Um dos maiores méritos de Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel, 2019) é, sem dúvidas, entregar a primeira grande heroína do ano. Aliado à isso, a produção de James Cameron, faz uma experiência visual bastante surpreendente que compensa alguns tropeços no roteiro e na história que é apresentada e contada aqui.
Todo o universo criado em Alita: Anjo de Combate, um mundo distópico e meio cyber punk que oscila entre uma coisa meio Blade Runner com Ghost In The Shell, é realmente de cair do queixo. Grande parte dos detalhes são pensados e criados em uma preocupação enorme da produção, onde, somos sugados para dentro do filme, com cenas em casas destruídas na cidade pós- apocalíptica, passagens pelo mercado local, onde os personagens compram itens raros como laranjas, acompanhamos o esporte perigoso chamado de motorball, e até mesmo pelas ruas com um ar meio desértico e que, no final, é se passa a maior parte da ação do filme.
Assim, a dupla Cameron e Robert Rodriguez, que dirige o longa, cria uma profunda mitologia para a trama, onde, a história criada pelos roteiristas tem muitas camadas e núcleos que apenas são pincelados ao longo do filme, e que deixam Alita: Anjo de Combate com um jeitão bem robusto, em vários momentos, no quesito de ser uma senhora ficção científica. Toda a ambientação criada para o filme, acaba por ser um prazer de se observar desde do começo.
Ao longo de Alita: Anjo de Combate, o espectador deve ficar à procura dos pequenos detalhes escondidos na produção. Com uma forte lembrança da série 3% (Netflix), a trama do filme, mostra uma população que sobreviveu à grandes guerras, almejar uma vida no Reino flutuante de Zalem. Assim, os moradores vivem suas rotinas, ao mesmo que lutam para subir e mudar de endereço para uma vida melhor. Então, vemos a chegado do robô Alita, sem memória de quem é, e assim, o filme começa a mostrar a jornada de auto-conhecimento da personagem.
E se a preocupação dos produtores com os detalhes é extrema, Alita: Anjo de Combate, também, se garante nos efeitos visuais de seus personagens, tanto os robôs, quanto os humanos. A perfeição e a riqueza visual, principalmente nas feições no rosto de Alita, são um show à parte, onde vemos, nitidamente, desde dos cílios, até os poros da personagem saltarem em nossos olhos ao longo do filme. E nossa dica, quanto maior a tela, mais nítido esses detalhes ficam para quem assiste.
A captura dos movimentos parecem, também, deslumbrar o espectador ao longo do filme, onde, junto com a voz marcante de Rosa Salazar, fazem da lutadora, uma personagem divertida, espirituosa, e cheia de charme. O mesmo vale para o restante do elenco, principalmente, em sua forma humana. Temos o sempre ótimo, Christopher Waltz, como um Doutor que repara robôs, onde o personagem tem seu arco próprio desenvolvido pelo roteiro, e é fundamental para o desenrolar do filme.
Mahershala Ali, como o misterioso Vector, comprova que o ator pode fazer (e bem!) qualquer coisa. Já Jennifer Conolly não parece ser muito bem aproveitada aqui e fica muito na mercê da trama e de contracenar com os outros personagens. E os jovens atores Keean Johnson, Lana Condor e Jorge Lendeborg Jr. também tem seus momentos, e seus personagens conseguem dar para a guerreira Alita, um ar mais aventuresco, juvenil e animado.
Mas nem tudo são flores, Alita: Anjo de Combate tem algumas falhas bem gritantes, como um problema de ritmo que não chega a incomodar, mas entrega um filme com um roteiro inchado, e até mesmo um pouco denso, que pratica a técnica de foreshadowing (quando o texto dá pistas sobre o que irá acontecer) o tempo todo, coisa que pode deixar incomodado aqueles com um olhar um pouco mais afiado. Mas, os personagens bem construídos, um mundo novo apresentado, e as possibilidades para futuros filmes deixam Alita: Anjo de Combate ser uma boa aposta, num filme divertido e empolgante, dentro do possível.
Alita: Anjo de Combate chega nos cinemas em 14 de fevereiro.
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