Independente de qual fé religiosa o espectador pregue, talvez, o maior mérito de Superação – Milagre da Fé (Breakthrough, 2019) seja entregar um filme tocante e que acaba por mexer com uma chavinha chamada empatia.
A atriz Chrissy Metz, conhecida por seu papel na série This Is Us, é o grande nome aqui do filme, onde ela se destaca dos demais, e ajuda a diretora Roxann Dawson a entregar uma história baseada em acontecimentos reais que é impossível não sair emocionado da sessão.
Superação – Milagre da Fé acaba por ser um típico filme moldado para tudo dar certo, com um roteiro daqueles bem genérico, mas que mostra a superação de adversidades e obstáculos dos personagens com um toque focado na fé cristã da protagonista de Metz.
A produção, até conta com um elenco, com figuras conhecidas da TV, que segura as pontas e se garante em alguns momentos, mas um dos pontos que mais pegam aqui no drama, é que o filme, gasta um tempo precioso para ambientar o espectador na rotina da família Smith.
Aqui, no filme, as coisas não são entregues logo de cara e demoram um pouco para fazer sentir e para pintar um quadro geral da história, dos dramas que os personagens vivem e que parecem estar escondidos por baixo da superfície festiva da igreja que o grupo frequenta e que o filme não se preocupa muito em explicar.
Superação – Milagre da Fé assim, parece jogar toda a razão, a lógica, e as experiências de anos de prática de medicina no ralo, quando vemos Joyce (Metz) lutar pela vida de seu filho John (Marcel Ruiz) que está internato em coma. Talvez, seja a síndrome de mamãe urso que deixa a personagem cega, mas, pelo lado positivo, em nenhum momento, o roteiro do filme pinta a dona de casa como uma pessoa sem instrução, apenas, mostra que no momento onde Joyce não tinha mais onde se apoiar, nem nos médicos, nem no marido e nem em sua comunidade, ela se vê agarrada na esperança da melhora divina de seu filho.
Claro, Superação – Milagre da Fé também não se preocupa muito em explicar cientificamente, os detalhes sobre o tratamento de John e as complicações que o garoto enfrentou, afinal, não estamos em uma série médica né? A produção, também, fica um passo de tentar evangelizar o espectador com “a fé de Joyce que salvou o garoto”, mas isso não acontece e a produção tem poucos momentos que salvam, principalmente, nas partes que o longa abusa do talento de Metz para garantir monólogos tristes, mas poderosos.
Em termos de roteiro e desenvolvimento de personagens, Superação – Milagre da Fé deixa a desejar claro, tem saídas fáceis demais para resolver algumas situações, das mais impossíveis medicamente falando, até das relações entre os personagens. Mas, pelo lado positivo, o filme consegue tocar lá no fundo dos corações mais frios, afinal, fica difícil não se conectar com a dor da mãe no leito de seu filho.
No final, Superação – Milagre da Fé parece conversar com um público mais religioso sim, mas que deve agradar até mesmo os mais céticos. Sem dúvidas nenhuma, é preciso chegar para ver o filme, com a cabeça que a medicina tem um papel muito fundamental na cura de doenças, de um simples resfriado até os casos raros, mas também, tentar compreender que a empatia com o próximo, o senso de ajuda com outro, e tudo mais, deveria ser uma linguagem universal, seja qual força religiosa cada um de nós segue e prega.
Superação: O Milagre da Fé chega em 11 de abril nos cinemas.