3% retorna para sua segunda temporada com uma missão ainda mais importante do que aquela lá do seu primeiro ano, agora a série precisa voltar a cativar o público. No ano passado 3%, a primeira série nacional da Netflix, foi lançada com pompas de super produção, fez um barulho no mercado que provocou discussões e apoiado com um elenco carismático conseguiu se destacar no meio de outras produções originais do serviço de streaming.
Já para esse segundo ano, 3% vem com uma pegada um pouco mais tecnológica e abusa de efeitos visuais para finalmente nos apresentar ao MarAlto. E é como estivéssemos embarcando dentro de um spin-off brasileiro da série Black Mirror, afinal 3% continua com aquele sentimento de mistério e paranoia misturado com um ar de modernidade e pelo menos nos seus primeiros episódios, a produção consegue trabalhar o sentimento de dualidade de uma forma bastante impressionante.
Sem muitos spoilers a seguir, apenas digamos que a série nessa segunda temporada aprende a trabalhar sua trama de uma forma mais fluida e menos congelada do que foi apresentado no primeiro ano a e isso só faz bem para a série de uma forma geral. 3% parece que passou no seu próprio processo.
Nos episódios de retorno vemos o seriado trabalhar com linhas do tempo diferentes e apresentar cenas cortadas pela equipe de edição na medida certa para deixar aquele sentimento de quero mais e cade o próximo episódio? atingir seu ápice. Agradecemos a possibilidade de maratona, afinal as consequências para os personagens principais do processo 104 são apresentadas sem muitas delongas mas de uma forma mais orgânica e menos apressada do que na primeira temporada.
Como falamos 3% trabalha sua segunda temporada com o dois ao seu lado, seja nas tramas paralelas sempre contando sua história focando em dois personagens de uma vez ou ao trabalhar as linhas narrativas lado à lado trocar a trama do MarAlto com a do o continente. O roteiro fica mais ágil e constrói uma antecipação para o que irá acontecer na próxima cena de uma forma bem bacana, seja ele contando as histórias de Michele (a competente Bianca Comparato) e Rafael (Rodolfo Valente) na ilha do MarAlto ou de Joana (a desbocada e “rouba cena” Vaneza Oliveira) e Fernando (o talentoso Michel Gomes) em terra.
Outro destaque fica para Ezequiel (João Miguel) que continua um bom personagem, talvez o mais bem construído, manipulador e articulador, o chefe do processo é como quase um mestre no jogo e novamente tem alguns arcos bem desenvolvidos. 3% também parece que aos poucos no início dessa segunda amplia o nosso conhecimento sobre como e por que as coisas estão naquele jeito. Se no primeiro ano ficamos focados quase que exclusivamente no Processo em si na segunda temporada o foco é sobre o que acontece depois dele e como ficam ambos os lados entre o Processo 104 e próximo, o 105.
O combo formado pelos episódios 2×01 – Espelho e 2×02 – Torradeira acabam tendo suas histórias mescladas como se fossem um único e longa episódio, um parte 1 e parte 2 e abrem as portas para conhecermos mais sobre o MarAlto, suas tradições, seu passado e claro seu funcionamento. Já o 2×03 – Estática cria e firma os rumos da temporada para logo em seguida vermos a trama ficar mais explosiva e completamente mais viciante. Ezequiel (João Miguel) continua um bom personagem, talvez o mais bem construído, articulador como quase um mestre no jogo e novamente tem alguns arcos bem desenvolvidos.
Na dupla de episódios formados pelos 2×04 – Guardanapo e 2×05 – Lampião a dinâmica da série muda completamente e isso dá principalmente pela inserção dos novos personagens na temporada, como a médica (Thais Lago), a chefe do exercito (Laila Garin) e um dos líderes da Causa (Samuel de Assis), 3% consegue trabalhar essas dinâmicas todas e ainda deixar perguntas ao longo de seus primeiros episódios.
Os problemas do primeiro ano continuem com alguns diálogos meio duros e algumas atuações um pouco fora de ritmo e até mesmo uma falta de conexão com a realidade em ser um futuro bem distante do nosso. Nessa nova temporada algumas tramas são apresentadas e finalizadas em poucos episódios diferenciando um pouco de alguns plots que ficaram arrastados nos episódios do primeiro ano.
Em resumo, o inicio do segundo ano de 3% faz a série ficar mais robusta ao apresentar novos arcos narrativos e questões importantes sobre o andamento do processo e da vida no MarAlto. A série continua a criar aquele sentimento intrigante presente no primeiro ano e as atuações do quarteto principal continuam sendo o destaque com personagens fortes e multi-facetados que nessa segunda temporada acabam ficando mais maduros mais parecidos com aqueles vistos em Jogos Vozares e menos com aqueles de novela estilo “Malhação” da Rede Globo.
3% estreia mundialmente sua 2ª temporada na Netflix no dia 27 de abril. Para acompanhar acesse netflix.com/3porcento.
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