quinta-feira, 21 novembro, 2024
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The Boys – 4ª temporada | Primeiras impressões: Um retorno pra lá de… diabólico

The Boys está de volta com o humor afiado e as cenas chocantes, onde o início do quarto ano faz um retorno pra lá de ... diabólico. Nossas primeiras impressões.

O mais interessante de The Boys sempre foi o comentário social e político que a série trazia envelopado com essa trama de super-heróis. Algumas vezes um pouco mais sutil, mas em boa parte das vezes mais escancarado e ácido, o time de roteiristas sempre usava o humor e uma artilharia pesada de piadas e referências para tecer uma análise impecável e paralelos com o mundo real e o que rolava lá nos EUA (e em boa parte do mundo).

Anthony Starr e Cameron Crovetti em cena de The Boys. Credit: Jasper Savage/Prime Video/ © Amazon Content Services LLC

E o quarto ano da série não foge a regra em entregar, pelo menos nessa leva de episódios iniciais, isso. Ainda mais por ser um ano eleitoral lá no país do Tio Sam, com a ameaça que paira no ar de uma figura com um cabelo loiro armado, muita maquiagem e uma presença de palco chamativa. E não estamos falando do Capitão Pátria hein? Assim, o retorno de novos episódios de The Boys, depois de quase dois anos fora do ar por conta dos resquícios da pandemia que afetou os cronogramas de gravações, a introdução da série derivada Gen V, e também da greve dos atores e roteiristas, é marcado por seguir a fórmula de antes: porradaria, palavrões, cenas visualmente chocantes, alguns cameos, e claro uma dose de violência aqui e ali. 

Afinal, o quarto ano de The Boys já começa ao mostrar que a super disfarçada de política, a VP Victoria Neuman (Claudia Dumont, excelente) está um passo de se tornar Presidente dos EUA, com a confirmação da vitória nas eleições da chapa Neuman e Singer (Jim Beaver) curiosamente marcada para o dia 6 de janeiro (o novo ano se passa perto do Natal), e Capitão Pátria (Anthony Starr, no seu melhor ano até agora) que depois de ter assumido o controle da Vaught Internacional, viu que por mais atrocidades e barbaridades que faça, ainda tem o apoio popular, governa os outros super-heróis a mão de ferro e sob a mira do seu olhar de laser.

E com Billy Bruto (Karl Urban) mais interessado em salvar o jovem (e mala) Ryan (Cameron Crovetti) das garras do pai, e ainda tendo que lidar com as consequências de ter tomado o composto V lá na temporada passada, o time dos The Boys continua a bolar seus planos para expôr os supers e a Vaught.

Mas, como vemos no quarto ano, todos os lados têm recrutado aliados nessa guerra. Do personagem misterioso que Jeffrey Dean Morgan interpreta (depois de ter trabalho com o showrunner Eric Kripke em Supernatural) e que será um aliado para os The Boys em algum momento, até mesmo para novas supers que dão as caras nessa nova safra: a Irmã Sábia (Susan Heyward), a pessoa mais inteligente do mundo, para a ultradireitista e “Youtuber” Espoleta (Valorie Curry), o novo ano constrói as relações desses grupo opostos que se posicionam nesse jogo de xadrez brutal e sangrento que tem se mapeado nesse começo. 

Assim, o novo ano já começa, com o roteiro afiado e com as críticas mais ferrenhas para tudo que tem rolado no mundo real. E fica claro, que nenhum dos lados quer efetivamente colocar a cara a tapa, e apelar para total destruição, mas nada impede que pequenas ações sejam feitas e que movimentam a nova leva. É isso que guia os episódios iniciais do quarto ano de The Boys que retorna no mesmo modus operandis de quer chocar, entregar cenas completamente gráficas (temos aqui um super que se divide em vários e claro fica pelado boa parte do tempo, por exemplo) e enfiar o dedo na ferida sem muita preocupação.

Karl Urban, Tomer Capone e Laz Alonso em cena de The Boys.  Credit: Jan Thijs/Prime Video/© Amazon Content Services LLC

E com a polarização da população entre LuzEstrelistas, os chamados apoiadores de Luz-Estrela, que agora quer ser conhecida como Anne January (Erin Moriarty), e os seguidores do Capitão Pátria, a história do novo navega pelos dois lados desse espectro político e mostra como esses dois grupos estão lidando com o acaloramento das discussões. Principalmente nas cenas que envolvem o julgamento que Capitão Pátria sofre e ainda faz paralelos impressionantes com os eventos que acontecem na política americana como o julgamento de um certo ex-Presidente americano algumas semanas atrás.

Assim, o maior trunfo de The Boys, nem são as cenas chocantes, as piadas adultas, ou as boas atuações de Starr, Urban, e etc, e sim em continuar extremamente atual ao escancarar a doideira que muitos dos radicais falam e agem. Se incomoda e choca porque tem motivos das pessoas se verem refletidas nesses personagens. O novo ano já começa com sangue nos olhos e a trama parte para correr com as pontas soltas deixadas no final da temporada anterior para seguir com a trama apresentada aqui na nova leva. E além da trama principal, The Boys ainda trama com tramas paralelas seja para Hughie (Jack Quaid) com o retorno de Simon Pegg como o pai do personagem e a introdução da mãe dele interpretada pela ótima Rosemarie DeWitt, quanto também para Frenchie (Tomer Capone) e Kimiko (Karen Fukuhara), onde os dois deixam de ser uma entidade só e ganham novos arcos narrativos que envolvem descobrimos mais de seus passos.

A figura do Frenchie principalmente ganha novas camadas, e um novo personagem para atuar junto interpretado por Elliot Knight (que os fãs de Once Upon A Time devem lembrar, ele interpretou o Mago Merlin) e o mesmo vale para Kimiko que parece que finalmente vamos saber mais da personagem depois de quase 3 temporadas sendo cozinhada pelos roteiristas.

E com Billy com seus planos paralelos também é a chance do Leitinho (Laz Alonso) assumir o protagonismo do time dos The Boys. O mesmo vale para a dupla dinâmica do Profundo (Chace Crawford) e Black Noir que ganham momentos mais alucinados e sangrentos na medida que continuam capachos de Capitão Pátria. O mesmo vale para A-Train (Jessie T. Usher) e a executiva Ashley (a ótima Colby Minifie e perfeita em poucas doses) que vivem na cola do super enquanto tentam manter seus trabalhos. 

Em resumo, o começo do novo ano de The Boys pode não ser tão explosivo e grandioso igual os outros, mas já arruma a casa para o que promete ser uma nova, e diabólica, nova temporada. E com o anúncio que o quinto ano será o último, as peças começam a se movimentar para caminharmos para o que pode ser o final mais doido que The Boys possa fazer. E isso de uma série que a cada episódio e temporada se supera em todos os quesitos criativos. 

Os três primeiros episódios da quarta temporada de The Boys estão disponíveis no Prime Video e a atração exibe novos episódios toda quinta-feira. Serão 8 no total.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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