Com Creed III (2023), a MGM e Michael Jordan mostram que a franquia ainda tem fôlego e consegue dar uns socos aqui ali. É o terceiro filme que pegou carona na outra franquia de boxe, Rocky: Um Lutador, onde aqui, nesse novo capítulo, vemos que Creed consegue se sustentar sozinho no ringue das chamadas propriedades intelectuais.
Coisa que Hollywood ama por gerar um público cativo e que vai nos cinemas, claro bastante dinheiro. E Creed III empolga ao colocar esses grandes nomes de Hollywood para lutar, onde ao assistir o filme fica claro que o grande vencedor é o público.
Michael B. Jordan passou pela Marvel Studios, mas é com a franquia Creed que vimos o soco de direita dele com ator passar na frente dos nossos olhos, onde ele se firma como um nome de talento e que assume o cargo de direção nesse terceiro filme. Outro ponto válido, foi trazer, num timing perfeito, o ator Jonathan Majors (que também passou pela Marvel Studios) para compôr esse elenco que apenas nocauteia o publico com esse encontro de titãs.
Creed III encerra essa trilogia no ápice, e mostra que a franquia tem um futuro promissor e que conquistou uma legião de fãs para continuar, sem a presença de Rocky Balboa/Sylvester Stallone, sozinha por mais alguns anos e que criou um espaço dentro da cultura pop único e seu.
E esse terceiro filme, é como se fosse um recomeço depois dos eventos que vimos nos dois primeiros filmes. Com Adonis (Jordan) em um momento de sua carreira em que ele está para se aposentar dos ringues, e seu relacionamento com Bianca (Tessa Thompson) em uma boa fase com a chegada de Amara (Mila Davis-Kent, ótima) em suas vidas, o futuro é promissor para o ex-pugilista na medida que agora é ele quem assume a função de treinador e treina novos boxeadores, entre eles, a nova promessa da academia que comanda, o jovem Felix Chavez (Jose Benavidez) que é observado de perto por sua mãe Laura (Selenis Leyva de Orange Is The New Black) e que daria um ótimo spin-off para a franquia.
Mas o passado volta para assombrar Adonis na medida que Damian (Majors) retorna para sua vida depois de anos na prisão e os dois têm algumas questões inacabadas para resolver. Claro, que o roteiro escrito pelo trio Keenan Coogler, Zach Baylin, Ryan Coogler tenta pintar algum tipo de mistério sobre as verdadeiras intenções de Damian estar volta, mas fica claro, quais são elas, logo de cara, afinal, sem essas questões existirem não teríamos a luta que nos foi prometida e que sustenta basicamente todo o filme.
Mas eu acho que muito da trama ser comprada se dá pelo fato que Majors é uma força da natureza e que consegue trabalhar nessa ambiguidade, e ao virar a chavinha e mostrar a verdadeira intenção de Damian, o ator eleva o longa ao trabalhar as diversas facetas que Damian tem e seu plano para garantir que o personagem consiga ganhar o título dos pesos pesados.
É como se tivéssemos um repeteco da história do primeiro filme, mas com o prisma do “vilão” contado. Afinal, segundo o personagem, a vida de Adonis era para ser sua, e o momento de vida que amigo de infância está, era onde ele deveria estar, se não tivesse ficado preso durante tantos anos.
O roteiro é simples, e não entrega nada demais em termos de história e até mesmo esquece algumas coisas ao longo do caminho (o arco da filha com seus problemas na escola, o arco da mãe, com Phylicia Rashad de volta e etc), mas Creed III compensa nas cenas de luta que realmente parecem muito mais interessantes e bacanas de assistir.
E não só as cenas de luta, as cenas das preparações para a luta estão ali, 100% no DNA da franquia e que são novamente o destaque aqui igual foram nos filmes Rocky e nos primeiros dois filmes Creed. Você sente o peso e a importância que cada uma delas tem para a narrativa e para o destino dos personagens.
As consequências que cada uma dessas lutas, não só a principal entre os dois protagonistas, têm para os personagens ajudam esses momentos a não ficarem batidos no filme, e de servirem apenas como muletas narrativas, mas sim, ao contrário, na medida que tem significado para estarem lá, bem mais para do que apenas darem para o filme um pouco de ação.
O trabalho imersivo da direção de Jordan, e as escolhas de como colocar o sentimento de tensão nessas cenas são muito válidas para deixar o longa aproveitar esses momentos para vermos que dentro do contexto do filme essas lutas representam muito mais do que apenas socos trocados, e sim, quase uma questão de honra e do que acreditar.
E assim, Jordan consegue fazer o melhor que pode para contar de uma forma visualmente muito interessante esse novo capítulo da franquia que realmente expande o universo Creed ao trazer de volta os principais conceitos, e premissas, que fizeram esses filmes darem certo.
No final, é um golpe repetido mas certeiro e que garante nocautear mais uma vez o espectador. Afinal, bater e acertar, pela terceira vez, significa não só técnica, mas também conhecer bem suas forças e fraquezas, coisas que Creed III sabe muito bem trabalhar ao longo de suas quase 2 horas.
Onde assistir Creed III?
Creed III está em cartaz nos cinemas nacionais.