Finalmente estreando no Brasil após alguns problemas de bastidores Aniquilação (Annihilation, 2018) mostra que sempre é bom estar nos holofotes. Mesmo com um elenco de atrizes de destaque formado pela vencedora do Oscar, Nathalie Portman e as novas queridinhas do público Gina Rodriguez e Tessa Thompson, o longa se mostra um bom filme de ficção cientifica com uma história envolvente e assustadoramente misteriosa de um mundo cheio de detalhes e que nos impacta por ser visualmente maravilhoso.
Mesmo com alguns jargões científicos em excesso, Aniquilação chega a ter o mesmo nível de qualidade de A Chegada (2016) e entra para o rol de filmes que completamente deixam você de cabelo em pé com as viradas de roteiro e possibilidades que a trama acaba por te apresentar em algum momento da história. Ao final, no longa nem tudo que você é real e isso é fica a maior parte da graça.
Com direção de Alex Garland e baseado no livro do autor Jeff Vandermeer, Aniquilação acompanha um grupo mulheres que estão em missão para explorar e mapear a área X, uma parte do território americano que está quarentena por conta de uma atividade descrita como sobrenatural, chamada de “O Brilho”. O governo dos EUA já mandou diversas pessoas para analisar o local e elas sempre sumiram de forma inexplicável. Assim, uma nova expedição é recrutada para ser enviada e com ela temos o grupo formado por uma bióloga (Portman), a chefe da expedição uma psicóloga (Jennifer Jason Leigh), uma matemática (Tessa Thomspon), uma antropóloga (Tuva Novotny) e uma paramédica (Gina Rodriguez).
Claro que a ação realmente começa quando elas entram no chamado local mas um dos acertos de Aniquilação é criar desde do começo um sentimento de tensão, mesmo que bem devagar mas que transborda incomodo para quem assiste. Afinal, a trama se passa em flashbacks, com flashbacks dentro uns do outros o que deixa a principio a dinâmica do filme um pouco confusa e a única coisa que sabemos com certeza que de todos da expedição apenas a doutora Lena (Portman) retornou viva da missão.
Assim vemos a personagem contar tudo que aconteceu desde do seu relacionamento com o marido (o ótimo Oscar Issac) que também participou de uma das expedições até efetivamente o que aconteceu dentro do buraco brilhante que matou todas as suas colegas. E Natalie Portman arrebenta, a atriz é uma força da natureza e entrega uma atuação precisa e que deixa quem assiste vidrado para tentar descobrir a cada frame, a cada cena o que aconteceu. Então a cada momento que passa vemos as protagonistas entrando cada vez mais para o coração daquilo que toma conta da região e a medida que vemos como o “ser” ou “entidade” se comunica.
E acompanhamos também as personagens caminhando dentro do lugar como se estivessem dentro de um sonho (ou pesadelo) e desvendando os mistérios e segredos que ele esconde. E nós os espectadores a medida que o filme avança temos mais e mais dúvidas e ficamos criando cada vez mais perguntas: Como passa o tempo lá dentro? Por quê do brilho? Por quê das mutações? Tudo isso criando uma atmosfera densa embalada com uma curiosidade um pouco mórbida.
Além de Portman, Rodriguez mostra sua versatilidade ao interpretar uma personagem completamente diferente daquilo vista no seu papel mais conhecido no seriado Jane The Virgin, e a atriz entrega uma atuação provocante, explosiva e realmente se afirma como uma das melhores atrizes da sua geração. Thompson ganha espaço mesmo que não sendo na mesma proporção que suas outras colegas mas consegue mostrar seu valor e agrar a trama. E Jason Leigh acaba sempre naquele lugar comum com uma personagem interessante mas má desenvolvida onde a atriz acaba por optar fazer o de sempre.
Aniquilação acaba sendo um suspense com toques de drama, com uma história que precisa de um pouco de atenção, paciência e um pouco de embarcar na jornada para acreditar nela. Como em A Chegada, o roteiro te apresenta diversas situações e chega num momento em que é jogada uma virada na trama que muda completamente tudo aquilo que você pensava. No final, o longa fala sobre a criação e destruição, o caos dentro de cada um de nós, o começar de um novo capítulo apoiado em muitas explicações cientificas para poder finalizar suas idéias.
Com um visual bem chamativo, e um mundo rico e cheio de detalhes, Aniquilação acaba bem lentamente contando uma história interessante, mesmo que com uma timeline um pouco confusa mas tem em suas atuações, principalmente de Portman, um filme difícil e que provavelmente não deve agradar a todos seja pelo fator cientifico ou pela trama lenta que constrói sua história aos poucos e com um cuidado até mesmo desnecessário.
Aniquilação já disponível na Netflix.