Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos (Come Away, 2020) chega nos cinemas com Angelina Jolie como um maior chamariz para se assistir o filme, sem dúvida nenhuma. De longe a atriz é o grande nome do longa que mistura duas das mais conhecidas histórias dos últimos tempos: Alice no País das Maravilhas e Peter Pan.
Mas aqui será que isso é o bastante? Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos se apoia nessa mitologia dos contos de fadas para contar essa história um pouco mais realista, mas sem deixar de lado o tom um pouco mais fantasioso e infantil que é mais característico de produções do gênero. Deve agradar as crianças, mas e os adultos? Ao navegar entre o que é sonho e o que é realidade, o longa faz o espectador entrar no buraco do coelho para fazer as conexões, juntar os pontos, e analisar quem é quem das histórias antigas nessa nova interação que chega aos cinemas. Sim, mais uma história sobre uma velha história.
O que Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos entrega de novo? Particularmente destaco o trabalho de produção, os figurinos, e a ambientação que é tudo muito bem feito, mas chega um determinado momento, que assim como na história de Peter Pan, é preciso fazer uma escolha. E se lá na história do menino que não queria crescer, o ponto de virada era sobre ele finalmente crescer e deixar de ser um menino perdido… aqui em Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos a realidade chega e é escancarada na vida dos jovens Peter (Jordan A. Nash) e Alice (Keira Chansa) que descobrem que o mundo real é muito perigoso e devastador do que eles imaginavam.
O maior trunfo da diretora Brenda Chapman é saber moldar a história através dos arquétipos já conhecidos e enraizados na cultura pop, seja as vestimentas de Alice do conto, as questões que envolvem as fadas, ou até mesmo, a aparição da Tia malvada (Anna Chancellor, ótima) que serve como as funções de Rainha de Copas.
Na medida que Chapman apresenta esses personagens, e suas histórias, é onde o longa triunfa, como Peter depois de uma luta contra o Capitão Gancho, nas pequenas piscadelas, nos easter-egg, e nesse mundo ao mesmo tempo real mas cheio de fantasia criado pela imaginação fértil dessa dupla de irmãos durante esse verão. Quando a trama muda, se torna mais sombria, e tenta ensinar uma lição sobre amadurecer e deixar os sonhos e esperanças de de lado é que o roteiro de Marissa Kate Goodhill deixa a desejar, como um Chá das 5 com o Chapeleiro Maluco que nunca existiu.
Os jovens Chansa e Nash estão muito bem obrigado e realmente entregam momentos adoráveis e divertidos de se acompanhar, mas à medida que a carga dramática do longa intensifica, a dupla some como pó de pirlimpim ao cair de uma fada em movimento. Os adultos precisam segurar todas as pontas num longa para crianças e protagonizado por crianças. Jolie some da trama, e o ator David Oyelowo, como Jack o pai delas, precisa assumir a liderança da história na medida que detalhes do passado do personagem ganham destaque no roteiro. O ritmo de aventura e busca por respostas sofre um pouco com uma certa barriga que o longa tem, onde os destinos e como essas cartas do baralho vão por cair uma a pena e selar as histórias desses personagens que já foram contadas milhares e milhares de vezes e de diversas formas.
Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos acaba por unir duas delas e de uma forma extremamente honesta consegue contar uma boa história mesmo que no final não faça nada de outro mundo… nem se você olhar para a segunda estrela à direita e então direto, até amanhecer.
Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos em cartaz nos cinemas.
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