Uma trama de mistério que se passa no Universo Star Wars? Desde de quando a premissa de The Acolyte foi revelada, tudo me parecia muito promissor naquele momento de pré-produção, onde, como de praxe nos outros projetos da LucasFilm, tínhamos poucas informações. O que sabíamos era que a atração vinha da mente de Leslye Headland, a showrunner que, anos antes, entregou uma das séries mais bacanas no streaming nos últimos anos, o Boneca Russa.
E talvez, esse seja o fator principal, o acerto mais marcante dessa nova atração Star Wars e que faça The Acolyte se destacar: os primeiros episódios sabem contar uma boa história e depois se preocupam em inserir o espectador no mundinho Star Wars. Ao colocar um personagem misterioso (nem tão misterioso assim, afinal, já descobrimos quem é logo no começo) que caça e quer matar Jedi, é quase como dar para a franquia um murder mystery para chamar de seu. E é bem isso que a The Acolyte entrega. E ao mesmo tempo, não seria Star Wars se não tivéssemos também reviravoltas adoidadas, casos de família com parente brigando e tudo mais.
The Acolyte então mistura tudo que faz Star Wars ser e coloca cavaleiros Jedi em busca desse caso lá nos confins da galáxia e em uma parte da franquia bem específica de Star Wars. A trama se passa 100 anos antes dos eventos de Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999) e estamos no período conhecido como Alta República, onde os Jedi e o Conselho Jedi reinam supremos. E assim, o seriado meio que continua a mostrar tudo aquilo que gostaríamos de ter conhecido mais nos filmes prequel, que era como o Conselho Jedi funcionava, e claro, mais Jedi além dos que conhecemos nos filmes tanto da trilogia base aqui quanto na clássica e original.
E aqui The Acolyte já começa a nos apresentar para esses personagens e logo de cara para uma figura encapuzada (Amandla Stenberg) que está em busca de um Jedi (Carrie-Anne Moss) em um bar. E é assim que a nova série Star Wars começa. Em um bar, com o uso da força, sabres de luz e bastante diálogos cheio de duplas intenções.
Ao mesmo tempo que Leslye Headland se preocupa em introduzir aos poucos as peças que vão formar esse quebra-cabeça, a showrunner também se preocupa em entregar boas cenas de luta e claro usar esse elenco escolhido da melhor forma possível. De Stenberg que realmente dá o tom para os primeiros episódios e realmente está muito bem aqui, para o carismático vencedor do Emmy Lee Jung-jae, como o Mestre Jedi Sol, até mesmo para a jovem Padawan Jecki Lon (Dafne Keen) e para Yord Fandar (Charlie Barnett que trabalhou com Headland em Boneca Russa).
O grupo então parte em missão para os diversos planetas no confins da galáxia para ir atrás dessa ameaça que a princípio tem conexões com todos eles. Assim, nesses primeiros episódios, o roteiro da atração nós dá pistas para o que realmente está por acontecer nesse período de paz mas que vê uma crescente onda de nervosismo invadir todos os níveis dos Jedi. A atração circula de volta, o conceito já estabelecido em Star Wars de equilíbrio e aqui parece mais uma vez querer trabalhar com a questão dos destinos e do que faz os personagens serem bons e serem maus.
O elenco, extremamente competetente, aqui consegue trabalhar nas nuances que a trama cria e no jogos de mistérios, e quem está falando a verdade ou não que a história exige desses personagens e também para prender a atenção do espectador nessa nova aventura que deixa o clã Skywalker, os Jedi conhecidos, e até mesmo a figura do Mandaloriano que começou essa saga no streaming para focar nesses personagens que realmente se mostram figuras interessantissimas de vermos.
Nesse começo, Headland apresenta as peças de grande jogo de xadrez Star Wars e conduz cada um delas de acordo com o que é o melhor para contar essa história. E realmente antes de ser uma história Star Wars, The Acolyte é uma boa história, e nesse começo isso total diferença.
Os dois primeiros episódios de The Acolyte chegam em 4 de junho no Disney+. Toda terça às 22h.
