domingo, 22 dezembro, 2024
InícioFilmesCríticasVozes e Vultos | Crítica: Nem terror, nem suspense, apenas um filme...

Vozes e Vultos | Crítica: Nem terror, nem suspense, apenas um filme fraco que não sabe o que quer ser

Pelo trailer, e pelos nomes envolvidos, Vozes e Vultos (Things Heard & Seen, 2021) tinha muito potencial. Apenas tinha. Com uma trama que se desenvolve de uma maneira extremamente confusa e que atira para diversos lados, o novo longa da Netflix é um daqueles que deixa a desejar.

Vozes e Vultos realmente é isso, um filme que parece que é como se tivéssemos várias vozes ao mesmo tempo a ditar os rumos da história e que entrega trama em zig-zig que fracamente se desenrola ao longo dessas duas horas. A dupla Shari Springer Berman e Robert Pulcini parece que nunca sabe bem qual será o foco do filme, e tentam desesperadamente fazer com que Vozes e Vultos seja um suspense daqueles dos bons, mas que no final, faz uma grande salada mista de diversos gêneros e que acaba por não entregar nada de interessante ou bacana.

Vozes e Vultos
Vozes e Vultos – Crítica
Foto: Anna Kooris/NETFLIX © 2020

Assim, logo de cara dizemos que Vozes e Vultos deve deixar o espectador com o sentimento de “Agora vai”, na esperança que trama vá para um determinado caminho, onde passa a sensação que “Ah, vou aproveitar e curtir esse filme aqui”, até que a história muda sua trajetória de uma forma tão confusa que você fica: “por quê?“.

Vozes e Vultos não sabe se é terror (temos entidades rondando uma casa em uma cidadezinha), um terror psicológico (quando vemos nossa protagonista lidar com suas próprias inseguranças e outras coisas que deixam a dúvida se estão apenas em sua cabeça ou não), ou um suspense com uma trama de assassinatos e outras matanças reais. A dupla Bernan e Pulcini, que além de escreverem o roteiro adaptado da obra de Elizabeth Brundage chamada All Things Cease to Appear (2016), comandam o projeto, e eles acabam por colocar tudo isso dentro desse pacote e chacoalham bastante, onde o espectador deverá sair atordoado como se tivesse ido em um daqueles brinquedos de parque de diversão que rodopiam e fazem você passar mal.

E ao mesmo tempo Vozes e Vultos, parece também que nunca quer se comprometer com nada, tudo é contado de maneira sutil e sugestiva, as cenas mais importantes nunca são realmente mostradas, desde do começo impactante com o personagem e o sangue no carro, até o desenrolar da história antes disso. Algumas partes e acontecimentos ficam apenas na sugestão, no diálogo entre dois personagens, e não servem para realmente dar o norte firme que a produção precisava.

Em Vozes e Vultos, estamos nos anos 80 e conhecemos o casal Catherine (Amanda Seyfried, logo após ter sido indicada ao Oscar) e George (James Norton, o novo ator do momento em Hollywood para interpretar homens brancos com comportamentos tóxicos) que se mudam de Nova York para o interior dos EUA para recomeçarem com um casal, depois que George assume o cargo de professor de artes em uma faculdade de prestígio. Ela deixa o trabalho com restauradora para acompanhar o marido nessa nova empreitada e ele tem como missão promover o sustendo da família agora sem a ajuda dos pais, e o que parecia uma nova etapa para a dupla e para a filha pequena deles, a jovem Franny (Ana Sophia Heger), ao longo do filme acaba não ser a melhor decisão do casal.

Vozes e Vultos – Crítica
Foto: Netflix

Como falamos Vozes e Vultos fica no sugestivo para mostrar as decisões que esses personagens tomam ao longo do caminho, e coloca uma trama de casa amaldiçoada no meio que não ajuda em nada o desenrolar da história que é contada aqui. Na medida que o casamento de Catherine e George começa a mostrar sinais de desgastes, a relação deles com os outros moradores do lugar começa a mostrar suas verdadeiras caras. Seja na aproximação de George com o chefe, o professor Floyd (F. Murray Abraham) que acredita nas filosofias de um livro sobre se comunicar com o reino espiritual, a colega de faculdade Justine (Rhea Seehorn) que acaba por desenvolver um laço com Catherine, ou até mesmo os jovens Wills (Nathalia Dyer) e Eddie (Alex Neustaedter) que despertam uma certa curiosidade “proibida” nos novos moradores daquela comunidade.

Ao não saber lidar com o que quer ser e o tipo de filme que se apresenta Vozes e Vultos acaba por deixar algumas reviravoltas em sua história e alguns mistérios apresentados ao longo do filme para os últimos minutos, seja o motivo na qual a casa cheirava a gás, o que significava o anel encontrado na cozinha ou até mesmo o livro dos primeiros proprietários do imóvel, ou a verdadeira história por trás dos quadros sobre o mar e etc, e que no final, nem são tão bons assim para fazerem o longa valer a pena.

Com um tom de empoderamento feminino até que interessante quando Catherine finalmente sai da teia de mentiras do marido e seu comportamento abusivo, o longa acaba que perde em aparições fantasmagóricas sem sentido, e faz com que Vozes e Vultos entregue o que chamamos do filme do quase, quase entrega uma boa história, quase empolga e quase sua trama entrega um filme que faça valer nosso tempo. No final, Vozes e Vultos faz apenas um chiado muito baixo e incômodo, num filme que parece que nunca encontra propriamente sua voz para contar essa história de uma forma apropriada. Uma pena.  

Avaliação: 1.5 de 5.

Vozes e Vultos disponível na Netflix.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

Artigos Relacionados

1 COMENTÁRIO

Comentários estão fechados.

Try Apple TV

Newsletter

Assine nossa Newsletter e receba todas as principais notícias e informações em seu email.

Mais Lidas

Últimas