Parasita chega ao Brasil pela 43ª Mostra SP como dos grandes destaques de 2019.
Com direção de Bong Joon-ho, o filme é o Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes e indicado da Coreia do Sul a uma vaga no Oscar de melhor filme estrangeiro em 2020.
Sinopse:
A família de Ki-taek é bastante unida, mas precisa conviver com o desemprego e com um futuro sombrio no horizonte. Seu filho Ki-woo é recomendado por um amigo, estudante de uma universidade de prestígio, para um trabalho bem remunerado como tutor, o que gera a esperança de uma renda regular. Carregando as expectativas de todos os familiares, Ki-woo vai à casa dos Park para uma entrevista.
Na residência do sr. Park, dono de uma empresa global de TI, ele conhece Yeon-kyo, a linda e jovem sra. Park. Esse primeiro encontro entre as duas famílias dá início a uma sequência incontrolável de problemas.
O que achamos:
Parasita (Parasite, 2019) se faz um dos melhores filmes do ano, e uma das produções obrigatórias para se assistir na Mostra Internacional de SP em 2019. Aqui, temos uma trama caótica, imprevisível, e que deixará o espectador desconfortável na poltrona com a quantidade de reviravoltas que o texto da dupla Jin Won Han e Bong Joon Ho nos entrega.
O cinema coreano vem numa crescente popularização no Ocidente por conseguir, talvez, mostrar sem rodeios a realidade conflitos que assolam a população numa cultura bastante diferente da nossa. Assim, algumas passagens em Parasita são completamente inacreditáveis e difíceis de engolir, mas Bong John Ho entrega tudo de uma forma completamente natural, orgânica e que no contexto em que Parasita se apresenta faz todo o sentido.
Assim, em Parasita, temos o que podemos chamar de um filme de assalto, onde, o filme, em seus primeiros momentos, se preocupa com a apresentação dos personagens, uma família humilde que vive num bairro pobre coreano, para depois mostrar que eles tem um objetivo bem claro: tentar sair do buraco onde moram.
E toda essa composição que Bong John Ho quer criar dos Kim já é totalmente escancarada logo no começo de Parasita, onde vemos a família trabalhar com a janela aberta enquanto um pesticida é jogado na rua que eles moram.
Para os Kim tudo que vier é lucro, mas Bong John Ho não os pinta com os coitadinhos, e sim, como lobos famintos e que irão fazer de tudo para mudar essa situação quando o jovem Kim Ki-woo (Woo-sik Choi) arranja um trabalho como professor particular na casa dos Parks, uma família cheia de dinheiro. Assim, Parasita nos garante uma trama em que vemos os Kim bolarem um grande golpe para cima dos Parks, como falamos, de uma forma que o longa lembra um grande filme de assalto, onde a promessa de trabalho para todos eles é garantia.
E nesse momento, Parasita abusada cenas divertidas, momentos espirituosos, onde Bong John Ho parece saber disso e brinca com as diversas figuras de estereótipos coreanos que nós estamos acostumados. e, ao mesmo tempo, Parasita ainda tem tempo para desenvolver arcos narrativos individuais dos membros da família Kim na medida que eles adentram na vida, e no cotidiano, dos Parks de uma forma bastante calma e tranquila, onde nós, quem assiste, sabe que em breve a panela de pressão pode estourar a qualquer minuto.
E é isso que acontece, a trama de Parasita que parecia segurar seu fôlego, até não conseguir mais, grita por ar desesperadamente, onde tudo é explosivo e anárquico após um determinado ponto na trama, que não vamos contar aqui.
As diferenças entre os personagens se acentuam, e a trama ferozmente muda de tom, onde a imprevisibilidade das ações dos personagens em busca de sairem com vivos da mansão dos Parks deixa o filme com um ar extremamente convidativo, insano, e magnético até seus momentos finais, onde o espectador não irá querer piscar para não perder nenhuma parte.
Com Parasita, Bong John Ho faz uma trama recheada de criticas sociais, comentários certeiros sobre a sociedade que nos definem, como seres humanos e como reagimos a certas adversidades. Assim, o diretor tem, em uma mão a Palma de Ouro de Melhor Filme em Cannes, e a outra, tenta, merecidamente alcançar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2020.
Nada mais justo, afinal, Bong John Ho nos entrega com Parasita, uma produção brilhantemente impecável e audaciosa.
Filme visto na 43ª Mostra Internacional da Cinema de SP
Previsão de estreia nos cinemas em 07 de novembro.
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