sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo | Crítica: Michelle Yeoh em deslumbrante filme sobre vários universos conectados

Sem dúvidas nenhuma Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All At Once, 2022) faz o ápice do tema que seduziu Hollywood nos últimos meses: viagens entre multiversos. E com isso, o longa coroa Michelle Yeoh como uma das atrizes mais talentosas que temos no entretenimento atualmente.

Em todo lugar que aparece no filme, em toda cena, e às vezes, ela faz tudo isso ao mesmo tempo, Yeoh cativa, deslumbra e acolhe o espectador nessa história sobre família e relações familiares tão bem construída narrativamente falando e tão visualmente convidativa, onde tudo está no seu lugar para criar sim, e definitivamente ser, um dos melhores longas da safra 2022. 

Desde das animações recentes da Disney como Raya e O Último Dragão e Red – Crescer É Uma Fera, até mesmo para as séries teen Eu Nunca, e a mais recente Ms. Marvel, o foco na cultura asiática é pano de fundo para contar poderosas histórias sobre famílias e os conflitos entre pais, filhos, mães e filhas. E se Hollywood um tempo atrás circulou pela figura da mãe propriamente dita, agora, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, os Daniels, mostram o poder da relação entre mãe e filha que chega no seu ápice aqui com Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo, onde a relação entre as nossas duas protagonistas é esmiuçada e mostrada em diferentes realidades e com uma viagem narrativa deliciosa de se acompanhar. 

Tudo em Todo O Lugar
Stephanie Hsu, Michelle Yeoh e Ke Huy Quan em cena de Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo
Foto: Diamond Films/A24


O poder do tudo, o poder do nada se chocam colossalmente em Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo na medida que conhecemos a pacata vida de uma dona de uma lavanderia chamada Evelyn Wang (Yeoh no melhor papel de sua carreira), uma imigrante que precisa conciliar tudo, sua vida, seus sonhos deixados para trás, seu trabalho, seus clientes, o marido Raymond (Ke Huy Quan) que o relacionamento não vai bem e um pedido de divórcio circula por aí, a filha Joy (Stephanie Hsu, tão boa aqui) que o relacionamento também não vai bem que chega com uma namorada para um jantar em família, e claro, ela também precisa cuidar do pai idoso Gong Gong (James Hong) que vem para os EUA depois que a filha deixou a família para tentar uma nova vida no país.

Tudo que de ruim acontece com Evelyn, em todo lugar, e  parece que ao mesmo tempo. As coisas se complicam quando a família precisa ir até o departamento da receita federal e dar explicações para o governo sobre as contas do empreendimento que eles tocam. 

Assim, depois de o texto pesar a mão para mostrar o quão ruim é a vida de Evelyn, o longa nos agraceia com a presença da rabugenta agente fiscal Deirdre (Jamie Lee Curtis, em uma versão em live-action de Roz de Monstros S.A.) e a nossa trama avança com a ideia que uma outra versão de Raymond surge e começa a explicar para Evelyn que ela, a tão comum Evelyn, pode ser a única esperança de salvar todos os universos de uma grande ameaça.

O tom mais lento, a divisão dos capítulos, de Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo para construir todas as narrativas que levam para a maluca e caótica jornada da nossa protagonista pelo multiverso, esse sim da loucura, e não um monte de fan service salpicado por aí, faz muito bem para a trama.

Tudo em Todo O Lugar
Jamie Lee Curtis em cena de Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo
Foto: Diamond Films/A24

Os roteiristas, os Daniels que também cuidam dessa parte, constroem a narrativa para dar tempo para o público dirigir algumas informações, ao mesmo tempo que os visuais chamativos e caleidoscópicos fazem a função de nos desviar de algumas questões fundamentais e narrativamente estruturais que são moldadas aos poucos pelo filme e que só são resolvidas no longa lá na frente. 

Ao embarcar Evelyn por diversas outras realidades, Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo dá a chance de Yeoh se camalear por diferentes papéis. A única constante aqui é o trabalho fenomenal que a atriz faz em todos eles. Seja quando é uma atriz de sucesso em uma pré-estreia cheia de glamour, ou uma dona de casa com dedos de salsicha, ou até mesmo bem, uma pedra, sim uma pedra. Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo te fará olhar para pedras de uma outra forma. E para bagels. E para diversas outras coisas, te garanto.

E o mesmo vale para Quand e Tsu. Com personagens tão opacos e sem carisma na realidade principal, os dois afloram em outras sus versões, seja o Raymond Alfa que assume o controle da missão em tentar salvar o universo ao lado de Everlyn, ou até mesmo Tsu que brinca, ao lado de figurinos espalhafatosos, com suas outras personas, em um trabalho facial e corporal incrível.

Assim, os dois conseguem se destacar ao lado de Yeoh em basicamente todos os universos, enquanto eles veem as diversas possibilidades que suas vidas poderiam ser, enquanto lutam com a grande ameaça (uma muito perto deles) que começa a matar as Evelyns de todas as outras realidades. Aqui, sem spoilers, afinal, o longa se apoia em questões tão interessantes que é melhor deixar para o espectador, ver, sentir e processar todas elas, ele mesmo, e todo tempo na medida que o filme se desenrola.

Lutas das mais surreais possíveis, com dedos de borracha e carimbos com formatos duvidosos, e cenas de artes marciais das mais bem coreografadas, Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo entrega uma uma aventura esquisita, sensível e divertida em um filme para se ver sem saber quase nada para ter essa experiência, e la ser a mais gratificante possível.

Na medida que o filme faz um paralelo interessante sobre os problemas financeiros de Everlyn em arrumar sua própria vida Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo nos mostra que a pressão do tudo, e do viver o tudo, pode nos afetar seriamente mas que algumas coisas são mais importantes e que devemos viver esses momentos bons e ruins ao mesmo tempo e no final sentir tudo isso. No final, ​​dos visuais chamativos até a forma como a história é contada deixam Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo com um charme único e muito superior do que temos visto em Hollywood nos últimos tempos. 

Avaliação: 4.5 de 5.


Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo disponível nos cinemas nacionais pela Diamond Filmes.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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