Depois de diversas participações em outros projetos do MCU ao longo dos anos, Matt Murdock e Wilson Fisk estão de volta com Demolidor: Renascido que chega no Disney+ com a estreia de dois episódios iniciais. E o título da atração diz muito sobre o que podemos esperar dessa nova série que coloca, finalmente, os dois personagens no centro da ação.
Há anos está em desenvolvimento, Demolidor: Renascido sofreu reestruturações, greve de roteiristas, e de atores, e claro a pressão do público em precisar se definir e se estabelecer neste novo cenário que o MCU vive. E finalmente a atração desembarca no Disney+, mas com a estreia também trouxe diversos questionamentos. Ao começar com: Demolidor: Renascido seguiria o estilo da série da Netflix que durou 3 temporadas e marcou o início das produções Marvel no streaming? Ou teria o estilo Disney+ que já algum tempo vem apostando em histórias mais serializadas, principalmente quando o banner Marvel Television surgiu, algumas produções atrás?

A resposta fica clara logo de cara nos primeiros episódios de Demolidor: Renascido. Afinal, sim, claro, a atração segue a história de onde vimos toda essa galera toda pela última vez e os coloca para viver novos capítulos de suas histórias. É um novo começo para todos. É o recomeço para esses personagens e principalmente um capítulo onde tanto Matt Murdock (Charlie Cox) quanto Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) deixaram suas outras personas de lado (por diferentes motivos) e estão em outras etapas em suas vidas. O Renascido do título serve para esses dois antagonistas, onde a série também se pergunta: quem eles são atrás das máscaras que de certa forma eles se escondiam?
Para Matt Murdock, esse novo começo se dá pelo fato que o trio formado por ele, Foggy Nelson (Elden Henson) e Karen Page (Deborah Ann Woll) é destroçado quando uma tragédia acontece. É um momento crucial, de virada, e de bastante impacto narrativo, onde o time da série soube construir de forma bastante interessante de se assistir. E pela velocidade que tudo acontece. E que nos é apresentado logo de cara no começo do seriado, com nem 15 minutos da estreia.
E que serve, de certa forma, quase como se fosse uma nova história de origem para o personagem do advogado cego que tem os outros sensos apurados (e que são bastante explorados nos novos capítulos). É quase como se tivéssemos a morte do Tio de Ben em Homem-Aranha, só que ao reverso, onde em vez de impulsionar a criação de uma figura mascarada que ronda as ruas de Nova York, em Demolidor: Renascido temos a “aposentadoria” de Matt Murdock do traje de Demolidor.
Assim, para o personagem, o luto da perda do amigo Foggy, o faz mudar radicalmente de vida. Vemos Murdock então abandonar o vigilantismo, e procurar salvar a cidade em uma nova firma, ao lado de uma nova colega Kirsten Mcduffie (Nikki M. James), e com novos casos jurídicos.
E que curiosamente não são o foco total da atração, igual foi com She-Hulk: Defensora de Heróis, onde a cada semana tínhamos um novo cliente. Mas que também não deixam de mostrar que a série faz parte sim do MCU e que Nova York é uma cidade grande e que sim podemos esperar um desfile de participações especiais de personagens de outras séries aqui.
São personagens que algumas pessoas realmente queriam ver na série? Não necessariamente, mas que dão um toque final e que são espaçados ao longo dos primeiros capítulos dessa nova jornada.

E do outro lado da cidade, temos a figura de Wilson Fisk, que também tem bastante coisa para trabalhar e desenvolver. É o retorno de um dos personagens mais complexos que a Marvel já trabalhou e o trabalho de D’ Onofrio é fundamental para trazer de volta tudo isso.
O personagem precisa lidar com a perda da liderança do império criminoso que ele comandava, depois os eventos vistos na série Echo, que são primordiais para os planos que o chamado Rei do Crime tem. Sabemos o que ele planeja? Não logo de cara, mas talvez é aí que fique a graça de acompanharmos essa nova jornada do personagem. Já que ele vê na política, um novo caminho para alcançar um novo tipo de poder. E isso pode causar mais problemas para o personagem, afinal, ele entra em um território completamente novo. E isso cria uma dinâmica curiosa com a esposa Vanessa Fisk (Ayelet Zurer), ,e claro com os outros personagens do time Fisk e que estão ali para serem apoio na narrativa quando o mesmo se torna Prefeito FIsk, como é o caso dos assessores Zabryna Guevera (Sheila Rivera) e Daniel Blake (Michael Gandolfini).
E se a ação fica mais concentrada no primeiro episódio (temos as icônicas lutas no corredor), e depois um pouco mais espaçadas nos seguintes, Demolidor: Renascido mostra que esses personagens são panelas de pressão prontos para explodirem na medida que fica mais difícil controlar a fúria que os desafios dessas novas empreitadas para ambos se apresenta.
O “cada um no seu quadrado” da cidade de Nova York fica estabelecido logo no começo, quando Murdock e Fisk se encontram em uma lanchonete e que estabelece as regras dessa nova relação entre os personagens. E o trabalho de Cox e D’Onofrio é impecável aqui, numa das melhores cenas da atração e basicamente dita toda a primeira leva de episódios de Demolidor: Renascido.
Os dois realmente muito bem mais uma vez nesses papéis, ao mesmo tempo que trazem de volta os personagens que conhecemos e ainda colocam novas nuances e camadas para eles enquanto vemos a complexa, e ao mesmo tempo interessante, narrativa da temporada se desenvolver. E para todos os lados. De Murdock quando assume um caso de um vigilante conhecido como Tigre Branco (Kamar de los Reyes) que tem sua persona civil revelada como Hector Ayala e até mesmo Fisk que passa como um trator compressor no sistema estruturado da política da cidade de Nova York, e dá uma sacudida nas estruturas de poder, seja a força policial, com as burocracias envolvidos e até mesmo com a elite poderosa da cidade.
E a narrativa de Demolidor: Renascido, coloca os dois em rota de colisão onde eles vão precisar lidar com o surgimento de uma onda de pessoas mascaradas que surgem pela cidade depois que o Demolidor deixou de patrulhar as ruas. Sobrou para outros mascarados, alguns com roupas de caveira (sim, o Justiceiro de Jon Bernthal também está de volta), outros com teias de aranha (sim, ele é apenas citado). E claro para apresentar a figura do misterioso, e que é introduzido aos poucos pela narrativa, personagem do Muse que resolve pintar a cidade em murais espalhados por aí e que realmente se mostra um adversário formidável para ambos os protagonistas.
Talvez, nunca saberemos o que estava sendo planejado pelo time antigo para a série, mas o que Demolidor: Renascido oferece é uma série completamente urbana, com um tom na realidade totalmente impressionante de assistir e notar os paralelos políticos e sociais do que acontece fora do MCU, e sem deixar de ser brutal em sua maneira e não só pelas cenas luta e de ação, mas que também que faz aquilo que tem sido o norte das produções de heróis ultimamente (vide a série do Pinguim da DC): em despir ser uma série de “super-herói” ou de “de quadrinhos” e sim uma que coloca esses personagens icônicos numa produção extremamente real e que não depende de raios azuis devastando as ruas, poderes de joias, ou magia, e sim contar uma boa história. Ponto final.
É o poder da narrativa em detrimento de querer ser fiel a uma história vista em uma HQ, e que faz uma que resolve se aproximar do público ao querer contar uma história mais pé no chão e que não depende de um certo conhecido prévio de alguma outra coisa. No final, Demolidor: Renascido meio que é mesmo um renascimento e que marca essa nova fase da Marvel Television e volta a explorar um canto do MCU bastante promissor e empolgante de voltar a se acompanhar.
Demolidor: Renascido chega com 2 episódios iniciais em 4 de março no Disney+.