O ano de 2023 começou com muitas coisas importantes por acontecer, ao mesmo tempo, na Disney, sem dúvidas. Bem mais do que ser o ano que a gigante do entretenimento comemora 100 anos, é a volta do executivo Robert Iger ao comando da empresa depois de ter passado o bastão para outro Robert, o Chapek lá em fevereiro de 2020, num momento que o mundo estava para ser assolado pela pandemia do COVID-19.
A Disney tinha saído de um ano invejável para os concorrentes, onde a bilheteria global fez o estúdio de cinema ter arrecado em 2019, os impressionantes recordes de US$ 11 bilhão em todo mundo e a empresa tinha uma nova, e empolgante, plataforma de streaming lançada (Novembro daquele ano) para definitivamente entrar na guerra de streamings dominada pela Netflix que vinha sido tratada como a galinha dos ovos (vermelhos) de ouro em Wall Street pela quantidade monumental de dinheiro que fazia com streaming.
Mas, para fazer dinheiro, precisa gastar dinheiro, certo? E entre o Projeto PopCorn na rival antigamente chamada de WarnerMedia, e Netflix faturando rios de dinheiro, a ideia desse novo serviço de streaming reluzia para a empresa assim como o sapatinho de cristal de Cinderela iluminou a cara do Duque quando coube no pé da jovem criada na animação clássica do estúdio lá nos anos 50.
Mas também esse sapatinho se quebrou várias vezes dentro da gestão de Chapek, onde a Disney precisava gastar uma quantidade enorme de dinheiro para manter essa nova plataforma, na medida que a sua fonte principal de receitas estava operando em pouca capacidade. Os parques estavam fechados por conta da pandemia, e o lançamento dos filmes pausado por conta do fechamento dos cinemas. E nem vamos falar da desastrosa ideia do Premier Access dentro do Disney+ que se provou que existem, sim, más ideias e falem mal, mas falem de mim, pode não ser uma boa coisa para se ter.
Fora a polêmica da empresa em relação à Lei Don’t Say Gay na Flórida, o atrito com a atriz Scarlet Johnson por conta do lançamento simultâneo de Viuva Negra na plataforma, (que serviu para meio que matar o polêmico Premier Access) e a restruturação dentro da própria Disney para adequar a estrutura corporativa, não só após uma fusão com a antiga 20th Century FOX, mas também para a mudança que o Disney+ trouxe para o negócio, num mundo cada vez mais digital e “streamingzado.”
Mas pelo visto, e como tudo que faz Hollywood rodar, o dinheiro, ou a falta de dinheiro, fez a situação da empresa ganhar novos rumos, e algumas reviravoltas aqui e ali, no maior estilo da série da concorrente Succession, onde no final do ano passado, em uma parada noite de domingo, a Disney anunciou que Robert Iger voltaria ao posto de CEO, e ficaria na liderança da empresa, por mais 2 dois anos, substituindo o cara que ele mesmo escolheu para assumir o império do Mickey Mouse alguns anos antes.
E isso, todo esse contexto, nos leva para o que queremos discutir… de como os filmes, principalmente os grandes blockbusters, deverão ser lançados pela empresa nos próximos meses, depois que passarem pela janela de ser lançados exclusivamente nos cinemas. O primeiro deles foi com Avatar: O Caminho da Água que ficou basicamente por 3 meses no topo dos filmes mais vistos em todo mundo e arrecadou mais de US$ 2,2 bilhões em todo mundo.
E, a decisão, meio que pegou o mercado de surpresa, de em vez de mandar o filme diretamente para o Disney+ (mais sobre isso abaixo), foi que a Disney optou de voltar a fazer o caminho tradicional de um lançamento nas plataformas digitais para aluguel e compra depois que o filme terminasse sua jornada nos cinemas.
Isso aconteceu, nos EUA em Março, no dia 28, quando o longa chegou nos principais canais digitais americanos como iTunes, Loja Prime Video, e os que não existem por aqui como Vudu e etc. No Brasil, o longa chegou agora, um pouco mais de 3 semanas depois do lançamento nos EUA, apenas para compra digital.
E não será só Avatar: O Caminho da Água que será lançado nas plataformas digitais antes de chegar no streaming… outros filmes também vão seguir esse caminho.
No começo de Abril, a empresa anunciou que Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania também seguirá o mesmo formato: chega nos EUA em 18 de abril no formato digital. Mas claro que se formos pensar, é a melhor opção para o longa, afinal, tem mais dinheiro aí para se arrecadar, afina,l Homem-Formiga 3 nem chegou em US$ 500 milhões em todo mundo, um valor bemmmm menor que o de Avatar 2.
E diferente de Avatar: O Caminho da Água, o terceiro longa do personagem da Marvel Studios terá um lançamento no velho e bom DVD e Blu-ray (a mídia física que a Disney parou de trabalhar quando apostou no streaming) em Maio, no dia 16.
Mas o que ambos os filmes tem em comum é que ainda não tem data para chegarem no Disney+.
E isso também nos leva a pergunta: Será que Avatar: O Caminho da Água vai chegar no Disney+ mesmo? Por que é um filme da 20th Century Studios, e a antiga 20th Century FOX, tinha um acordo para que os filmes do estúdio quando tivessem um lançamento no streaming, seria na plataforma da Warner Media, a HBO Max. Pelo menos nos EUA.
Por exemplo, os últimos lançamentos do estúdio como o indicado ao Oscar, Os Banshees de Inisherin, O Império da Luz e O Menu estão disponíveis na HBO Max. Nos EUA pelo menos. Será que Avatar: O Caminho da Água não foi realmente adiado para a Disney não ter que divulgar o lançamento do filme no streaming da rival, nos EUA, pelo menos?
No Brasil, os filmes estão disponíveis no Star+, o serviço de streaming da própria Disney. O Império da Luz, inclusive chega nos próximos dias na plataforma depois de ter pulado o lançamento nos cinemas por aqui. E, isso nos leva para outra questão, Avatar (2009) está no Disney+ no Brasil Será que a sequência estaria no Star+ e deixaria o espectador ainda mais confuso com essa divisão Star+ e Disney+ no Brasil? Ou será que já que os direitos do filme estão com a Disney Brasil mesmo, por ventura, essa sequência entraria no catálogo do Disney+ por conta de ser Avatar e estar dentro da linha “família”que é o foco da plataforma da empresa?
É esperar para vermos os anúncios da plataforma sobre onde nesse quebra-cabeça corporativo esses filmes vão se encaixar.
A Warner Bros. Discovery (depois de ver que mandar todos seus filmes de 2021 para a HBO Max não ajudou em nada a aumentar a base de assinantes) e a própria Universal Pictures (que tem feito isso desde da polêmica decisão com Trolls 2 lá no início da pandemia) são outras empresas que fazem o mesmo caminho de lançamento pós cinemas.
Muitas questões de mercado, e muito mais complexo, do que apenas jogar em poucas palavras, ou em poucos caracteres no Twitter. No final, Iger está no processo de arrumar a casa, e com o retorno dos lançamentos no formato digital, a possibilidade garantir mais alguns trocados de um filme que arrecadou 2 bilhões faz parte de uma estratégia interessante e que mostra que parece que o streaming não chegou efetivamente para ficar totalmente em Hollywood.