Bad Boys 3 nada mais é que a continuação do trabalho da Sony Pictures em olhar para sua galeria de produções que deram certo no passado e as continuar com novas histórias. Algumas deram certo, em ter uma boa aceitação da crítica e fazer uma boa bilheteria, outras não, e o terceiro longa da franquia Bad Boys se enquadra na primeira opção, em mais uma adição para a lista de acertos do estúdios com essa proposta.
E isso se dá muito mais pelo carisma e energia que a dupla de protagonista entrega neste novo filme da franquia, que parecia ser uma despedida, um canto do cisne para os detetives Mike Lowrey (Will Smith) e (Marcus Burnett) que cantariam, pela última vez, bad boys, bad boys, what you gonna do, what gonna do…. pelas ruas de Miami.
E Bad Boys Para Sempre (Bad Boys For Life, 2020) faz isso, um filme que aproveita e continua a trama dos dois policiais de Miami para entregar uma história mais pé no chão, mesmo sem perder o seu ar megalomaníaco dos outros filmes que tinham a mão de Michael Bay na direção. Aqui, vemos que a franquia amadureceu, onde Bad Boys 3 consegue trabalhar bem os momentos de piração com carros em alta velocidade, perseguições impossíveis, e reviravoltas na história das mais malucas possíveis, com as partes mais cômicas. Martin Lawrence rouba todas as cenas e está completamente hilário do começo ao fim, e Bad Boys 3 coroa o retorno de Will Smith aos cinemas fechando uma boa safra de blockbusters e em ótima forma.
Ao mesmo tempo, a nova dupla de diretores, Adil El Arbi e Bilall Fallah aposta em mais cenas de ação, que ao mesmo tempo deixa o longa mais violento e pesado, mostra também que as ameaças enfrentadas pelos detetives também evoluíram junto com eles.
Bad Boys 3 faz um dos filmes mais pessoais da franquia, a trama é conectada com a própria história e o passado de um dos detetives, o que deixa também o longa com ar bastante novelesco e caricato em seus momentos finais. Temos um bandido mascarado que começa a aterrorizar as ruas de Miami ao focar e matar diversas figuras conhecidas da cidade, o que parece ser um trabalho para a dupla de policiais, agora veteranos, que começam a agir para investigar o caso.
O longa então gasta muito tempo em apresentações, precisa ambientar o público novamente na presença dos detetives, introduzir o novo e jovem esquadrão da polícia de Miami (o trio formado pelos atores Charles Melton, Alexander Ludwig e Vanessa Hudges) e ainda, desenvolver o vilão atirador (Jacob Scipio) em potencial que a trama nos apresenta, e ainda, conectar essa história toda com uma chefona do crime mexicano (Kate del Castillo) que parece ser a grande orquestradora de tudo isso.
O roteiro, escrito pelo trio Chris Bremner, Peter Craig, e Joe Carnahan, acaba por sofrer um pouco em ter tantas mãos para cuidar dele, tem bastante para trabalhar, e às vezes, soa bastante previsível para onde quer chegar, bastando o espectador apenas aguardar pelo quando e como. Por mais surreal que toda a resolução se pareça ser, Bad Boys 3 consegue em alguns momentos empolgar mais do que cansar, o que já diz muito mais sobre a mudança de rumo que a franquia levou.
Assim, Bad Boys 3 se parece muito mais com as séries policiais de TV do que com os filmes Velozes e Furiosos, o que já é um grande acerto para os rumos da franquia no futuro, coisa que o longa já planta suas sementes nas suas cenas pós-crédito.
Bad Boys 3 entrega momentos com reviravoltas explosivas e divertidas dentro de um filme que sabe onde pisa e qual público quer focar e falar. A química entre Lawrence e Smith sustenta o longa e o diferencia de ser mais uma produção genérica sobre policiais contra o crime. No final, uma dupla dessas é para sempre, e a Sony Pictures percebeu isso.
Bad Boys Para Sempre chega nos cinemas nacionais em 30 de janeiro.