segunda-feira, 28 abril, 2025
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Branca de Neve | Crítica: Eu vou…. me espelhar na animação quando também atualizo história

Com vocais poderosos de Rachel Zegler, live-action de Branca de Neve se espelha na animação enquanto também atualiza história clássica. Nossa crítica.

É inegável a importância de Branca de Neve e os Sete Anões (1937), não só para a História da animação, quanto também a de Hollywood e do cinema em si. As técnicas utilizadas por Walt Disney e seu time para a criação do longa, o sentimento de frescor que a história animada apresentou para o contexto social e político do entre guerras, e por ser uma das primeiras animações musicais contadas no formato de longa metragem, moldaram não só o futuro da animação como também deslanchou uma das maiores empresas do mundo.

Photo courtesy of Disney. © 2024 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

Sem Branca de Neve, não teríamos a linha de princesas tradicional do estúdio que vieram nos anos subsequentes e também, em suas próprias maneiras e diferentes contextos, agregaram para a história do estúdio. E se por anos, a jovem sonhadora que foge da Rainha Má, conhece 7 anões engraçados, come uma maçã envenenada e é despertada pelo amor verdadeiro, teve diversas montagens, recontagens e adaptações, a obra clássica de Walt Disney se manteve no imaginário popular e continuou a ter um lugar de destaque e ser uma referência para a história que remonta a época dos irmãos Grimm lá em 1800 e pouco.

E aqui, com a versão live-action de 2025, talvez, um dos maiores acertos desse filme, fique mesmo, em homenagear a animação clássica ao mesmo tempo que atualiza e moderniza essa história. Branca de Neve tira os 7 anões do título e foca verdadeiramente em sua protagonista e nessa jornada maior de empoderamento de auto-descoberta que faltava um pouco na animação.

E aqui, a talentosa Rachel Zegler transcende a figura Rachel Zegler da internet vista por alguns como desbocada, mal assessorada, e “Ai, ela é doidinha mesmo/Ela falou isso?” e se mostra uma figura extremamente competente para contar essa história para uma geração atual de meninas e meninos que vão assistir essa versão. 

Branca de Neve então conta essa história de uma nova forma, e principalmente, uma extremamente respeitosa e perspicaz do momento atual que vivemos e que sabe utilizar o melhor de Zelger para isso. Carismática e com dons vocais impressionantes, Zegler ao abrir a boca, comanda presença, e ao fazer isso, segura a barra do vestido, assobia, canta, dança e impressiona. Ver o live-action de Branca de Neve é como estar no melhor lugar de uma peça musical, talvez, pelo produtor Marc Platt estar envolvido nele, e isso tudo é por conta de Zegler e da forma como os números musicais são tratados e apresentados. 

Já que o diretor Marc Webb e o time de produção escolhem para essa versão dar o mesmo tom musical que a animação tinha e entregam um bom show, sem dúvidas. Principalmente quanto temos as músicas chaves do filme: a “want song” da protagonista, Waiting On A Wish e também Whistle When You Work em que Branca de Neve canta com os anões sobre dividirem as tarefas domésticas da cabana no meio da floresta.

E falando nos anões, não acho que o grupo de anões são um total erro da forma como são apresentados aqui, figuras feitas por computação gráfica. Logo no começo de Eu Vou… o filme já te acostuma com as carinhas meio estranhas, e lá pelo décimo Eu Vou…. cantado e por conta das personalidades marcantes de cada um, seja do Zangado, do Dunga ou do Mestre, eu já tava completamente entretido com eles.

E ao mesmo tempo que tudo é grandioso, dos cenários, das atuações mais exageradas, dos números musicais, Branca de Neve ainda usa seus minutos adicionais em relação a animação para realmente contar uma boa história (Branca de Neve precisa se unir com o povo para recuperar o reino dominado pela Rainha), uma com aquele frescor mágico e empolgante Disney. Foi assim com as versões de Aladdin, de Cinderella e A Bela e Fera e que aqui Branca de Neve entra no “hall da fama” de adaptações que conseguiram se distanciar do clássico e trazer novas visões para essa história.

E na medida que Webb e Erin Cressida Wilson (que cuidou do roteiro, mas também é rumorizado que Greta Gerwig também teve algum tipo de envolvimento) triunfam nesse quesito, também acertam e fazem, talvez, o live-action que mais se aproxima em trazer cenas quadro a quadro iguais da animação. A iconografia aqui e as cenas que remetem a animação foram primorosas de se assistir, de se notar, e tentar fazer as conexões. Seja com os animais da floresta, com o uso das sombras com os anões, as cenas com a Rainha Má com o espelho, para a transformação para Velha, e até mesmo a icônica cena do despertar (uma das mais bonitas do filme e que por uma vez por todas acaba com a questão do beijo “polêmico”). 

E se Zegler mostra que é uma profissional e tanto dentro das telas, o mesmo dá para dizer de tudo que a cerca. Ou pelo menos em partes. Já que o tamanho de sua peruca, com o corte de cabelo que varia ao longo do filme (talvez, por conta de algumas regravações) prejudica aqueles com um olhar mais afiado. Mas quem realmente rouba as cenas aqui é Andrew Burnap, um ator da Broadway de Londres, a West End, que entrega um personagem que acaba por ser uma das maiores mudanças em relação a animação e faz um Príncipe que não é Príncipe e se espelha nos heróis e mocinhos da nova geração como Flynn Rider de Enrolados e Kristoff de Frozen.

O Jonathan que Burnap entrega é debochado, é carismático, é inteligente e que realmente ganha mais camadas do que apenas cantar no começo do filme e aparecer no final para levar Branca de Neve para seu palácio nos momentos finais. E com a retirada da belíssima música Some Day My Prince Will Come da animação da versão em live-action os compositores Benj Pasek, Justin Paul (de trabalhos como La La Land, Dear Evan Hansen, O Rei do Show) dão para Burnap a chance de se soltar e cantar uma das melhores músicas do live-action, aqui Princess Problems, onde ele e Zegler mostram seus talentos musicais e dançantes.

Photo courtesy of Disney. © 2024 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

E por incrível que pareça quem também tem um bom momento musical é Gal Gadot que aqui também ganha a chance de dar um pouco mais de contexto para a figura da vaidosa Rainha Má. Ela consegue usar isso a seu favor? Não. Mas também não dá para dizer que não me diverti com a forma como a atriz declama algumas frases e que vão gerar cortes impiedosos na internet nos próximos meses. O que é entregue aqui é um misto de algumas coisas funcionam, outras não. Talvez, mais coisas não funcionam.

Apoiada por figurinos impactantes e impecáveis, Gadot personifica a figura vilanesca, invejosa da monarca e está deslumbrante. Claro, parada, em silêncio, ela funciona, já que dentre as versões em live-action, ela é que mais se assemelha à imagem da Rainha Má da animação. Já seu número musical, All Is Fair é divertido, espalhafatoso, mesmo que em partes também um pouco vergonhoso. E por mais que tudo visualmente combina, quando é exigido da atriz um pouco mais, de momentos dramáticos, Gadot deixa a desejar. Infelizmente não dá para ganhar todas. 


E no final, é isso que meio que representa o que é esse live-action de Branca de Neve. Um que pelo menos consegue se desvincular das polêmicas de bastidores, de tudo que foi falado, teorizado, e debatido sobre questões fora do que o filme entrega. Já que a percepção do público pré-filme pode impactar a forma como o filme vai ser recepcionado, mas de maneira nenhuma é o motivo que faz o filme ser ruim, por que não é. 

Igual a diversos outros, Branca de Neve acaba por ser um  bom live-action, um com altos e baixos, igual as notas que Zegler, Burnap e Gadot atingem, e que, às vezes, perdem em seus solos. O importante é que todo mundo assobiou enquanto trabalhou e entregou algo diferente do que vimos em 1939, uma coisa nova e bem mais do que ser apenas um copia e cola.

Avaliação: 3 de 5.

Branca de Neve chega nos cinemas em 20 de março.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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