Depois do filme de 2002, e da série de TV na Netflix, a Dreamworks chega com Spirit – O Indomável (Spirit Untamed, 2021), uma nova animação da franquia que promete agradar os pequenos com personagens extremamente carismáticos, uma história divertida, e que serve para passar uma mensagem bacana sobre a importância da amizade e de confiar uns nos outros.
Em uma nova interação do cavalo Spirit, aqui conhecemos a jovem Lucky Prescott (voz de Isabella Merced no original) que vai passar um tempo com pai Jim (voz de Jake Gyllenhaal no original) e a tia Cora (voz de Julianne Moore no original) na fazenda onde eles moraram quando a mãe dela Milagro (voz de Eiza González) era viva. Lucky nunca teve uma boa relação com o pai, afinal, quando bebê foi morar com o avô na cidade e em um grande casarão. E já no começo do filme, Lucky se vê numa nova cidade, a pequena Miradero, onde tudo é novo, com um pai que ela não via há anos, e cercada de gente que conhecia mais sobre sua mãe do que ela.
A busca por encontrar seu lugar no mundo, e se conectar com a cultura latina que não fez parte de sua infância, faz de Lucky uma protagonista destemida mesmo que para uma garotinha que nem 15 anos tem. O mais bacana aqui é que Spirit – O Indomável passa esse sentimento de ser uma história de amadurecimento super interessante e que deve agradar a criançada. Já para os adultos, bem aí o papo é outro.
O roteiro de Spirit – O Indomável escrito por Aury Wallington, não é dos mais rebuscados, as situações e eventos acontecem, e para quem já é um pouco maiorzinho, fica claro como que a trama vai se encaminhar, quem são os vilões, e tudo mais… mas isso não faz com que a jornada de Lucky e suas novas amigas Pru (voz de Marsai Martin no original) e de Abgail (voz de Mckenna Grace no original) seja divertida e sem medo de entregar uma aventura agradável se se assistir, tanto visualmente, quanto em ritmo.
Em termos estéticos, particularmente o traço mais voltado para o 3D não me agrada, mesmo que em muitas das cenas os personagens tem uma certa soltura para se movimentar, o que dá um ar de leveza tanto para eles, quanto para o filme. As paisagens, e as cores fortes e vibrantes, compensam nesse quesito para mim, e algumas das escolhas que a dupla de diretores Elaine Bogan e Ennio Torresan, Jr. tomam ao longo do filme e como esses personagens se apresentam em tela são muito bem vindos.
E em relação ao ritmo, Spirit – O Indomável passa voando como se estivéssemos montados no cavalo a galopar pelas locações que o filme apresenta, igual quando Luck e o cavalo marrento e selvagem Spirit ficam amigos. São quase 1h30 de filme que eu nem vi o tempo passar, fui me deixando levar pelas peripécias de Lucky, seja na grande mansão do seu avô no começo do filme, no veloz trem rumo à fazenda, onde a garota cruza com o cavalo pela primeira vez, e também com os bandidos do filme, liderados pelo personagem do ator Walton Goggins, ou ainda com as amigas enquanto elas partem pelas perigosas montanhas em busca de ajudar os cavalos selvagens que são sequestrados para serem vendidos por aí.
Moore como a tia Cora também é responsável por boa parte dos momentos mais engraçados e divertidos do longa, assim como Gyllenhaal, que como Jim o pai distante da protagonista nos faz compreender boa parte da história de fundo da personagem ao mostrar ele no seu anseio de proteger a filha mesmo que o afaste de seu convívio. E é aqui que Spirit – O Indomável usa toda a aventura de Lucky (ou Fortuna se formos ver o nome em espanhol da personagem) para fazer a jovem entender e se aproximar do pai, de suas origens, e passa uma mensagem da forma que boa parte das animações passam: acredite em você. E faz isso da forma mais sutil possível.
No final, Spirit – O Indomável acaba por ser uma animação divertida antes de mais nada, e acho que isso é o que realmente importa. Assim, como sua protagonista, o longa faz uma espirituosa história para se assistir, rir, e por que não se emocionar?
Spirit – O indomável chega nos cinemas em 10 de junho.