Tan… tan… tan… os Addams vem aí.. novamente. A sequência da animação A Família Addams (2019) vem de carona no sucesso do primeiro filme, mas cruza com alguns problemas além de uma pandemia para atrapalhar os planos desse novo filme.
Aprovado antes dos eventos que começaram em Março 2020, e com a facilidade de apenas precisar gravar as vozes dos atores e não os reunir fisicamente para as gravações, ficou claro a intenção da MGM e Universal Pictures que o longa foi um desses que foram apenas descartado para tentar fazer algum dinheiro ainda enquanto os cinemas não estão 100% de volta. Ao apostar numa viagem dos Addams pelos EUA, A Família Addams 2: Pé Na Estrada (The Addams Family 2, 2021) mostra que até mesmo para os icônicos Addams, uma viagem de família pode ser sim assustadoramente…. esquecível.
Foto: Universal Pictures/MGM
Não que A Família Addams 2: Pé Na Estrada não tenha bons momentos… até tem, mas é só isso que a animação oferece. São amontoados de pequenos e poucos bons momentos remendados como se fosse o rosto do Tropeço. É como se o time de produção não tivesse tempo suficiente para criar e dar uma mexida na história para acrescentar novas cenas. É como se o time dos roteiristas formado pelo trio Dan Hernandez, Benji Samit e Ben Queen tentasse pegar uma trama comum e colocasse os Addams para viverem ela, só que nem o tempero especial de uma das famílias mais assustadoras que tem consegue dar um injeção de ânimo nessa história. Mas mesmo assim chega a ser mais interessante que o primeiro filme sem sombra de dúvidas.
Tradicionalmente, o mais divertido e bacana de A Família Addams, como franquia, era sempre colocar esses personagens “estranhos e sombrios que causam calafrios e provocam arrepios” para interagir com as questões do dia-a-dia, e do cotidiano do que chamamos normal, onde no final, vemos que os Addams são pessoas iguais aqueles com os comportamentos diferentes deles. Isso até existe aqui em A Família Addams 2: Pé Na Estrada mas é aplicado de uma forma tão fraca, tão sem emoção que até a mãozinha tem mais vida do que o filme e sua trama.
A Família Addams 2: Pé Na Estrada foca na inteligente e sabidona Wandinha (voz de Chloë Grace Moretz no original) que agora compete em feiras de ciências onde todo mundo ganha um prêmio apenas por participar e figuras de cientistas misteriosos em hologramas aparecem para ela e uma dúvida que a cerca: seria ela mesmo uma Addams? Mas isso só salpicado ao longo do filme e durante algumas discussões aqui e ali, numa tentativa de fazer um certo mistério, durante a viagem que os Addams fazem com seu trailer/mansão pelos EUA. Afinal, Gomez (Oscar Isaac que parece estar em todos os lugares possíveis no final de 2021) acha que a viagem em família seria uma boa oportunidade de se reconectar com a jovem, e com a família de modo geral.
A cena do jantar em que Wandinha recusa jantar com os pais é realmente muito boa e a carta escrita por ela com diversos Ps que preveem o comportamento de Gomez são bem interessantes. Mas o filme nunca parece sair disso e repete algumas piadas ao longo do filme, seja sobre o relacionamento dos dois ou a piada que envolve os abraços. Enquanto foca na dupla, A Família Addams 2: Pé Na Estrada deixa os outros personagens de lado. É o caso de Morticia (voz de Charlize Theron no original) bem mais apagada do que no primeiro filme, Feioso (voz de Javon ‘Wanna’ Walton no original) e o Tio Funéreo (voz de Nick Kroll no original) que também deixam a mansão Addams e seguem em aventura até o Death Valley na Califórnia. Uma viagem tão Addams, certo?
Como um bom road trip movie, sabemos que o destino não é tão importante quanto a jornada, mas em A Família Addams 2: Pé Na Estrada nenhum dos dois acaba por entregar alguma coisa satisfatória e que valha a pena trazer de volta a gangue assustadora de volta. É uma franquia em potencial, mas que talvez só tenha dado uma única vez lá na década de 90 com o live-action. Infelizmente os Addams não vieram aqui.
A Família Addams 2: Pé Na Estrada está disponível nos cinemas nacionais.
