domingo, 22 dezembro, 2024
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Cidade Perdida | Crítica: Carisma de Sandra Bullock salva produção

O maior trunfo de Cidade Perdida (The Lost City, 2022) é sim ter na liderança um nome de peso de Hollywood como Sandra Bullock. Sem tirar nem pôr, a atriz coloca seu macacão rosa com lantejoulas, e carrega Cidade Perdida nas costas e de botinha pela selva.

Aqui, Bullock é 100% comédia, o grande destaque do filme, sem dúvidas. O filme em si? É um bem ok para o que se propõe. E num mundo onde produções foram a rodo para plataformas de streaming, tenho certeza que Cidade Perdida vai performar infinitamente melhor no universo digital do que no universo dos cinemas.

Cidade Perdida
Sandra Bullock e Channing Tatum em cena de Cidade Perdida
Foto: Paramount Pictures

Claro, Sandra Bullock ainda se mostra ter cacife para liderar um lançamento nos cinemas como esse e ao unir a atriz com Channing Tatum (que retorna gradualmente para Hollywood no seu segundo filme do ano), a comediante Da’Vine Joy Randolph e o ator Daniel Radcliffe (na busca de sempre se afastar de Harry Potter) em Cidade Perdida, cria-se uma combinação moderadamente interessante que ao colocar esse grupo em uma numa aventura pela floresta garante algumas genuínas risadas. 

Poucas. Elas tão lá escondidas no meio de situações sem pé nem cabeça que Cidade Perdida entrega e que forçam completamente a barra em diversos momentos.

O longa tem um quê de comédia dos anos 90, onde naquela época deveria se tornar um verdadeiro estouro, mas aqui em plena era digital, a competição está muito mais forte. E quando Cidade Perdida acerta, acerta bem, mesmo que o longa erre mais, e numa proporção muito maior.

Ao colocar Bullock como uma escritora ainda de luto pela morte do marido e que sofre por ter lançado livros de aventura com um clima de romance barato apenas para pagar as contas, Cidade Perdida parece que faz uma série de esquetes para contar essa história.

É como se tivemos pequenos blocos isolados: agora é a cena que Loretta (Bullock) toma vinho na banheira e faz isso e aquilo; agora ela encontra com um bilionário (Radcliffe) de caráter duvidoso e nome estranho (Abigail Fairfax) que pareceu ter saído do humorístico Saturday Night Live sobre um dos filhos do drama vencedor do Emmy, Succession; agora é a parte que Dash (Tatum), um modelo que serviu de base para as capas dos seus livros embarca em missão para ir atrás da autora que foi “sequestrada” para tentar achar um civilização perdida no meio do nada e tudo mais. 

Cidade Perdida entrega pequenos momentos divertidos, sem dúvidas. Principalmente na parte que os personagens de Bullock e Tatum estão perdidos na floresta, onde o carro cai do barranco e eles precisam andar pela mata. Nesses momentos, a troca da dupla é intensa, é cheia de piadas de duplo sentido, eles tem uma baita de uma presença em tela e um timing cômico incrível, mas quando chega na hora de tentar efetivamente criar uma história, criar mais que pequenas piadas e tiradas de fazer rir, é que Cidade Perdida fica mais perdida que a Civilização de povos antigos em mapas modernos.

Cidade Perdida
Brad Pitt, Sandra Bullock e Channing Tatum em cena de Cidade Perdida
Foto: Paramount Pictures

Até mesmo o grande cameo, a participação, de Brad Pitt como um mercenário que é contratado para ajudar Dash no resgate fica perdido no meio disso tudo. É como se fosse uma grande risada que depois vem com aquela risadinha que você tira ar do nariz. É boa mas não vale a pequena nem abrir a boca, sabe?

Randolph, hilária só de estar pé em determinadas partes, também tem seus momentos e aqui se alia com Oscar Nunez (o eterno Oscar de The Office) para dar para a assistente neurótica de Loretta boas tiradas. O mesmo vale para Radcliffe que no meio de tanto momentos canastrões consegue se camuflar com os outros problemas do filme. Como falei, é tudo tão picado, os personagens entregam bons momentos isolados uns dos outros em boa parte, que quando todos os personagens meio que se juntam na trama e no filme lá nos momentos finais e o tal objeto que eles procuram aparece, parece que eles não tem bem o que fazer em cena, apenas falarem poucas frases e seguirem com a vida, ou dependerem de efeitos visuais para dar continuidade para a história.

No final, Cidade Perdida faz uma grande (e mediana) sessão da tarde que realmente deixa a desejar para uma produção desse porte, com esses atores, e com toda a expectativa criada em cima do seu conceito e material de divulgação. 

Avaliação: 2 de 5.

Cidade Perdida chega nos cinemas nacionais em 21 de abril.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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