Aposta da Noruega para o Oscar 2020, Cavalos Roubados (Out Stealing Horses/Ut og stjæle hester, 2019) tem direção e roteiro de Hans Petter Moland e foi Premiado com o Urso de Prata de excelente contribuição artística no Festival de Berlim 2019.
Sinopse:
Em 1999, Trond Sander (Stellan Skarsgård) espera a chegada do novo milênio isolado em uma pequena vila, no leste da Noruega. Lá, ele reconhece Lars (Bjørn Floberg), um amigo antigo. O reencontro faz com que Trond tenha lembranças de 1948, quando era adolescente e passou o verão na mesma região com o pai. Na época, o jovem precisou lidar com a traição e o abandono do patriarca, que fugiu com a mulher por quem Trond estava interessado.
O que achamos:
Para o grande público, talvez, o nome de Stellan Skarsgård seja o principal chamativo para assistir ao filme. Mas, Cavalos Roubados entrega muito mais que isso.
A produção nos oferece uma história de uma vida, contada aos poucos através de pequenos flashbacks, onde o espectador desvenda os momentos da vida de Trond – Skarsgard na sua versão adulta, e o jovem Jon Ranes na sua versão com 15 anos – e passagens importantes de sua infância que o moldaram a ser o homem que ele é hoje.
Cavalos Roubados, assim, nos entrega em uma narrativa lenta, bastante contemplativa, e que às vezes pode confundir o espectador, uma linha do tempo que mostra o personagem de férias com o pai (Tobias Santelmann, muito bom) numa cabana no interior da Noruega, nos anos 40, enquanto ele lida com os impulsos da idade, e se questiona sobre diversos assuntos típicos da adolescência.
O roteiro de Hans Petter Moland, que também dirige o longa, usa de artifícios para apresentar detalhes sobre a vida do rapaz que fazem sentido apenas lá frente, como se o espectador precisasse reunir todas as pequenas partes ao longo do filme para formar o grande quebra-cabeça do que foi esse trecho da vida do personagem.
Aqui, só conseguimos encaixar todas as peças que a história oferece quando o filme termina. Assim, Cavalos Roubados nos apresenta uma trama que transborda um sentimento de quando as coisas eram mais simples para seu protagonista, são memórias de alegrias e felicidade, mas também de dor e sofrimento.
Bastante visual, e que se apoia em paisagens incríveis do campo da Noruega, com florestas, cachoeiras, e rios, a produção nos entrega um combo de uma boa fotografia com uma cinematografia cuidadosa e delicada que fazem de Cavalos Roubados ser um daqueles filmes completamente imersivos e que criam mais uma camada para a obra.
No final, Cavalos Roubados faz uma poderosa e intensa jornada pelos anos de adolescência de Trond, onde o espectador pode acompanhar sua conversa com seu antigo vizinho numa noite fria e escura, na medida que ele narra suas lembranças de momentos e situações importantes, assim como, recria o local onde viveu, e que ele retorna, após mais de 50 anos longe.
Filme visto na 43ª Mostra Internacional de São Paulo.
Sem previsão de estreia no Brasil.