sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Todos Menos Você | Crítica: Pessoas bonitas também amam (e se odeiam)

Engraçado lembrar de todo o hype que foi criado em cima de Todos Menos Você (Anyone But You, 2023) depois de ter efetivamente visto o filme. Não sei se toda essa empolgação veio na euforia das gravações de Barbie que realmente criou-se uma expectativa para um filme como fazia tempo que não se via.

Pelo fato que tinham dois atores em ascensão e que pareciam transbordar química nas fotos do set tiradas por paparazzis, ou pela própria cobertura realizada nas redes sociais deles que geraram inúmeras discussões, fofocas e que alimentaram a discussão do filme por meses até efetivamente estrear nos cinemas. Ou também pela a forma como o estúdio segurava as informações sobre o que, ou qual, seria a trama do filme. Mas tudo isso contribuiu para se criar essa aura em torno do filme, e que, no final das contas, se materializou na bilheteria do filme que ultrapassou US$ 100 milhões nos últimos dias, um feito para o gênero que fazia anos que não acontecia.

 Assim, parecia que tudo que cercava e estava nos bastidores era mais interessante, menos você, quer dizer, do que a história de Todos Menos Você propriamente dita, afinal, o longa como um todo parecia meio que só uma desculpa para vermos os atores Sydney Sweeney e Glen Powell desfilando por aí. 

Mas surpreendentemente Todos Menos Você não é só um filme com pessoas bonitas, saradas andando e se pegando por aí. Claro, eles estão e são basicamente 60% do filme, mas existe mais por trás disso. O resto vem da direção e do roteiro de Will Gluck (de comédias como A Mentira e Amizade Colorida) e Ilana Wolpert que é extremamente afiado e inteligente ao saber usar o timing cômico que Sweeney e Powell (mais ele, claro) tem e que faz o filme sair da bolha que o principal atrativo dessa comédia romântica serem apenas duas pessoas bonitas em tela numa história bobinha.

Todos Menos Você não vem para mudar o gênero, ou quebrar o teto de vidro quando falamos dessa ressurreição das comédias românticas nos cinemas, mas também não dá para dizer que o longa não seja extremamente divertido e que funcione por conta do carisma de Sweeney e Powell, que estão ótimos juntos.

E talvez com Todos Menos Você seja quando o “livro comece” para a dupla, afinal, relativamente novos em Hollywood eles têm suas carreiras basicamente “não escritas” e prontos para fazer o que quiserem e o sucesso que quiserem. Sim, depois do filme você vai ficar com Unwritten de Natasha Bedingfield na cabeça por muito tempo.

E com a comédia, a habilidade na produção de Sweeney também é notada e vista aqui, o que faz Todos Menos Você ser um marco na carreira da jovem atriz. E o mesmo vale para a escalação de Powell que se mostra uma nova cara para comédia com esse e com o inédito (e ótimo) Hitman lançado nos festivais no final do ano passado.

Sydney Sweeney e Glen Powell em cena de Todos Menos Você.
Foto: © 2023 CTMG, Inc. All Rights Reserved.

E ver as peripécias de Bea (Sweeney) e Ben (Powell) desde da tarde que eles se conheceram num café movimentado e passaram a noite juntos, até que uma falha de comunicação os afastou por meses, só para eles se encontrarem novamente numa festa onde Cláudia (Alexandra Shipp), a irmã do melhor amigo dele, Pete (GaTa), e a irmã dela Halle (Hadley Robinson) confirmaram que estão juntas com planos para se casarem.

E se Bea e Ben viram uma faísca surgir naquele fatídico encontro, nesse novo encontro, a faísca do ódio também surgiu forte e as provocações e piadinhas um com o outro ganham espaço nessa reunião dos dois. 

E talvez esses sejam os momentos que essa comédia romântica mais brilhe. Nas partes que vemos Bea e Ben implicando um com o outro e que garantem hilários momentos. Se o amor vende, imagine o ódio. Como não rir da atuação de Sweeney quando vemos Bea tentando roubar o cookie de Ben durante o voo para a Austrália para o casamento das pombinhas? Ou de Powell desesperado procurando por uma aranha (aranhas, afinal elas andam em dupla!) no meio de uma montanha e praticamente sem roupa? 

Todos Menos Você se apoia então no carisma e na magnética, e extremamente palpável, energia que tanto Sweeney quanto Powell emanam em tela, seja juntos, ou separados. E isso só é benéfico para o longa que no final meio que se desenvolve como uma comédia romântica típica dos anos 2000 quando vemos todos os personagens reunidos na Austrália e os pais de Claudia (Bryan Brown e Michelle Hurd) tentam fazer que os dois fiquem juntos, onde ao mesmo tempo, os pais dela (Dermot Mulroney e Rachel Griffiths) tentam que a jovem retorne com o namorado de anos, o jovem Jonathan (Darren Barnett, totalmente mal escalado aqui). 

E para completar, Ben ainda tem uma quedinha pela prima Claudia, Margaret (Charlee Fraser) que trouxe o ficante da vez, o loiro (Joe Davidson), surfista e um alívio mais cômico dentro dessa comédia romântica que às vezes soa meio deslocado de tudo. Assim, na medida que Bea e Ben veem de longe os planos que os familiares estão aprontando eles resolvem eles mesmos embarcaram nessa pataquada toda e começam a fingir que estão juntos mesmo com um grande ressentimento do passado.

Mas isso só leva a trama para ter mais confusão e momentos que começam a afetar o desandar do casamento das jovens. É como ver a Bela e a Fera, no caso outro Belo, se apaixonarem com a ajuda dos serviçais na animação clássica da Disney. A gente sabe que eles vão ficar juntos, mas o caminho é a parte mais divertida e que essa comédia acerta na mosca no tom. 

No final, com a ajuda da polícia costeira que aparece bem mais do que deveria, e acenos simpáticos para a obra de Shakespeare que a história foi livremente adaptada (Much Ado About Nothing, ou na tradução Muito Barulho Por Nada), e como falamos a grande presença em tela dos protagonistas, Todos Menos Você marca um novo capítulo para as comédias românticas.

Um gênero que há anos vem por se reinventar desde dos tempos onde um casal discute na mesa e alguém grita no restautante que vai querer o que ela ta tomando, passando por uma profissional do sexo que se torna uma linda mulher casada com um ricaço, ou uma madrinha que precisou usar 27 vestidos para depois foi a noiva, ou até mesmo dois atores de hollywood perdidos no paraiso. Assim, Todos Menos Você se une nesse hall de filmes que mostram que o amor é um produto interessante e ainda válido para se investir.

Nota:

 

Todos Menos Você está em cartaz nos cinemas nacionais.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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