Em um dos momentos de Bob Esponja: O Incrível Resgate (The SpongeBob Movie: Sponge on the Run, 2020) a estrela do mar Patrick e a esponja marinha Bob Esponja olham um para o outro e falam que a história aqui seria um “filme de amigos”, onde na jornada de carro deles, eles iriam discutir sobre alguma coisa boba, se separariam, e depois perceberam que não conseguem viver um sem o outro.
E é bem isso que Bob Esponja: O Incrível Resgate faz, uma animação que celebra a amizade numa divertida história com os personagens cativantes de Bob Esponja e sua turma.
O longa chega agora na Netflix depois da Paramount Pictures pulado seu lançamento nos cinemas, onde vemos que o caracol do protagonista Gary é “caracolstrado”, e assim, Bob Esponja precisa partir em uma missão de resgate para salvar seu melhor amigo. E Bob Esponja: O Incrível Resgate consegue criar essa atmosfera gostosinha desses road trip movie sabe? Sabemos que o destino final é encontrar e resgatar Gary, mas a jornada, e todo o percurso para isso, é muito mais saborosa e espirituosa de se acompanhar do que efetivamente chegar no final, e realmente faz toda a diferença para o filme mesmo que o roteiro de Tim Hill atire para todos os lados.
É como quando eles chegam para visitar O Mágico de Oz na Cidade das Esmeraldas, quer dizer o Rei Poseidon em Atlantic City que sequestrou Gary, “precisamos ter foco” coisa que Bob Esponja: O Incrível Resgate não tem em nenhum momento e não sabe priorizar os arcos narrativos que se apresentam durante o longa. Ao colocar Patrick e Bob Esponja em missão até Atlantic City, Bob Esponja: O Incrível Resgate faz alguns desvios um pouco incômodos e coloca a dupla na mais pirada jornada. É como se tivéssemos diversos pequenos episódios colados uns nos outros, encontrarmos um Keanu Reeves sábio em uma bola de feno, no meio do velho oeste e em um salão no deserto, temos festas e apostas em um cassino que duram por toda noite toda, e ainda uma sessão de julgamento disfarçada de apresentação musical em um bar da cidade. Assim, a busca por Gary faz um das mais malucas viagens por aí que realmente parecem que só estão ali para dar sustância, para encher a trama e fazer com que o longa chegue em 1h e pouco de duração.
Em termos técnicos e visuais, a animação do longa é um pouco diferente das dos desenhos e demorei um pouco para me adaptar, mas se o espectador assistir a versão dublada verá que as vozes continuam as mesmas e ajudam a disfarçar a estranheza dos gráficos mais realistas e não em 2D tradicional do personagem. Bob Esponja continua com aquela voz estridente que é tão marcante sobre o personagem e Patrick também continua com aquela sua voz mais arrastada e lenta típica da estrela do mar.
O mais bacana que Bob Esponja: O Incrível Resgate não só foca na amizade entre Bob Esponja e Gary, ou Bob Esponja e Patrick e sim no círculo de amizade de todos os personagens que conhecemos e amamos na animação. Vemos as histórias de como todos eles se conheceram e não só da dupla, mas também do rabugento Lula Molusco, o avarento Seu Sirigueijo, e ainda da adorável Sandy Bochechas (que pode ser quem ela quiser ser!) e que dão as caras no resgate e tentam ajudar a dupla a trazer para casa de volta o bicho de estimação do alucinante Bob Esponja.
Claro, Bob Esponja: O Incrível Resgate não entrega nada de novo efetivamente, não foge do básico ao lidar com os personagens, afinal temos aqui novamente um plano do mal do Plankton para conquistar a lanchonete do Sr. Sirigueijo, com Bob Esponja pronto para salvar o dia, mas faz uma animação gostosa de se assistir e que garante umas surpresas aqui ali em termos de aparições musicais.
Bob Esponja: O Incrível Resgate poderia ser uma agradável ida ao cinema, mas também deve ter uma incrível jornada no streaming. No final, foi feito para os fãs do personagens, e para as crianças, onde Bob Esponja: O Incrível Resgate entrega mais uma aventura no mundo aquático da Fenda do Bikini com uma história gostosa de se acompanhar.
Bob Esponja: O Incrível Resgate disponível na Netflix