach, seja pela forma como o diretor Christopher Landon (depois de A Morte Te Dá Parabéns e Freaky – No Corpo de Um Assassino) acerta em posicionar a câmera para contar essa história. O que é certeza aqui, é que nesse filme, Fahy comanda uma presença em tela muito boa e realmente nos faz vibrar e torcer na medida que vemos Violet jogar um tipo de jogo de xadrez com uma ameaça do outro lado de um telefone. É a trama mais inventiva do mundo? Não, mas o filme ganha pontos por ser uma história original num momento crucial em Hollywood onde a tendência é tudo ser baseado em propriedades intelectuais e tudo mais.
Drop: Ameaça Anônima acaba por ser um daqueles tipos de filmes que as coisas só vão escalonando na medida que a trama acontece, sabe? Afinal, o longa já abre com uma cena extremamente desconfortável, mas que serve para contextualizar tudo aquilo que vamos ver nas próximas quase 2 horas.
Conhecemos a terapeuta Violet, uma mulher que sofreu um grande evento traumático alguns anos atrás, ficou viúva e vive sem ter nenhum relacionamento com ninguém, até então. Mas ela precisa ser forte para seu filhinho Tobey (Jacob Robinson) e entrou no mundo dos encontros via aplicativos para fazer a vida seguir. No meio de selecionar para a direita e esquerda, temos um perfil de um cara que finalmente chamou atenção, onde depois de meses conversando, eles marcaram finalmente um encontro para se conhecerem pessoalmente.
E depois de meses, chega a tal noite, onde claro que Violet está apreensiva e sua irmã Jen (Violett Beane) muito mais e a faz trocar de roupa umas três vezes. Fahy consegue navegar no meio dessa dramaticidade toda, em que o roteiro coloca as cartas na mesa para nós espectadores, de uma forma bastante natural e a trama é ágil para já nos levar para o que importa aqui que é a trama doida que envolve tecnologia e tudo mais. Drop: Ameaça Anônima, durante boa parte do filme, vai nos dar pistas sobre esses personagens através das suas relações com a tecnologia, onde a história nos conta o que eles fazem, suas vidas, e tudo mais durante os acontecimento que se desenvolvem na medida que o encontro dos dois personagem acontecem.
E isso é importante não só para nós espectadores sabermos mais da figura de Violet, mas também de todos os outros personagens que são apresentados na medida que ela entra num badalado restaurante em Chicago para se encontrar com Henry (Brandon Sklenar vindo do mega sucesso de É Assim que Acaba e um dos poucos que conseguiu sair ileso dos eventos de bastidores que permeiam o projeto do ano passado até agora.).
E nem tudo são flores para eles. Já que logo de cara, antes dos aperitivos chegarem, mensagens chatas começam a aparecer. Mensagens essas que Violet recebe e são mandadas pela função AirDrop, uma que vem disponível nos celulares iPhone e que serve para mandar arquivos para pessoas que estão numa distância razoável. E que Violet não pode falar da existências dela para ser encontro. Ou seja, o algoz de Violet está no mesmo local que ela e a ameaça para fazer as coisas acontecerem quando um outro bandido está na casa dela ameaçando sua irmã e filho.
Então, com as cartas na mesa, e a ameaça anônima que Violet vem recebendo, o roteiro de Drop: Ameaça Anônima parte para apresentar os potenciais suspeitos, enquanto tanto Violet e Henry também estão na procura de quem poderá ser a pessoa por trás das telas.
Seja a hostess do lugar (Sarah McCormack), a simpática moça que comanda o bar (Gabrielle Ryan) e que recebe a personagem naquela noite, o pianista (Ed Weeks) bonachão, um senhor (Reed Diamond) que está num encontro às cegas, um homem (Travis Nelson) que Violet vive por trombar e que espera no bar sua irmã chegar, e até mesmo o excêntrico garçom da noite (Jeffery Self), um cara que faz teatro, está no seu primeiro dia no trabalho e que consegue deixar toda a situação ainda mais constrangedora com piadas e intromissões.

E é curioso que a cada momento que o roteiro mira em um deles, fica claro, que poderia ser a pessoa da vez. Até mesmo Henry entra na jogada, afinal, a história em Drop: Ameaça Anônima é construída de uma forma que faz com que todos esses personagens possam e chegam a fazer sentido de serem a figura por trás da ameaça. Em um momento eu até pensei, meu Deus será que sou eu que to mandando mensagem para ela? Por que não era possível que todo mundo poderia ser, e até metade do filme, eu não tinha decido quem eu achava que seria o culpado.
Afinal, a trama de Drop: Ameaça Anônima já se comporta de uma forma estranha, até mesmo por conta de querer brincar com o mistério de whodunnit, onde todo mundo é suspeito. E acho que Landon consegue não só utilizar a temática espirituosa que envolve o uso tecnologia e tudo mais, mas também consegue usar o restaurante não só como um espaço físico que a trama se passa, mas também como figura chave para os acontecimentos que se desenrolam quando o criminoso começa a pedir para Violet executar diversas tarefas, sendo que algumas delas, são das mais absurdas e não vou contar aqui, então nada de spoilers.
Drop: Ameaça Anônima tem situações e momentos extremamente absurdos e surreais, mas de certa forma dão certo com a premissa e com a história a ser contada. Como falei muito se dá por conta de Fahy que segura as pontas, pelo trabalho fenomenal que a atriz e Sklenar entregam nas cenas desse casal, e pelo divertido jogo de uni-duni-tê que o filme faz na medida que não só precisamos descobrir quem está por trás disso tudo, por que, e como Violet vai sair dessa.
Acho que o longa só engrena nesse sentido, já que os momentos finais são alucinantes, malucos e realmente vão para caminhos que realmente eu não estava esperando e entregam explosões, tiroteios, gritarias, sobremesas sendo arremessadas, facas voando e muito mais.
No final, Drop: Ameaça Anônima meio que subverte as expectativas, não entrega alguma coisa galhofa demais, ou apenas por ser galhofa, e só galhofa, mas também tem seus momentos mais dramáticos e com uma crítica social para a tecnologia e tudo mais. Fica claro com o longa que Violet vive a máxima de um dos maiores terrores do mundo atualmente: entender como uma pessoa consegue te irritar na casa dela, longa de você, e pelo celular. Aqui no caso, a pessoa além de estar uns 15 metros da nossa protagonista, ainda atrapalhou o encontro dela com um bonitão. Certo ela em se revoltar mesmo e em querer descobrir quem foi. Talvez, eu fizesse igual.
Drop: Ameaça Anônima chega nos cinema em 10 de abril.