sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Adão Negro | Crítica: The Rock entra na DC de forma grandiosa e com estilo

Em uma jornada de mais de 10 anos para sair do papel, Adão Negro (Black Adam, 2022) finalmente chega aos cinemas num momento crucial para a DC, para os cinemas de maneira em geral, e para a própria Warner Bros que distribui o longa em todo o mundo.

E à frente disso, Adão Negro conta com a presença de um dos maiores astros de Hollywood para fazer o filme acontecer. E ele faz. Não é por menos, Dwayne Johnson, The Rock faz sua entrada na DC de forma grandiosa e cheia de estilo, uma a cara do ator, e de tudo que ele entregou em suas produções mais recentes para outros estúdios.

E Adão Negro é como se fosse a culminação dessa habilidade empresarial que The Rock tem, onde tudo que ele toca vira dinheiro, seja uma série de TV sobre sua infância, uma empresa de bebidas, ou filmes que ele atua e produz. Aqui com Adão Negro não é diferente, o ator estrela e também produz o longa e consegue pegar um personagem não muito conhecido do universo dos quadrinhos da DC e o transformar em um verdadeiro rock star, trocadilhos à parte.

Dwayne Johnson e Aldis Hodge em cena de Adão Negro.
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictur – © 2022 Warner Bros. Entertainment Inc.

No longa fica claro que o nascido escravo Teeth-Adam (Johnson) se torna uma força a ser considerada entre os super-heróis e os super-vilões do Universo da DC nos cinemas quando ganha seus poderes. E com o longa, somos apresentados para essa figura que ficou presa durante mais de 5000 anos e que retorna para viver no mundo moderno e lidar com as questões, os conflitos, e os super-heróis de hoje, só que de sua própria maneira. 

Uma não tão preto no branco, com vimos por ai anteriormente na DC. O personagem navega entre a linha tênue ser herói, ser vilão e a camada cinzenta no meio disso tudo num longa de ação e de super-herói bem bacana e empolgante de se ver e acompanhar em suas 2 horas de duração. O texto de Adão Negro, escrito pelo trio Adam Sztykiel (trabalhou com The Rock em Rampage: Destruição Total lá de 2018), Rory Haines e Sohrab Noshirvani (trabalharam juntos em O Mauritano), consegue ao mesmo tempo trabalhar a mitologia que cerca a figura de Adão Negro, e conectar o personagem com a história que vimos em Shazam! (2019) sobre um Mago que precisa escolher um campeão na Terra e que recebe os poderes vindo das divindades, com questões de como e por que ele foi aprisionado durante tanto tempo.

Sem dúvidas, Adão Negro tem uma história bacana explorada e se baseia nesse grande pano de fundo para contar a história da cidade de Kahndaq e como a chegada desse “herói” mudou o destino do local para sempre. E Adão Negro faz um filme bem introdutório. Parece que é o começo de uma grande história a ser contada e que vai se desdobrar por diversos outros filmes, afinal, não só introduz a figura do escravo Teeth-Adam como esse lendário personagem cheio de fúria, mas também da Sociedade da Justiça da América, uma outra Liga de super-heróis que não é a Liga da Justiça que fomos apresentados em outros filmes.

E se o filme leva um tempo para nos introduzir para esse personagem antagonista, para nos contar mais sobre essa liga de heróis, Adão Negro não perde o tempo para já colocar eles em ação. Temos aqui a presença do experiente e super treinado Gavião Negro (Aldis Hodge, tão bom, um dos destaques do longa em termos de carisma e de atuação), o veterano mestre dos jogos e de espelhos Doutor Destino (Pierce Brosnan), Cyclone (Quintessa Swindell) com seus poderes esfuaçantes e Esmaga-Átomo (Noah Centineo, num ótimo timing cômico) para serem recrutados por Amanda Waller (Viola Davis, numa rápida participação) e embarcarem para combater essa nova ameaça. 

A cada interação, a cada comentário trocado por esses personagens, só nos faz querer ver mais da SJA e desses personagens recém-introduzidos em tela. Ao mesmo tempo que Adão Negro consegue explicar, e mostrar os poderes e habilidades de cada um de uma forma bem de forma ágil e sem muita enrolação, as cenas de ação para as batalhas são incrivelmente bem feitas e já nos joga para o que esses personagens são e o que eles vieram fazer.

Sarah Shahi e Mohammed Amer em cena de Adão Negro
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictur – © 2022 Warner Bros. Entertainment Inc.

E realmente o longa entrega passagens e momentos iniciais muito bons. Em termos visuais inclusive Adão Negro se assemelha mais para o Universo de Zack Snyder do que o colorido trio de  lançamentos não tão recentes da DC nos cinemas como Aquaman (2018), Mulher-Maravilha 1984 (2020) e Shazam! (2019), mas Adão Negro tem seu charme único pois não é um filme escuro por apenas ser e sim um filme com uma coloração com um tema próprio.

Assim, boa parte das cenas de combate e principalmente aquelas com o vilão principal (sem spoilers AQUI) e que tem sua história desenvolvida bem rapidamente no filme e diríamos até faz um personagem pouco fraco, até aquelas que são um pouco mais violentas do que o esperado para esse tipo de filme, são passagens extremamente frenéticas, bem no estilo Velozes e Furiosos, e que ficam muito boas de se assistir por conta de algumas escolhas estéticas tomadas que deixam o filme com um visual lindo.

Mas o que mais me surpreendeu em Adão Negro, nem foi o fato que finalmente temos um filme em que a figura de The Rock não se sobressai a do personagem que ele interpreta, e sim, que temos um filme em que é sentido o trabalho de produção do longa em nos fazer estar dentro desse canto do mundo da DC, com esse personagem, que é apresentado aqui.

E com um humor incrível de se acompanhar. Como falamos, Centineo rouba as cenas como o herói que cresce de tamanho e esmaga prédios e vilões, mas muito da parte cômica  também fica nas mãos do ator Mohammed Amer, como Karim, um personagem que está intrinsecamente conectado com a personagem Adrianna (Sarah Shahi, muito bem também) e seu filho Amon (Bodhi Sabongui) que lutam para tirar a Kahndaq moderna da mão de mercenários.

Esse grupo entrega o lado mais humano, e menos heróico do longa, mesmo que suas presenças são fundamentais para o decorrer da trama que tem algumas reviravoltas bem interessantes, e que entregam discussões sobre como fazer uma mudança para o mundo, na medida que cada vez mais da mitologia que envolve os poderes de Adão Negro, da própria cidade de Kahndaq e ainda da organização conhecida como Intergang, são mostradas na trama. 

Assim, The Rock chega no Universo da DC nos cinemas chutando as portas, batendo em super-heróis, e botando para quebrar em um divertido, às vezes, um pouco pesado longa de ação. Ao terminarmos a sessão, a sensação que fica é que sim, a hierarquia da força da DC parece que realmente mudou e agora basta saber se Adão Negro vai ser páreo para os outros heróis como Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman e Flash, ou até mesmo para a família Shazam! ou os membros do Esquadrão Suicida. 

No final, o caminho das pedras para o futuro de Adão Negro na DC, foi traçado por The Rock com o filme, basta ver se a nova direção da Warner vai apoiar a visão que o ator/empresário tem e fazer com que esse personagem possa interagir com os outros mais conhecidos e estabelecidos em futuros filmes e para o delírio dos fãs que devem sair das sessões do filme satisfeitos com o que foi proposto, e apresentado, aqui.

Ps: O longa tem uma cena pós-crédito.

Avaliação: 3.5 de 5.

Adão Negro chega com sessões de pré-estreias pagas em 19 de outubro. No circuito em 20 de outubro.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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