Dom é a nova série nacional do Prime Video que chegou na plataforma. São 8 episódios de uma hora de duração que acompanha uma história verídica que movimentou os noticiários da época que a trama se passa no final década de 90 e começo dos anos 2000.
Além de termos falado com os dois protagonistas da atração (veja abaixo) falamos também com a equipe de produção.
Gabriel Leone e Flávio Tolezani falam sobre as complexas relações entre pai e filho que são apresentadas na série Dom
Em bate-papo com o ArrobaNerd, e outros jornalistas, Breno Silveira que comanda a atração como o showrunner (ele explica o que é a função mais abaixo) e Malu Miranda, a Head de Conteúdo Original Nacional da plataforma falam sobre os desafios de produção e de como posicionar o seriado dentro dos diversos lançamentos que chegam no Prime Video todos os meses.
Silveira começou nosso bate-papo ao falar sobre qual foi o fio condutor e como ele moldou a série e a história que seria contada nela. Ele diz: “essa série foi uma série que o Victor, o próprio Victor, desde do início, há 12 anos atrás, (…) quis me contar [essa história]. Ela segue, de verdade, um olhar do Victor para a história, que se recusava a entender essa história de tabloide sangrento do que tinha sido o filho dele. Ela partiu da ótica do pai que me contou essa história que virou livro depois…e algumas confissões do Victor antes de morrer que compuseram esse mosaico. Uma história para mim muito importante, uma mensagem muito forte, com personagens mais complexos do que a gente tá acostumado a ver…”
Ele comenta também: “O quanto mais você vai entrando na vida deles, você entende o quão humano tem nessa história. (…) como a gente enxerga isso de dentro, de dentro desse cara que combateu [o tráfico], viu o filho morrer, e que chegou no fim da vida dizendo que passou a vida enxugando gelo e que o trabalho dele não tinha valido para nada e vendo o filho morto.”
Silveira finaliza: “Eu sempre tive a curiosidade de entender o que realmente o tráfico fez, o dinheiro do narcotráfico fez com a nossa cidade [do Rio de Janeiro], fez com o Brasil, onde esse exponencial de violência chegou. E o Victor era uma testemunha, foi a primeira testemunha, do primeiro carregamento de cocaína que chegou aqui em 1973, ele tava lá, ele viu essa cidade transformar, ele viu filho se transformar… então foram olhares muito interessantes para compor essa série.”
E para contar essa história, Silveira trabalhou de ponta a ponta na produção do seriado. Ele assumiu a função que conhecemos como showrunner, a pessoa que comanda a atração e faz as funções de diretor.
Mas ser showrunner é muito mais que isso, como o próprio Silveira disse na nossa entrevista. “Eu mesmo queria entender ela. só estou começando a entender depois desse processo todo.” disse ele de forma bem humorada.
“Quando a gente se encontrou com a Amazon eles falaram que eu tinha que ter a ideia do que é tudo isso. Eu falei: Beleza, a história eu sei. Mas você tem que produzir… Eu também produzo…. Me disseram que eu também tinha que ser roteirista Bom isso, eu não sou ainda. Para resolver isso, ele foi até a Inglaterra fazer um curso e ao retornar encontrou uma mesa de roteiristas com 8 pessoas para a série. Muito comum nas produções americanas, mas Silveira diz que aqui não temos nenhum costume de trabalhar dessa forma.
“Uma mesa de roteiro? E a Amazon falou que tem que ser no mínimo quatro… então a gente teve 4 e depois trocou e mais quatro.” comentou o profissional. “Hoje em dia eu já estou começando a entender o que é ser um showrunner…. é entender da p…toda” também diz ele de forma bem humorada.
“E acabou que essa série é tão complexa… que eu não consegui tá nenhum dia longe do set. Acabei por dirigir ela quase como um todo, tive um parceiro, o Vicente Kubrusly [da Conspiração] que me ajudava nos momentos mais cansativos.”
Miranda diz o showrunner em sua função não precisa dirigir necessariamente… a executiva afirma: “normalmente temos uma sala de roteiro, onde o showrunner conduz tudo aquilo, ele tem um domínio muito forte da ideia, do tom da série… e o Breno sempre fez, sempre teve esses elementos dentro dele.”
Silveira finaliza: “Eu escrevia nas paredes todas as histórias, de todas as épocas.. e a gente tinha mil setas para ver onde uma história entrava na outra… só estava tentando entender tudo isso, e emendar essas pontas dessa teia toda.”
Dom disponível no Prime Video.