terça-feira, 05 novembro, 2024
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007 – Sem Tempo Para Morrer | Crítica: Despedida de Daniel Craig entrega um explosivo e sofisticado filme de espionagem

Em 007 – Sem Tempo Para Morrer (2021) ouvimos “Bond… James Bond” pela última vez das bocas de Daniel Craig. E foram com essas três palavrinhas que o famoso espião britânico se consagrou em mais de 20 filmes e conquistou gerações com suas aventuras nos cinemas.

E com várias encarnações, o personagem sempre foi sinônimo de um bom filme de espionagem, onde nos filmes de Daniel Craig como o personagem, a história e as aventuras se tornaram cada vez mais e mais globais, mas sempre a serviço de Vossa Majestade. E nessa última aventura de Craig como Bond, a expectativa e a pressão era enorme, onde depois dos eventos de 007 – Contra Spectre, a grande questão levantada era: seria o longa, o último trabalho de Craig como o personagem?

Daniel Craig em cena de 007 – Sem Tempo Para Morrer
Foto: Universal Pictures/MGM

A definição para onde, e qual o rumo, que a franquia iria, foi tomada pelos produtores já algum tempo, onde aqui, o ator retornou para o 25o filme da franquia, intitulado Sem Tempo Para Morrer que, finalmente, após diversos adiamentos, chega nos cinemas. E a espera valeu a pena. Não só Craig realmente se firma como um dos Bond mais interessantes de toda franquia, como 007 – Sem Tempo Para Morrer entrega um dos filmes mais encorpados do espião, e um na qual, a ameaça a ser enfrentada e combatida, acaba por ser uma das mais perigosas.

E para um personagem que já sobreviveu a diversas missões, explosões, planos mega evils e diversos vilões Bond ao longo dos anos, em 007 – Sem Tempo Para Morrer temos o personagem por lutar contra uma ameaça que no final é extremamente perigosa por ser a mais pessoal possível. E não estamos falando dos diversos problemas nos sets com os acidentes de Daniel Craig, a troca de diretores, ou a bem-vinda entrada de Phoebe Waller-Bridge para dar um tapa no roteiro, e sim, do contexto que o Bond de Craig em sua aventura final é inserido. É como diz um dos personagens em uma das passagens, “É difícil saber quem é herói e quem é mocinho” e é exatamente isso que acontece com 007 – Sem Tempo Para Morrer.

O roteiro de Neal Purvis, Robert Wade, Cary Joji Fukunaga e Phoebe Waller-Bridge condensa dois grandes arcos narrativos, onde é como se tivéssemos por assistir um grande prequel que serve para nos introduzir efetivamente para a trama, um super bem filmado pelo olhar afiado de Fukunaga dentro de um único filme, em que Bond (Craig) está aposentado e vai para a Itália para curtir sua vida com a sedutora e enigmática Madeleine (Léa Seydoux, super talentosa). Mas claro que para Bond as coisas nunca serão fáceis, não é mesmo?

O personagem rapidamente se vê envolvido novamente nas tramoias da organização Spectre e de mais alguém que parece comandar alguns eventos por baixo dos panos. Clássico de filmes de espionagem. Clássico filmes de Bond. E talvez seja por isso que Bond fez, e ainda faz, tanto sucesso, afinal, existem os filmes espionagem como Missão: Impossível, franquia Bourne e etc, e existem os filmes do Espião (Que Me Amava). Assim, certas acrobacias (as cenas de perseguição na Itália e em Cuba são as melhores), as reviravoltas, as armas das mais malucas possíveis e o charme característico do personagem são o cerne e o DNA da franquia, e como 007 – Sem Tempo Para Morrer isso é elevado em uma potência muito maior.

Afinal, além de termos Bond sem tempo (irmão!) para ser perseguido mais uma vez, ele apenas quer curtir um tempo com sua parceira em paz, temos um novo 007 em ação, onde a atriz Lashana Lynch interpreta a agente Nomi e realmente se mostra uma 007 de talento incomparável. E não só como a personagem, como atriz Lynch também rouba diversas cenas, seja as de ação, quanto cenas em que imprime para a personagem um ar debochado e arrogante, ah lá como Bond… E parece que 007 – Sem Tempo Para Morrer fez questão de cercar Craig com talentosas atrizes. Seja as já citadas, como Seydoux que sempre passa aquele semblante misterioso e nos deixa até o último segundo pensando “será que ela vai trair Bond?”, Lynch, e claro, Ana de Armas que aparece até que pouco, mas realmente entrega cenas de ação espetaculares como a agente da CIA Paloma (com apenas três semanas de treinamento) e que dá para o filme um certo charme que a produção precisava e serve para desmistificar de uma vez por todas o papel das Bond Girl. 

Se as mulheres roubam a cena e entregam ótimas passagens, é por que a história de 007 – Sem Tempo Para Morrer dá espaço para outros personagens aparecerem e mostrarem que o mundo, seja o real ou o fictício, mudou. Claro, no longa todos os olhos (e são muitos, vocês vão ver) e armas (são muitas vocês vão ver também) estão em Bond, onde traições e mentiras, e uma ameaça global arquitetada pelo excêntrico e misterioso vilão Safin (Rami Malk que entra para a galeria marcante de Vilões Bond) que é o grande inimigo a ser vencido se espalham pelas quase 3 horas de filme.

Christoph Waltz e Daniel Craig em cena de 007 – Sem Tempo Para Morrer
Foto: Universal Pictures/MGM

É muita história para contar, muitas reviravoltas, e tudo mais. Mesmo que 007 – Sem Tempo Para Morrer acaba por ser um filme que sabe entregar essa história de um complexo armamento químico que acaba por rodar diversas mãos ao longo do filme, onde um dos vilões, o Blofeld (Christoph Waltz que também aparece pouco mas faz valer todos os seus minutos) até chega a comentar isso, e para isso Fukunaga e o time de produção cerca o filme com cenas que são muito bem inseridas para contar essa história e com um jogo de luzes e sombras que se aproveita dos diversos cenários, seja a ensolarada Jamaica, a caótica Cuba que tem o constraste os figurinos de Craig e De Armas em roupas de gala, ou ainda a fria e impessoal Londres onde o MI6 age.

Esteticamente, 007 – Sem Tempo Para Morrer se mostra um filme não perde tempo para agraciar o espectador com cenários deslumbrantes e tomadas que realmente se mostram diferentes do se espera de um filme de ação. Por conta das escolhas visuais de Fukunaga e a mão de Waller-Brige que é sentida em diversos momentos,  007 – Sem Tempo Para Morrer se torna alguma coisa que os outros filmes do gênero um que conseguimos nos importar com esses personagens, seja o Q de Ben Whishaw, o Felix de Jeffrey Wright, a Moneypenny de Naomie Harris, ou até mesmo o excêntrico cientista russo Dr. Obruchev (David Dencik).

No final, 007 – Sem Tempo Para Morrer entrega uma incrível e bem azeitada despedida de Craig em uma das franquias mais longínquas do cinema, bem mais que qualquer saga de super-heróis, ou qualquer outra coisa do tipo. E uma para se levantar a taça de Martini, uma se adapta para os novos tempos e que com certeza tem licença para matar o espectador com uma nova e interessante aventura comandada pelo Bond de Craig. Pelo menos uma vez, Bond não tem medo de morrer, afinal, o personagem deve viver para sempre.

Avaliação: 4 de 5.

007 – Sem Tempo Para Morrer chega nos cinemas nacionais em 30 de setembro pela Universal Pictures.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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