Jennifer Lopez está de volta com um novo longa da Netflix. E já podemos dizer que Atlas (2024) já faz um filme superior que o longa A Mãe lançado, e estrelado pela cantora/atriz, no ano passado. E vinda do álbum visual/documentário This Is Me… Now: A Love Story, lançado no começo do ano, Atlas marca um novo projeto que coloca Lopez nos holofotes mais uma vez. E se o segundo entrou na lista de títulos mais vistos da história da plataforma (tá em 8º lugar), a expectativa para esse novo é gigante.
Mas se tudo seguir o rumo planejado, esse novo filme deve ser mais um sucesso para a plataforma e para Lopez. Afinal, com Altas, J.Lo segue a fórmula dos filmes de ficção científica e entrega um longa envelopadinho, certinho, e feito pensando no algoritmo da Netflix para agradar. É bom? Até que é, não espere muito, mas pelo menos, conseguiu me divertir por conta de algumas reviravoltas aqui e ali. Como diria o Deadpool no trailer do novo filme do mercenário tagarela, temos, sim, aqui uma revelação no terceiro arco!
E se Atlas bebe de todas as fontes possíveis, faz, com as melhores das intenções possíveis, afinal, com o filme é como se tivéssemos uma grande colagem de tudo que deu certo nos últimos 10, 20 anos no cinema de gênero e pelo menos Lopez garante que vamos passar bons momentos com ela nesse longa. Já que em boa parte de Atlas, sua personagem, a analista Atlas Shepherd, está em tela, ela está praticamente sozinha e conversando com uma inteligência artificial que comanda um robô na missão que ela se encontra para encontrar uma outra IA.
Assim, Atlas se desenvolve nessa premissa, em que Altas precisa confiar na tecnologia para embarcar nessa jornada para encontrar uma outra IA que causou um rastro de destruição na Terra quando ela era criança, deixou o planeta, e agora planeja voltar e terminar o plano de dominação mundial. Lopez está bem em Atlas, afinal, entrega somente uma atuação de reação com uma máquina, já que quando interage com outro ser humano, as fracas habilidades sociais de sua personagem a deixam na mão. E por conta disso, de termos Lopez e a IA debochada (já que a inteligência começa a ganhar traços da personagem durante a missão) basicamente sozinhos o tempo todo, dá para o diretor Brad Peyton, a chance de trabalhar nas destruições, no cenário meio apocalíptico que Atlas se desenvolve.
Vindo dos blockbusters Terremoto – A Falha de San Andreas (2015) e Rampage: Destruição Total (2018), Peyton consegue colocar explosões, um planeta desconhecido, e milhares de robôs em missão de seguir os planos do líder Harlan (Simu Liu, até que bem mesmo que um tom acima para o personagem do que o ideal) para cercar o ambiente que o filme se passa, afinal, o que temos é como se tivéssemos quase um filme todo se passando dentro da armadura Homem-De-Ferro e ele conversando com a IA JARVIS nos filmes de heróis da Marvel.
E em Atlas basicamente tudo é efeito especial e tela verde, da ambientação dos cenários, seja na base da NASA na Terra, para as interações que os personagens tem. Mas também para esse tipo de filme, até dá para fazer uma certa vista grossa, afinal, Atlas não deixa de ser um filme de streaming, não é mesmo? E por outro lado, não deixa de ser também um filme grandioso de streaming, e talvez, o maior lançamento da Netflix no semestre? E a plataforma, Lopez, Peyton, sabem do poder do algoritmo que estão alimentando e dão para o filme as armas necessárias para atrair o espectador para ele. E na medida que a personagem de Lopez precisa encontrar essa IA do mal, escapar da IA capanga de Harlan Casca (Abraham Popoola), ela precisa também trabalhar para confiar em “Smith” (a voz marcante de Gregory James Cohan) para os dois assumirem o controle do robô, estarem 100% sincronizados (a mente do humano e do IA juntas como uma só, conforme se explica no filme) e tentarem sair com vida do planeta que ela cai em busca da IA vilão.
Assim, Atlas também acaba por embarcar numa grande sessão de terapia sobre os eventos do passado e finalmente encarar os mommy issues que a acompanharam desde da infância quando morava com a mãe, uma cientista brilhante mas com complexo de Deus e interpretada por uma apagada Lana Parrilla.
E se Parilla faz uma ponta em Atlas, o mesmo vale para os personagens de Sterling K. Brown (o comandante da missão e de uma equipe que é trucidada em 10 minutos de filme) e Mark Strong (o chefe da organização criada para proteger os países das ameaças IA, quase como se fosse um Nick Fury) que estão ali para orbitarem na figura de Lopez. Já que no final das contas Atlas, é o show de Lopez, não é mesmo? Afinal, entre as interações da protagonista com o IA Smith, com o maléfico Harlan, ou fazendo reflexões sobre si mesmo enquanto vive situações de vida ou morte, Lopez mostra o por que faz de Atlas o seu show e por que esse novo filme na Netflix foi criado e moldado especificamente para a cantora/atriz que realmente segura aqui no carisma, no carão, e no gogó.
Atlas está disponível na Netflix.