sexta-feira, 22 novembro, 2024
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A Pequena Sereia | Crítica: Live-action mergulha na nostalgia e surfa na voz potente de Halle Bailey

"Uma sereia não tem lágrimas, assim ela sofre muito mais." Hans Christian Andersen.

No momento que a frase do escritor dinamarquês, vista no conto original, surgia em tela, junto com o vasto e imponente oceano, logo nos segundos iniciais de A Pequena Sereia (The Little Mermaid, 2023), eu sabia muito bem que alguma coisa (muito boa) estava para acontecer, e eu estava tava pronto para assistir, ver, e ser transportado para esse mundo. 

Depois de anos em desenvolvimento, uma pandemia que atrasou os cronogramas, e muitas questões técnicas envolvidas, o live-action de uma das histórias animadas mais famosas, e importantes, da Disney, finalmente chega aos cinemas num momento crucial para a companhia, para os cinemas de uma forma em geral, e Hollywood.

E para os pobres corações infelizes que torciam contra o filme, digo com total, e absoluta, certeza que o live-action de A Pequena Sereia entrega uma nova versão para a história de forma grandiosa e musicalmente empolgante de se assistir.

A Pequena Sereia
Halle Bailey em cena do live-action de A Pequena Sereia.
Foto: Photo courtesy of Disney. © 2023 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

E o que é que eu faço? Eu te ajudo, leitor, aqui nesse texto a te preparar para a experiência arrebatadora que é esse live-action. É o melhor que o estúdio já fez, sem dúvidas. Claro, o live-action de A Pequena Sereia não deixa de mergulhar na nostalgia da animação, tão querida por muitos, mas também expande a história e surfa na voz potente de Halle Bailey (da dupla Chloe x Halle) que realmente é o grande chamariz para o projeto dar certo.

Das cenas no fundo do mar, onde eles tem coro de sereia, até as passagens fora água, onde eles tem um monte de areia, Bailey anda e corre e nos faz querer ver o sol nascer na medida que domina toda a cena que aparece, e está perfeita no papel. A essência da sereia destemida, filha do Rei dos Mares, da animação está ali, e Bailey constrói essa personagem com personalidade de uma forma extremamente carismática, apaixonante e que realmente agrega e muito para o longa. 

E não só ela. Claro, Bailey é o grande destaque, mas A Pequena Sereia ainda tem um trabalho fenomenal de um elenco de apoio que resgata a empolgação, e o tom divertido, da animação, principalmente aqui com Sebastião (voz de Daveed Diggs no original) e Sabidão (voz de Awkwafina no original).

E ai gente, esqueçam que “os bichos tão feios”, “são realistas demais”, eles são bichos e quando você ver, e ouvir, a batida no melhor estilo Lin- Manuel Miranda que Diggs e Awkwafina fazem no longa, vão deixar isso de lado, e aproveitar.

E claro, não poderíamos falar de A Pequena Sereia sem falar de Úrsula, a traiçoeira Bruxa do Mar, interpretada por Melissa McCarthy que realmente está deliciosamente exagerada, num talento que a atriz sempre possuiu para se destacar e aqui, não faz por menos.

O tom debochado, a atuação teatral, e realmente toda a linguagem do corpo de McCarthy (mesmo com carregados efeitos especiais) apenas comprovam que Úrsula é uma das vilãs mais interessantes da Disney e aqui no live-action, McCarthy deixa sua marca e não desaponta.

Desde de Javier Bardem como o Rei Tritão, Jacob Tremblay como voz de Linguado, o peixe amigo de Ariel, e até Jonah Hauer-King como o Príncipe Eric, fica claro que A Pequena Sereia é realmente um verdadeiro trabalho em equipe, liberado pela competente Bailey que guia esse longa como ninguém.

A Pequena Sereia
Melissa McCarthy em cena do live-action de A Pequena Sereia.
Foto: Photo courtesy of Disney. © 2023 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

E junto com o elenco, é a estética visual do longa que realmente chama atenção. Diversas cenas são como pinturas que poderiam estar ali lado a lado de sei lá, o quadro O Nascimento de Vênus em algum museu. Grande parte das cenas são passagens belíssimas de se observar.

E acho que para o tipo de filme que A Pequena Sereia se propõe a fazer, toda a questão dos efeitos visuais acabam por ficar um pouco de lado, por conta de tudo que acontece ao redor e que o filme apresenta. Particularmente, o fruto do meu vizinho, não parece melhor que o meu aqui e acho que entre os filmes com a temática “aquática” A Pequena Sereia se saiu muito bem. 

As cenas “dentro d’água” realmente capturam os melhores momentos da animação clássica, seja com as passagens musicais de Aqui no Mar, Pobre Corações Infelizes, que são entregues de uma forma extremamente fiel. E a parte “fora d’água” também tem seus momentos, onde a trama ganha uma liberdade maior, depois que vemos Ariel por ficar fora dessas águas na medida que ela faz o acordo com Úrsula, ganha pernas, dá a virada de cabelo icônica da animação ao sair do mar, e enfim vai para a superfície conhecer mais do mundo humano, e claro, do Príncipe que ela se apaixonou e salvou. 

E acho que o verdadeiro triunfo do live-action é realmente colocar um ponto final na problematização maior que A Pequena Sereia sempre teve, e para mim sempre levantada de forma infundada, de que a jovem sereia trocou tudo por um homem. Aqui, fica claro, a preocupação do time da produção na mensagem que o longa quer passar e acho que é onde o diretor Rob Marshall se dá melhor: nas cenas a mais que o live-action tem em relação ao filme original. 

O diretor aproveita as passagens do litoral da Itália para contar melhor a jornada de Ariel pela superfície e sua escolha em querer conhecer mais o reino dos humanos. Assim, seja a adição da personagem da Rainha Selina (Noma Dumezweni, ótima), como a mãe de Eric e que faz um espelho para Tritão na superfície, nas duas novas músicas que dão um contexto maior para que os dois personagens principais vivem, e no texto de dar uma história de origem e um pouco mais profundidade para o Príncipe Eric de Hauer-King, esses momentos apenas agregam para o longa.

E também, a forma como longa faz para preencher algumas lacunas em relação a animação durante os os três dias que a jovem personagem tinha em terra antes que Úrsula (como Vanessa, onde Jessica Alexander realmente está muito bem nos poucos minutos que aparece) atrapalhasse os planos, depois do número musical apaixonante e envolvente de Beije A Moça. 

A Pequena Sereia
Jonah Hauer-King e Halle Bailey em cena do live-action de A Pequena Sereia.
Foto: Giles Keyte. © 2023 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

O trabalho de Bailey com Hauer-King nessas passagens apenas mostra o quão era importante termos bons nomes escalados para o projeto, e a dupla, principalmente nos momentos que Bailey não pode falar, cantar, n-a-d-a, e realmente entregam, não só os momentos mais românticos da sequência, mas também passagens que transbordam de química.

Assim, desde do momento da reprise de Parte do Seu Mundo, passando pelas cenas dentro de um dos cômodos que Eric guarda seus tesouros, tão preciosos e que tudo que ele tem é tão maravilhoso, a dupla realmente vende o longa como ninguém. 

E Marshall sabe trabalhar nesse realismo para o filme muito interessante. Seja pela ideia que não temos um siri andando por aí e arrumando briga com o Chef de cozinha, ou até mesmo um noivado real que muda de um luxuoso navio para uma coisa mais simples, dentro do castelo, Marshall se apoia em trazer o longa mais para perto da realidade. E mesmo não fuja das altas doses de fantasia (sereias!, feitiços! Bruxas do Mar de mais de 3 metros!), A Pequena Sereia ainda consegue entregar a proposta que esses live-actions sempre tiveram desde do começo com Alice no País da Maravilhas: modernizar e contar essas histórias clássicas por uma nova lente, e um novo prisma. 

E fica claro que A Pequena Sereia consegue shala lala lala ir em frente, e não desapontar a gente, e que escapa da bagunça que é o mundo humano em relação a certas polêmicas para celebrar, e honrar, um dos principais longas da história do estúdio nesses 100 anos de existência. 

É impossível não sair emocionado com a história contada, da forma como é contada e com o trabalho de todos os envolvidos, desde dos atores, dos compositores, da equipe de figurinos, e tudo mais.

No final, o live-action de A Pequena Sereia vai te convidar para fazer parte desse mundo. Um mundo incrivelmente bem feito, e apaixonante, de se assistir na telona. 

Avaliação: 3.5 de 5.

A Pequena Sereia chega em 25 de maio nos cinemas.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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