Numa produção da HBO o que é de se esperar é que tenhamos uma série com um nível de preocupação gigante com detalhes, seja com os atores escolhidos, com os figurinos, a ambientação e tudo mais. E a principal caraterística de Chernobyl, a nova minissérie do canal, justamente é essa, uma série que se apoia nos detalhes para contar uma densa, brutal e catastrófica história.
Com 5 partes, Chernobyl nos apresenta na trama de seu primeiro (e devastador!) episódio, chamado de 1:23:45, a dramatização do acidente nuclear de 1986 que aconteceu na cidade Chernobyl, e que é dito como uma das piores catástrofes na história mundial. E não é por menos, na primeira hora vemos momentos antes da explosão acontecer, onde Chernobyl começa com um ritmo de tensão gigantesco, onde ao barulho do relógio, vemos o tique taque da contagem regressiva até o fatídico momento, onde os primeiros minutos nos mostraram que a calmaria antes da tempestade dura pouco, e logo o espectador é tomado pelo frenesi dos eventos daquela noite de Abril.
O mais interessante, talvez, é que Chernobyl consegue criar um retrato psicológico dos personagens, aqui mescladas entre figuras reais e comuns, com outras criadas para o desenvolvimento da narrativa, que estiveram na cidade naquele momento. São pessoas vivendo suas vidas, desde de engenheiros, bombeiros, donas de casa, faxineiros, e famílias inteiras que viviam ao redor da Usina Nuclear que provia trabalho para a população local.
Assim, o primeiro episódio acaba por ser muito mais focado em mostrar como os moradores da região, não tinham a menor idéia do que havia os atingindo, reagiam ao evento. A população despreocupada com o que acontecia ali de longe, afinal, o fogo do incêndio parecia ficar isolado no prédio, os hospitais tratando de casos normais, como partos e etc, mas Chernobyl começa a mostrar as consequências da radiação que imanava do reator era silenciosa, poderosa e mortal.
Chernobyl se destaca, também, pela sua fotografia com um tom envelhecido, onde um dos destaques do episódio, fica com as cenas onde as crianças brincam na neve, e a população contempla o céu escuro com uma faixa de luz vinda do prédio pegando fogo de longe, Lindo! descreve um deles. Tudo é muito devastador, mas que impressiona.
A sensação de desespero dos atores ao mostrar os impactantes efeitos em poucas horas da contaminação, a ingenuidade das autoridades locais e da equipe médica, mostra que o governo não estava preparado para o catastrófico evento. Chernobyl também tem tempo de calmamente, introduzir as questões políticas que cercaram a tragédia e as figuras históricas que eram peças chaves dentro da Usina e no governo soviético, como Alexandr Akimov (Sam Troughton), Anatoly Dyatlov (Paul Ritter, ótimo) e Lonid Topunov (Robert Emms), e ainda introduzir o engenheiro Legasov, papel do veterano Jared Harris que vem para a temporada de premiações com a mão na estatueta por esse papel.
Assim, Chernobyl começa a mostrar como o homem em sua arrogância e sentado em seu ego, contribuiu para o avanço das ondas de radiação que chegaram em boa parte da Europa, onde a série parece que deverá se preocupar em detalhar o cotidiano da população e dos envolvidos bem mais do que apenas seguir um calendário de datas e eventos.
Como esperado, Chernobyl é aquela típica produção HBO com qualidade cinematográfica de tirar o fôlego que indaga o espectador sobre o custo de uma vida, numa minissérie que apenas o gigante à cabo parece ter a expertise e o conhecimento de fazer.
Chernobyl estreia em 10 de maio, às 21h na HBO Brasil .
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