Por mais que Big Little Lies 2 tenha mantido o mesmo nível narrativo visto lá na sua premiada primeira temporada, alguma coisa parecia não se encaixar direito nos novos episódios do segundo ano, sabe?
Você puderam ver aqui no Arroba Nerd que paramos nossas reviews semanais da temporada lá no episódio 2×03 – The End of the World, talvez pelo fato, que a série não estivesse dando material para necessitarmos desenvolver textos semana após semana, apenas uma questão de opção editorial…
Assim, os novos episódios de Big Little Lies foram marcados pelos destaques que foram dados para as personagens das atrizes Zoë Kravitz, como Bonnie e todo seu arco de tentativa de superação, após a morte de Perry, e Laura Dern, como Renata, e que no final, foi aquela que literalmente roubou todas as cenas. O talento de Dern é incomparável sem dúvidas, mas o destaque mesmo fica para a atuação explosiva que a personagem mostrou os longo dos episódios, reagindo a cada adversidade que passou após ver o marido perder toda a fortuna num golpe. Tivemos Renata brilhando na festa temática da filha no 2×04 – She Knows, e ainda na icônica cena do final de temporada, onde ela dá um fim no seu relacionamento, e no quarto de brinquedos do marido. Dern protagonizou diversas frases marcantes no novo ano, movimentou os comentários no Twitter com memes e montagens, mas convenhamos, ganhou a temporada pelo grito, frases de efeito, e acessos de raiva.
Diferente de suas duas colegas, as magistrais Nicole Kidman e Meryl Streep que mostraram suas garras, e o peso do talento e calibre de suas atuações no combo final de episódios, 2×06 – The Bad Mother e 2×07 – I Want to Know, onde vemos o intenso julgamento onde a personagem de Streep tenta conseguir a guarda dos netos à todo custo.
A dupla, em seus depoimentos, dão uma aula de atuação, e apenas mostram que o grande o vilão da temporada, não foi mais o homem-branco no alto de seus privilégios, e sim, a própria edição da série que precisou condensar diversas pontas em aberto para embrulhar a temporada, e deixar os novos episódios com uma estrutura narrativa aceitável.
Muitas das passagens e transições foram cortadas abruptamente, onde vimos que a necessidade de colocar certas cenas, ou tirar, parecem que deram dor de cabeça na ilha de edição, talvez pelo curto espaço de tempo na pós-produção, ou até mesmo, por palpites em qual versão final deveria ser apresentado. Nunca saberemos.
Talvez, o maior problema tenha sido esse, tentar manter uma certa continuidade entre as duas temporadas, onde claramente uma não precisaria conversar com a outra. Ao introduzir novos elementos na história, seja a mãe de Bonnie e seu poder “psíquico”, e todo um arco de aceitação para a personagem, mas que a deixou, novamente, muito mais desconexa da trama em geral. Até mesmo, as tentativas de reconciliação de Madeline (Reese Witherspoon, muito boa, mas apagada) e Ed (Adam Scott), deixam o segundo ano patinando em termos de impacto que a primeira temporada conseguiu fazer.
Assim, o novo ano terminou com mentiras expostas, verdades inconvenientes, e uma promessa que um novo ciclo se inicia para a vida das donas de casa do subúrbio litorâneo, seja com novos parceiros que acabou sendo o foco para Jane (Shailene Woodley), ou sozinhas. Mas o que Big Little Lies nunca perdeu em sua essência foi mostrar o sentimento de sororidade, e da preocupação de uma mulher com o bem-estar das outras, por mais problemática, e difícil que tenha sido esse segundo ano em termos de história que poderia ser contada.
No final, Big Little Lies entrega um ode ao feminino, como quase nunca visto antes, em superar as diversidades, e com grandes chances de ter um novo ano, bem que na época da primeira temporada. Tudo parece depender de quando esse grande grupo de atrizes de Hollywood irão conseguir se reunir novamente.
As duas temporadas de Big Little Lies estão disponíveis na HBO.
Leia nossas reviews da série aqui.