Bad Boys: Até O Fim (Bad Boys: Ride or Die, 2024), talvez, seja não só o filme mais pessoal da carreira de Will Smith como também um dos mais importantes até então. Afinal, é com o novo filme dessa franquia querida pelos fãs que o ator retorna para os holofotes dois anos depois que o veterano, finalmente e merecidamente, ganhou o Oscar de Melhor Ator e que também, na mesma noite, de tabela, tivemos o infame momento conhecido como Oscar Slap, que Smith vai ser testado mais uma vez.
E a pergunta que paira sobre o filme é: Será que o público causal vai sair de casa e ir aos cinemas assistir o ator? A resposta vamos saber somente quando os dados de bilheteria sair, mas se depender dos fãs do ator, da franquia, e de blockbusters de maneira geral, Bad Boys: Até o Fim deve entregar o espectáculo habitual de sempre, mesmo que aqui jogue no seguro.
Bad Boys: Até O Fim não é só uma nova prova de fogo para Smith e sim também para todo o mercado de entretenimento nesse começo de 2024 que anda meio morno de maneira geral em termos de bilheteria e que ainda não teve um filme que realmente movimentasse a ida ao cinema e causasse um alvoroço nas redes sociais igual o fenômeno Barbieheimmer. E é também um teste para os diretores Adil El Arbi e Bilall Fallah para sabermos como está a situação da dupla que vem do engavetamento do filme da Batgirl alguns anos atrás e que só foram cotados para o projeto por conta do sucesso de Bad Boys: Para Sempre lá em 2020.
E ao olhar todas essas variáveis e tudo que está em jogo com esse filme, dá para dizer que Bad Boys: Até O Fim sabe aproveitar o que tem para entregar para pelo menos se sobressair disso tudo e entregar uma boa, e divertida, aventura para quem é fã desses detetives que vivem casos dos mais malucos enquanto vivem seu bromance ao longo dos anos.
E é isso que Bad Boys: Até o Fim faz, quando eles vêm atrás de você! E mesmo cheio de ação, novo capítulo da franquia soa mais como uma história episódica para esses personagens do que efetivamente um novo filme com começo, meio e fim. Ao servir como sequência para o filme de 2020, o segundo longa desse retorno aqui continua a trama e história desses detetives depois dos eventos apresentados anteriormente. E como falamos, o filme é um mais pessoal para Smith, afinal, aqui o detetive Mike Lowrey precisa lidar com a relação com o filho Armando (Jacob Scipio) que descobriu ter no longa anterior. O garoto está preso pela morte do chefe deles, mas é ameaçado, agora pelos vilões desse novo longa, e que estão atrás dos familiares dos protagonistas. E não só deles, mas também da família do chefe de polícia Howard (Joe Pantoliano) formada pela detetive Judy (Rhea Seehorn) e sua filha Callie (Quinn Hemphill).
E se o personagem de Smith que garante que seus arcos narrativos são o que fazem com que boa parte da narrativa flua, o longa começa ponderar sobre o que esses personagens vão se comportar quando um deles não tiver mais por aí. E assim, Martin Lawrence dá para o Marcus a chance do personagem contemplar o seu legado, ter ótimas piadas, e deixar as cenas de luta e perseguição para Smith e Scipio. E é coisa que El Arbi e Fallah mais acertam na medida que conseguem colocar sua assinatura nas cenas de ação, onde ainda seguem o estilo frenético e vibrante da franquia e principalmente dos filmes de Michael Bay.
Com a câmera em primeira pessoa e como se fosse um vídeo game, em boa parte dessas cenas, a dupla de diretores faz como se o espectador tivesse nessa aventura com os bad boys, o que garante bons momentos de serem assistidos, principalmente se o espectador tiver os assistindo em uma tela grande. As cores vibrantes, as sequências aceleradas, o uso de drones, e tudo mais apenas mostram que El Arbi e Fallah seguiram, novamente, muito bem a cartilha do que é esperado de um filme de Bad Boys.
Assim, entre a jornada de Mike com o filho e de Marcus enquanto ele encara sua vida e legado, os roteiristas de Bad Boys: Até o Fim, a dupla Will Beall e Chris Bremner, criam uma nova ameaça na figura de um bandido barra pesada interpretado por Eric Dane (visto em Euphoria) e para uma conspiração que envolve até o falecido chefe de polícia Howard e que coloca os bad boys como suspeitos de corrupção, tráfico de drogas e outras coisas mais.
O longa apresenta essa narrativa enquanto mescla cenas de perseguições desenfreadas pelas ruas de Miami, por grandes explosões, participações especiais (como Tiffany Hadish) e crocodilos em um parque de diversão desativado. Bad Boys: Até o Fim entrega uma trama tipicamente feita para ser contada e desvendada sem muito segredo em um blockbuster do gênero. Mas se essa história deixa um pouco a desejar, o longa compensa e balanceia com as interações de Smith e Lawrence em tela, as piadas, o humor de tiozão e tudo mais.
Mesmo que os outros personagens existem e façam parte da narrativa, sejam as respectivas parceiras amorosas, Christine (Melanie Liburd) e Theresa (Tasha Smith), ou os colegas na polícia, seja a promotora Rita (Paola Núñez), o procurador Lockwood (Ioan Gruffudd) ou ainda o time dos jovens formado por Dorn (Alexander Ludwig) e Kelly (Vanessa Hudgens) que agora são um casal, no final, fica claro que só servem para orbitarem ao longo dos protagonistas.
No final, Bad Boys: Até o Fim faz um retorno honesto para esses personagens e para esse mundo criado aqui há tantos anos e apenas mostra que algumas parcerias, algumas duplas, algumas relações, são para sempre, mesmo que precisam enfrentar a cada filme um nova chuva de tiros, de explosões, e vilões com planos genéricos.
Bad Boys: Até O Fim chega em 6 de junho nos cinemas nacionais.