sábado, 21 dezembro, 2024
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The Forty-Year-Old Version | Crítica: Uma autêntica e inquietante jornada

Apenas uau. uau. The Forty-Year-Old Version (2020) apenas faz um dos meus filmes preferidos do ano, muito bem obrigado. E acho que é por todo o pacote que o longa escrito, dirigido e atuado Radha Blank entrega.

Pois aqui, fica claro que ninguém é melhor para contar e transportar para a tela sua visão de mundo do que a própria pessoa que estamos falando, não é mesmo? E em The Forty-Year-Old Version, Blank faz um isso, uma autêntica, expressiva, e honesta história de encontrar sua voz…mesmo que aos 40 anos, ou quase isso.

The Forty-Year-Old Version | Crítica
Foto: Netflix

E bem mais do que ser uma história de amadurecimento, ou uma crise de idade, The Forty-Year-Old Version faz uma crítica incrível sobre toda a indústria do entretenimento e que realmente mostra que às vezes algumas batalhas não nossas, nós apenas temos que aceitar o local de fala do outro, e deixar aqueles com propriedade levantarem certas bandeiras e defenderem as coisas, e que no final. cabe a nós apenas só ajudar, e não tomar o lugar de protagonismo mais uma vez.

The Forty-Year-Old entrega um provocativo e sarcástico olhar sobre todo o processo de mudança que temos visto nos últimos anos para a inclusão de mais representatividade em tela, nos filmes, nas séries, mas que às vezes podemos pode soar como “ativismo de telão”, onde podemos trocar as bolas e realmente esquecer do que é importante.

O mais bacana é vermos Radha nessa versão ficcional dela mesmo, navegando entre as diversas máscaras que ela tem que assumir em sua vida: a de uma dramaturga em busca de vender seus roteiros para pagar as contas, a de uma professora de teatro para um grupo de alunos que vivem se metendo em sua vida pessoal, a de artista que precisa lidar com seu empresário e melhor amigo Archie (Peter Kim, hilário).

E no meio disso tudo, ela sofre uma epifania que reúne diversas coisas acontecendo em sua vida, e Radha se pergunta, e por que não ser uma rapper? Assim, ela parte em busca de ouvir as inquietantes vozes que não param de crescer dentro dela e dizem para irem atrás disso. como ela não tem conseguido muito trabalho no teatro, e com quase 40 anos, e no desespero de tentar conseguir fazer acontecer no cenário do entretenimento de Nova York, ela busca uma parceria com um produtor musical D (Oswin Benjamin) e começa a soltar a voz com rap e hip-hop sobre questões do seu cotidiano como uma mulher, negra, e quase chegando nos 40 anos.

E The Forty-Year-Old Version reune todas as facetas de Radha que se mesclam, onde cada uma tenta delas se sobrepor em cima da outra, e criam essa personalidade complexa, bem construída, e que você fica querendo saber mais e mais.  E tudo é feito com um olhar divertido, debochado e que aponta o dedo na ferida para as questões que Radha vive, e tudo que a cerca, seja na criação da peça que foge completamente da visão que Radha tinha de contar uma história sobre o bairro de Harlem pelos olhos de quem mora nela, e quem sente todas as dificuldades do processo de gentrificação da região, mas que é forçada pelo produtor homem branco (Reed Birney, ótimo) em mudar suas visões para apelar para o mainstream (diga-se para a elite branca e “formadora de opinião de Manhattan), ganhar patrocínio e ir finalmente para a Broadway, ou ainda na sala de aula com os alunos, ou ainda quando começa a soltar a voz e precisa escolher entre isso ou sua peça.

The Forty-Year-Old Version | Crítica
Foto: Netflix

The Forty-Year-Old Version mostra os altos e baixos de Radha que realmente querer fazer o seu melhor trabalho sem perder sua essência e não se vender como Archie diz. Depois de passar por Sundance no começo do ano, numa época pré-pandemia, onde o mundo era outro, e conquistar o Festival, The Forty-Year-Old Version chega na Netflix e merecia todo o stream que você poderá dar para o filme. No final, Radha Blank faz um incrível filme e que ainda entrega uma sofisticação ainda maior ao ser entregue em preto e branco, e gravado em 35mm. The Forty-Year-Old Version, é um que não pode deixar de ser visto.

Avaliação: 4 de 5.

The Forty-Year-Old Version disponível na Netflix.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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