O caminho para o lançamento de A Guerra do Amanhã (The Tomorrow War, 2021) é um que afetou muitas das produções nos últimos meses. Mas hoje posso falar, com certeza, que o longa protagonizado por Chris Pratt faz um dos melhores filmes de ação do ano. Pelo menos até aqui, hoje, no começo de julho, afinal, o ano está na metade né?
Sem mais piadinhas com palavras que estabelecem uma conexão com o tempo, mas de fato A Guerra do Amanhã entrega um robusto filme, um que acerta ao nos apresentar diversas pequenas tramas paralelas que se mesclam em uma história de ficção científica super interessante de assistir e acompanhar. A Guerra do Amanhã poderia ser descrito como um filme no estilo Um Lugar Silencioso, se o longa de John Krasinski fosse um grande, colossal e estridente blockbuster. E o diretor Chris McKay consegue fazer uma transição dos filmes animados (comandou os filmes da franquia Lego) para o live-action e nada como um filme como A Guerra do Amanhã para mostrar para que veio.
Com um elenco muito bem escalado, o longa entrega uma história sobre uma invasão alienígena que ameaça a humanidade só que lá no futuro em 2051. Assim, um exército surge do nada no presente (o ano é 2022) e a comandante Hart (Jasmine Mathews) diz que a população precisa ajudar a Terra a não ser massacrada por essas misteriosas criaturas e que devem embarcar em missões para o futuro para tentarem deter essa ameaça.
O mais interessante que o roteiro de A Guerra do Amanhã, escrito por Zach Dean, consegue construir tudo isso em 2 horas sem deixar a peteca cair. O longa logo no seu começo estabelece bem quem são os personagens principais, liderados pelo ator Chris Pratt como Dan, um ex-soldado do exército que agora trabalha como professor em uma escola, sua esposa Emmy (Betty Gilpin), e sua filha Muri (Ryan Kiera Armstrong), e já logo também parte para mostrar como essa família (e basicamente todo o mundo) reage com a notícia dessa futura invasão e como isso afeta a população e a sociedade aqui no presente. Afinal, no futuro a população mundial foi basicamente dizimada e nem chega na casa das 500 mil pessoas.
A Guerra do Amanhã então, como um jogo de videogame, nos apresenta as diversas etapas que a história se desenrola na medida que Dan é recrutado para ir para o futuro em uma missão. São diversos estágios que acompanhamos os personagens do esquadrão do futuro, assim por dizer, passarem. Desde do processo de recrutamento, o treinamento, até eles serem jogados em combate no futuro. E o filme faz isso de uma forma completamente natural e que realmente prende atenção. Particularmente me vi entretido e me divertindo com as explicações das tropas sobre a missão e a reação dos outros membros como o veterano Dorian (Edwin Hodge) que já foi em três missões para o futuro e retornou vivo de todas elas, e as piadas do cientista Charlie (Sam Richardson, um timing cômico incrível) sobre as dificuldades e os looping temporais que a ida (e a volta) no tempo poderiam ter.
E claro, A Guerra do Amanhã também trabalha para nos apresentar a real ameaça que esse grupo de pessoas enfrentam, as criaturas aqui chamadas de Garras-Brancas. Eu acho muito interessante que o time de produção esconda essa ameaça até mais ou menos uma hora do 1 filme e nos deixe na expectativa de ver o que propriamente dito esse time (e a humanidade) luta, só para depois vermos os diversos tipos saltando em tela o tempo todo gritando e matando os personagens de apoio.
É como se estivéssemos em Um Lugar Silencioso com esteróides e num filme da Marvel Studios, onde tudo é muito barulhento, grandioso, e entregue em escala e escopo muito grande. As cenas dentro de uma base militar do futuro onde os personagens precisam lutar contra uma criatura alfa na metade do filme é um dos usos de efeitos visuais mais impressionantes em um filme até agora. As criaturas são realmente interessantes, e o filme consegue bem trabalhar as diversas perguntas que são levantadas sobre sua origem e a forma como esse time, aliado com a General e cientista Romeo (Yvonne Strahovski, ótima aqui) tem que ir atrás para conseguirem no mínimo terem uma chance para os derrotar.
A Guerra do Amanhã consegue então criar, com a ajuda de efeitos especiais muito muito bons (o filme teria um lançamento nos cinemas até o ano passado) nos jogar dentro dessa história, e como eu falei, faz como que pareça que estamos em um videogame onde os alvos são essas criaturas monstruosas perigosas e ameaçadoras que precisam ser derrotados um por um. A trama avança de uma forma bem ágil mesmo que o longa tenha muita história para contar, algumas boas reviravoltas, e muitos personagens para trabalhar.
Sem dúvidas, é muito bacana ver Pratt em um novo filme fora das suas franquias multibilionária mais recentes, e longe das polêmicas, onde aqui ele e Strahovski tem cenas muito boas, tanto as de ação que são muitas e todas muito boas, quanto as mais dramáticas que dão um toque mais humano para o filme. O ator J.K. Simmons como o pai rebelde do protagonista, James e que é recrutado pelo filho em uma parte da missão também é um dos destaques do filme. Simmons e Pratt tem uma cena no começo do filme que envolve uma troca de insultos muito muito boa.
Assim, diria que o elenco acaba por ser um dos fatores que o filme dá certo por conta do seu entrosamento e da habilidade que todos tem para entregar as passagens que trabalham mais com suas histórias, onde o filme consegue tirar um pouco o foco da ação que é o que realmente consegue costurar os diversos momentos frenéticos que o filme entrega e que realmente chegam a empolgar. No final, A Guerra do Amanhã consegue entregar um mix de drama familiar com ficção científica muito muito interessante e se garante antes de mais nada, e todas as parafernálias criadas por efeitos visuais, em contar uma boa história.
A Guerra do Amanhã chega no Prime Video em 2 de julho.
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